Arábia Saudita pede que Disney retire cenas LGBTQ de novo filme da Marvel
Até o momento a Disney se negou a editar o filme "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", o qual uma personagem lésbica, America Chavez, fala sobre suas "duas mães"
AFP
Publicado em 25 de abril de 2022 às 15h39.
Última atualização em 25 de abril de 2022 às 15h47.
A Arábia Saudita pediu que a Disney elimine as "referências LGBTQ" do próximo filme de super-heróis da Marvel antes de sua estreia no país, explicou à AFP um responsável do governo nesta segunda-feira, 25.
Segundo Nawaf Alsabhan, supervisor responsável pela classificação etária dos filmes na Arábia Saudita, até o momento a Disney se negou a editar "cerca de 12 segundos" do filme Doutor Estranho no Multiverso da Loucura — cuja estreia está prevista para o início de maio — nos quais uma personagem lésbica, America Chavez, fala sobre suas "duas mães".
"É apenas ela falando de suas mães, porque tem duas, mas no Oriente Médio é muito difícil passar algo assim", disse Alsabhan.
"Enviamos a solicitação para a distribuidora e a distribuidora nos encaminhou para a Disney, mas a Disney não está disposta" a realizar as mudanças propostas, acrescentou Alsabhan, que negou as informações de que o filme seria proibido.
"Não foi proibido. Nunca será proibido. Não há motivos. É apenas uma simples edição (...) até agora se negaram mas não fechamos a porta, seguimos tentando", disse.
Questionado nesta segunda-feira sobre a polêmica, um funcionário da empresa de salas de cinema AMC Cinemas da Arábia Saudita disse que o filme havia sido "retirado" do catálogo de exibição.
Como parte do programa de reformas deste país ultraconservador, o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman levantou a proibição dos cinemas, em vigor há décadas, em 2017.
Desde então, a venda de ingressos de cinema explodiu no país, com um aumento de 95% em 2021 em relação ao ano anterior, segundo a revista Variety.
A homossexualidade na Arábia Saudita, um país cujo sistema Judiciário é regido por uma aplicação estrita da lei islâmica, pode chegar a ser punida com pena de morte.