Alexandria, berço dos poetas e musa dos escritores
A cidade perdeu seu protagonismo vivido na antiguidade, mas ainda conserva seu ar boêmio, fonte de inspiração para autores
Da Redação
Publicado em 31 de outubro de 2011 às 06h45.
Alexandria - Mediterrânea, cosmopolita e literária, a Alexandria do século 21 é uma cidade moderna que perdeu seu protagonismo vivido na antiguidade, mas ainda conserva seu ar boêmio, fonte de inspiração para poetas e escritores durante décadas.
O café Al Togariya - na Corniche, uma estrada que percorre ao longo da baía de Alexandria -, é um dos pontos de encontro para os escritores que atualmente, com seus cadernos e caneta, saboreiam chá preto e escrevem ao ritmo do repicar das peças de dominó das mesas próximas.
As cadeiras alinhadas na calçada, as grandes cristaleiras e o estilo 'art decó' do local lembram os cafés parisienses, porém, com as paredes amareladas. O chão sujo e os gatos passando por entre as pernas dos clientes também sugerem que Al Togariya já viveu tempos melhores.
'Alexandria se caracteriza por um aroma especial, misturando a autenticidade do Mediterrâneo com a profundidade histórica e cultural desta cidade', explicou à Agência Efe o poeta alexandrino Gaber Bassiuni, cujos poemas costumam a se inspirar na cidade e no mar.
Na moderna Biblioteca de Alexandria, que teve origem no século 3 a.C. durante o período helenístico e foi reinaugurada em 2002, o relações públicas, Sherif Riad, afirmou que 'o Mediterrâneo formou a personalidade alexandrina da antiguidade e dos dias de hoje'.
Segundo Riad, o mar é parte dos alexandrinos, já que a cidade sempre foi um porto. Este fato influenciou no caráter literário do local, que era ideal para romper com cansaço da viagem, além de servir de palco para os navegantes contarem suas histórias e lendas.
'Ao longo da história, a Alexandria recebeu gregos, romanos, franceses, ingleses, italianos e árabes, se destacando como um lugar aberto para novas culturas, mas sem se esquecer de sua identidade', afirma Bassiuni.
O poeta Constantinos Cavafis (1863-1933) é o representante mais célebre da comunidade grega em Alexandria e seus poemas, escritos no inicio do século 20, são reflexões de outro escritor, o britânico Lawrence Durrell (1912-1990), que descrevia 'a cidade por suas ruínas e pelo aspecto sujo'.
O apartamento onde viveu Cavafis se transformou em um lugar de peregrinação para os admiradores do autor do célebre poema 'Ítaca'. Os quartos, empoeirado e escuro, se ajustam à descrição que o poeta fazia.
'O quarto era barato e sórdido, oculto sobre uma duvidosa taberna. Da janela dava para ver a suja e estreita viela', escreveu Cavafis em um poema de forte carga erótica, que expressa a solidão que sentia em sua 'pobre e usada cama', onde saboreou 'os lábios voluptuosos e rosados da embriaguez'.
Em um ambiente muito menos íntimo e mais movimentado, o hotel Cecil, junto à praça principal da cidade, também é símbolo da Alexandria mais cosmopolita, e foi Durrell que se encarregou de ambientar ali sua obra mais célebre: 'O quarteto de Alexandria'.
'As pessoas sempre perguntam pelos escritores que se hospedaram aqui, sobretudo, por Agatha Christie, e pedem para ver os lugares que aparecem nos famosos romances de Durrell', explicou à Efe um dos empregados do hotel, Mohamed Mehawy.
Nos corredores do edifício, que durante a Segunda Guerra Mundial abrigou os escritórios dos serviços secretos britânicos, outro trabalhador, chamado Maharus, empurra seu carrinho de limpeza em direção aos luxuosos quartos do local.
'O Cecil teve épocas melhores e épocas piores, mas sua história sempre atraiu as pessoas', declarou Maharus, que lembra com orgulho seus 34 anos de serviço no hotel e das visitas de líderes, atores, cantores e até de seu ídolo, o boxeador Muhammad Ali.
Apesar de ceder seu protagonismo cultural e político a Cairo, capital do Egito, os habitantes de Alexandria seguem lembrando com orgulho do passado da cidade, garantindo que os moradores da cidade são diferentes do resto dos egípcios.
Bassiuni destacou que a cidade 'é um lugar único com vistas para três continentes e que durante toda sua história recebeu escritores e intelectuais'.
Artistas de todas as nacionalidades chegam a Alexandria nos dias de hoje para respirar seu ambiente, que Cavafis retratou em alguns de seus versos: 'Viajante, se for alexandrino, não há como criticar. Você conhece o ímpeto da nossa vida: que ardência, que voluptuosidade sobrenatural', escreveu o poeta.
Alexandria - Mediterrânea, cosmopolita e literária, a Alexandria do século 21 é uma cidade moderna que perdeu seu protagonismo vivido na antiguidade, mas ainda conserva seu ar boêmio, fonte de inspiração para poetas e escritores durante décadas.
O café Al Togariya - na Corniche, uma estrada que percorre ao longo da baía de Alexandria -, é um dos pontos de encontro para os escritores que atualmente, com seus cadernos e caneta, saboreiam chá preto e escrevem ao ritmo do repicar das peças de dominó das mesas próximas.
As cadeiras alinhadas na calçada, as grandes cristaleiras e o estilo 'art decó' do local lembram os cafés parisienses, porém, com as paredes amareladas. O chão sujo e os gatos passando por entre as pernas dos clientes também sugerem que Al Togariya já viveu tempos melhores.
'Alexandria se caracteriza por um aroma especial, misturando a autenticidade do Mediterrâneo com a profundidade histórica e cultural desta cidade', explicou à Agência Efe o poeta alexandrino Gaber Bassiuni, cujos poemas costumam a se inspirar na cidade e no mar.
Na moderna Biblioteca de Alexandria, que teve origem no século 3 a.C. durante o período helenístico e foi reinaugurada em 2002, o relações públicas, Sherif Riad, afirmou que 'o Mediterrâneo formou a personalidade alexandrina da antiguidade e dos dias de hoje'.
Segundo Riad, o mar é parte dos alexandrinos, já que a cidade sempre foi um porto. Este fato influenciou no caráter literário do local, que era ideal para romper com cansaço da viagem, além de servir de palco para os navegantes contarem suas histórias e lendas.
'Ao longo da história, a Alexandria recebeu gregos, romanos, franceses, ingleses, italianos e árabes, se destacando como um lugar aberto para novas culturas, mas sem se esquecer de sua identidade', afirma Bassiuni.
O poeta Constantinos Cavafis (1863-1933) é o representante mais célebre da comunidade grega em Alexandria e seus poemas, escritos no inicio do século 20, são reflexões de outro escritor, o britânico Lawrence Durrell (1912-1990), que descrevia 'a cidade por suas ruínas e pelo aspecto sujo'.
O apartamento onde viveu Cavafis se transformou em um lugar de peregrinação para os admiradores do autor do célebre poema 'Ítaca'. Os quartos, empoeirado e escuro, se ajustam à descrição que o poeta fazia.
'O quarto era barato e sórdido, oculto sobre uma duvidosa taberna. Da janela dava para ver a suja e estreita viela', escreveu Cavafis em um poema de forte carga erótica, que expressa a solidão que sentia em sua 'pobre e usada cama', onde saboreou 'os lábios voluptuosos e rosados da embriaguez'.
Em um ambiente muito menos íntimo e mais movimentado, o hotel Cecil, junto à praça principal da cidade, também é símbolo da Alexandria mais cosmopolita, e foi Durrell que se encarregou de ambientar ali sua obra mais célebre: 'O quarteto de Alexandria'.
'As pessoas sempre perguntam pelos escritores que se hospedaram aqui, sobretudo, por Agatha Christie, e pedem para ver os lugares que aparecem nos famosos romances de Durrell', explicou à Efe um dos empregados do hotel, Mohamed Mehawy.
Nos corredores do edifício, que durante a Segunda Guerra Mundial abrigou os escritórios dos serviços secretos britânicos, outro trabalhador, chamado Maharus, empurra seu carrinho de limpeza em direção aos luxuosos quartos do local.
'O Cecil teve épocas melhores e épocas piores, mas sua história sempre atraiu as pessoas', declarou Maharus, que lembra com orgulho seus 34 anos de serviço no hotel e das visitas de líderes, atores, cantores e até de seu ídolo, o boxeador Muhammad Ali.
Apesar de ceder seu protagonismo cultural e político a Cairo, capital do Egito, os habitantes de Alexandria seguem lembrando com orgulho do passado da cidade, garantindo que os moradores da cidade são diferentes do resto dos egípcios.
Bassiuni destacou que a cidade 'é um lugar único com vistas para três continentes e que durante toda sua história recebeu escritores e intelectuais'.
Artistas de todas as nacionalidades chegam a Alexandria nos dias de hoje para respirar seu ambiente, que Cavafis retratou em alguns de seus versos: 'Viajante, se for alexandrino, não há como criticar. Você conhece o ímpeto da nossa vida: que ardência, que voluptuosidade sobrenatural', escreveu o poeta.