Airbnb prevê mais viagens curtas e menos aglomeração turística
Conforme as restrições foram flexibilizadas durante o terceiro trimestre, cidades mais tranquilas tiveram alta na demanda de turistas
Matheus Doliveira
Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 11h55.
Mesmo com a introdução de vacinas contra a Covid-19 em muitos países, as viagens em 2021 serão voltadas a destinos regionais em vez de mecas turísticas internacionais, de acordo com um relatório divulgado pela Airbnb na quinta-feira.
Metrópoles como Toronto, Nova York e Londres foram alguns dos principais destinos dos clientes da Airbnb no segundo semestre de 2019. Mas a pandemia paralisou o segmento de viagens durante meses no ano passado. Conforme as restrições foram flexibilizadas durante o terceiro trimestre, cidades mais tranquilas tiveram alta na demanda. A Airbnb projeta continuidade dessa tendência este ano. Até agora, o maior aumento nas buscas para reservas envolveu locais como Rodanthe, no litoral da Carolina do Norte, e Muskoka Lakes, a algumas horas de carro de Toronto.
É difícil prever exatamente quando o público se sentirá pronto para viajar, mas a distribuição das vacinas determinará esse comportamento, disse o CEO Brian Chesky. As pessoas “querem viajar para lugares reservados — sem muita gente por perto — ou para cidades e comunidades onde a maioria das pessoas foi vacinada”, disse Chesky em entrevista realizada durante a conferência Bloomberg Year Ahead, na quinta-feira.
O relatório sobre viagens nos EUA não prevê “longas filas” e hordas de turistas, afirmando que as pessoas estão ansiosas para viajar para ver seus entes queridos, não pontos turísticos. No meio da pandemia, a Airbnb registrou recorde nas reservas familiares, para grupos de cinco ou mais indivíduos.
De acordo com o relatório, 54% dos entrevistados afirmam que já fizeram reserva ou pretendem viajar este ano. Uma maioria de 56% afirma preferir um destino doméstico ou regional contra 21% que desejam visitar algum lugar distante no exterior.
Para prever as tendências de viagens em 2021, o relatório cita uma pesquisa de opinião pública conduzida pela ClearPath Strategies e dados internos da Airbnb até o terceiro trimestre de 2020.
Desde abril, os viajantes optaram com mais frequência por reservas de locais que ficam a uma distância de 80 a 800 km de casa. Dos entrevistados, 55% relataram estar “muito” ou “extremamente” interessados em visitar um local onde possam chegar de carro. Antes da pandemia, a maioria das reservas no website da Airbnb envolvia destinos que ficavam a mais de 800 km da casa dos usuários.
As decisões sobre viagens curtas são tomadas mais rapidamente. A Airbnb afirma que os clientes se tornaram mais espontâneos, fazendo reservas mais perto das datas de viagem. Com a flexibilidade nos horários de trabalho e escola, as viagens podem ser distribuídas ao longo tempo, o que também ajudaria a reduzir aglomerações na alta temporada.
É improvável que as viagens de negócios retornem ao que eram antes da pandemia, já que a tecnologia provou que muitas são dispensáveis. Além disso, o relatório aponta que os americanos não sentem falta dessa atividade. A Airbnb tentou ampliar sua participação no segmento de viagens de negócios nos últimos anos, porém não depende tanto dele quanto outras empresas do setor. Marriott International e Expedia Group relataram quedas de 57% e 58% no faturamento no terceiro trimestre de 2020, respectivamente, enquanto a Airbnb teve baixa de 18%.
Em maio passado, a Airbnb demitiu 1.900 funcionários, ou 25% de quadro de pessoal.