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Agência turística oferece viagens ao cerne da corrupção tcheca

Agência Corrupt Tour espera que clientes entendam casos de corrupção em excursões de preços muito módicos

Em Praga, corrupção virou atração turística (Wikimedia)

Em Praga, corrupção virou atração turística (Wikimedia)

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Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2012 às 09h25.

Praga, 12 fev (EFE).- Viver da corrupção de forma legal: é o que espera a Corrupt Tour, uma agência de viagens tcheca que oferece visitas aos lugares atingidos pelos corruptos e que foram apresentadas esta semana na feira de turismo de Praga.

A agência explica como e em que lugares da capital tcheca e da cidade de Usti nad Labem aconteceram os casos de corrupção mais famosos, oferecendo aos clientes a forma para entendê-los, em excursões de preços muito módicos.

'Reconheço que isto denigre o nome de nosso país, mas tem coisas mais que positivas', declaro à Agência Efe Petr Sourek, fundador da entidade, que não aspira a nenhuma subvenção pública.

Sourek, de 37 anos, é tradutor, compõe obras de teatro, e junto com seus sete colegas da agência confessa que esta nova ocupação é uma atividade secundária.

Da informação corporativa se vê o interesse em conseguir clientes alemães, já que este país é mais imune à corrupção, e não tanto, por exemplo, outros vizinhos como os austríacos.

'Na Áustria também funciona o clientelismo dos dois partidos políticos principais, como aqui', afirma Sourek.

Entre os objetos vendidos na Corrupt Tour estão aparelhos que fazem barulho para evitar possíveis escutas enquanto os turvos acordos são negociados.

'É muito interessante. Não lutamos contra a corrupção, mas nos beneficia. É meu trabalho', assinalou com ironia à Efe Ivanka, uma das guias da empresa cujo primeiro tour acontece neste domingo.

Trata-se do 'Safári de Praga', um trajeto de duas horas e meia por um preço de 14 euros, que mostra 'os ninhos dos pássaros praguenses', ou seja, onde vivem as pessoas das quais se fala em relação aos casos de corrupção.

'É uma surpresa', diz Ivanka, que da mesma forma que seus companheiros de empresa veste um uniforme paramilitar.

'O objetivo é que os clientes se deem conta que a corrupção é patrimônio cultural imaterial de nosso país', ironiza a jovem tcheca.

Uma das rotas mostra os três imóveis nos quais mais acontece a corrupção, entre eles a Prefeitura da capital, onde se tornou tristemente famosa a operação Open Card, um projeto de cartão para múltiplos serviços cidadãos que acabou custando muito mais do que o previsto.

Não fica atrás o túnel Blanka - a palavra 'túnel' foi cunhada no idioma tcheco coloquial para se referir ao levantamento de bens -, e a cidade olímpica projetada de Letnany, um projeto frustrado depois que os tchecos retiraram sua candidatura.

'Utilizaremos os dispositivos de som 'Prague Whispers' para que os clientes ouçam bem, que vejam os lugares onde são feitos os tratos, e que possam desfrutar destes lugares onde se realiza a corrupção', diz o material publicitário da agência.

Outra das excursões é aos grandes hospitais públicos IKEM, Motol e Stresovice, três partes de uma série emocionante. 'Seja 'coruja' da agência Corrupt Tour', acrescenta sobre as milionárias e nem sempre justificadas contratos públicas no setor da saúde.

Assim como a Argentina tem o tango e a Áustria suas cafeterias, estes jovens aspiram, com grande sentido do humor, a que a Unesco reconheça este 'patrimônio tcheco', que consiste no desvio sistemático de dinheiro, segundo explicam.

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