A Vert agora se chama Veja: entenda por que a marca de tênis mudou de nome
Empresa consegue adotar no Brasil o nome original da marca lançada na França. O fundador François-Ghislain Morillion conta o que muda para o consumidor
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 21 de março de 2024 às 06h00.
Quem conhece a marca sabe. O nome Vert só é usado no Brasil. Lá fora, na França onde foi lançada e nos mais de 100 países onde os tênis são vendidos, a marca se chama Veja. Até agora. A partir de hoje, oficialmente, Vert passa a ser Veja em todos os mercados.
Segundo a empresa, o nome Veja significa um convite para as pessoas olharem para além do tênis e o que há por trás de sua produção. No entanto, sua estreia no Brasil foi sob o nome de Vert (verde em francês), em 2014, como resposta aos desafios legais, pois a nomenclatura original já estava registrada.
O que não mudou foi o propósito da marca. Em 2004, Sébastien Kopp e François-Ghislain Morillion, fundadores da Veja, iniciaram a missão de reinventar com preceitos de sustentabilidade um produto simbólico de sua geração e que perdura até hoje: o tênis.
Um novo tecido feito de PET
O momento da marca vem acompanhado de uma nova cadeia produtiva do PET reciclado. “Isso reflete a essência da Veja, pois une rastreabilidade e qualidade, tendo como referencial a inovação e impacto social”, diz Luciana Batista Pereira, diretora das cadeias produtivas da marca.
Segundo Pereira, no ano passado a marca deu um passo importante na aprovação de um novo tecido, produzido a partir de 100% de garrafas PET pós consumo, algo novo na indústria.
“Soma-se a isso uma tecnologia que não utiliza água no processo de tingimento, economizando uma média de 16 milhões de litros de água a cada ano”, diz a executiva.
Tênis para vôlei será o primeiro modelo da nova fase
Os jovens franceses tinham a mesma idade, 25 anos, e o mesmo interesse pelos princípios do comércio justo. Veja foi criada um ano depois, em 2005, com design parisiense, produção brasileira e uso de matérias-primas nacionais. A ideia era combinar projetos sociais, justiça econômica e materiais ecológicos, para impactar positivamente cada etapa da cadeia produtiva.
Até hoje já foram comercializados 14 milhões de pares, resultado do trabalho de uma equipe de mais de 500 pessoas, que atua sem publicidade, sem estoque e sem investidores, na Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul.
Para celebrar este novo capítulo, a VEJA reintroduz seu primeiro tênis, o Volley. Lançado em 2005, no Palais de Tokyo em Paris, vendeu 5.000 pares e é inspirado no vôlei brasileiro dos anos 1970. Falamos com François-Ghislain Morillion.
Vocês sempre acreditaram que conseguiriam mudar o nome da marca para Veja?
Lançamos a marca Veja na França em 2005, com um nome brasileiro que convida o cliente a olhar o que está por trás do produto: fabricação brasileira, famílias produtoras de algodão orgânico no Ceará, cooperativas de seringueiros no Acre. A partir da França, a marca começou a crescer na Europa, nos Estados Unidos, e as cadeias produtivas também em outros estados do Brasil e no Peru, até o momento que decidimos vender no Brasil. Esse processo aconteceu de maneira natural, porque sempre tivemos essa relação muito forte com o Brasil. Em 2014, começamos a vender no país, mas por questões de direito de marca, tivemos que lançar uma marca diferente. Assim nasceu a Vert, que só tinha no Brasil. Finalmente conseguimos resolver o problema jurídico, e unificar Veja no mundo todo.
O que a troca de nome muda para o consumidor brasileiro?
Os produtos Vert e Veja sempre tiveram exatamente a mesma qualidade, o mesmo carinho nas cadeias produtivas e na fabricação. A troca pela Veja vai permitir que os consumidores brasileiros acessem a totalidade da coleção, pois sempre tivemos modelos especiais, colaborações com outras marcas europeias por exemplo, que não vinham para o Brasil, apesar de serem fabricadas aqui, por questões de produção ou de marca.
Nenhum modelo mais vai ser fabricado com o nome Vert? Pensam em coleções especiais?
Vamos nos despedir da Vert com o mesmo carinho que demos a ela durante dez anos. Mas agora vai ser tudo Veja.
Acha que os modelos Vert serão relíquias, passarão a ser vendidos em sites a preços altos?
Nosso modelo de marca não encoraja esse tipo de comportamento. Não estamos criando raridade para encarecer os produtos. O nosso preço reflete a realidade do produto, o custo justo dos materiais e da fabricação do produto, permitindo remunerar bem todas as pessoas envolvidas ao longo da cadeia.
Qual a importância do mercado brasileiro para a marca?
O mercado brasileiro é o nosso terceiro depois dos Estados Unidos e Inglaterra. Fica na frente da França, onde lançamos a marca dez anos antes. Acredito que o projeto da Veja, por atuar principalmente no Brasil, tem uma ressonância maior no coração dos brasileiros. Isso me deixa muito feliz, porque, depois de 20 anos, me sinto também brasileiro de coração.
Quem é o cliente Veja no Brasil e no mundo?
Como nós não conduzimos estudos de marketing, é muito difícil definir nosso cliente. O que sabemos é que são 50% são mulheres, 40% homens e 10% crianças. Tênis é um produto bastante universal, e é por isso que gostamos tanto dele.