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A Invenção de Hugo Cabret e O Artista homenageiam o cinema

A competição no Oscar 2012 está entre os dois filmes

Hugo recebeu 11 indicações e O Artista, 10, entre elas Melhor Filme e Melhor Diretor, o que gera uma competição acirrada entre as películas (Emmanuel Dunand/AFP)

Hugo recebeu 11 indicações e O Artista, 10, entre elas Melhor Filme e Melhor Diretor, o que gera uma competição acirrada entre as películas (Emmanuel Dunand/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2012 às 11h41.

Hollywood - A competição no Oscar 2012 está entre "A Invenção de Hugo Cabret" e "O Artista", dois filmes sobre o próprio cinema: por acaso ou não tanto, Hollywood celebra seu legado graças à "dose extra de sedução" que a sétima arte tem para os próprios cinéfilos da Academia.

Os "metafilmes" compartilham ainda de uma curiosa coincidência: o americano "A Invenção de Hugo Cabret" homenageia o cinema na França e o francês "O Artista" é um tributo à idade de ouro de Hollywood.

Assim, as homenagens cruzaram o Atlântico em seu canto de amor ao cinema e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas reconheceu os trabalhos com 11 indicações para "Hugo" e 10 para "O Artista", entre elas Melhor Filme e Melhor Diretor, o que gera uma competição acirrada entre as películas.

Além destes, "My Week With Marilyn", mais uma tentativa de ressucitar a diva por excelência de Hollywood, Marilyn Monroe, protagonizado por Michelle Williams, está na disputa pelas duas estatuetas.

Nas indicações dos prêmios que serão entregues no domingo, foi usado "o que acontece no beisebol quando se aplica uma regra conhecida como 'The tie goes to the runner' (em caso de dúvida, se premia o ataque)", disse Brent Simon, presidente da Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles, à AFP.

"Significa que, estando todas as partes em igualdade de condições, as que promoverem um maior estímulo, que lembrem aos críticos/espectadores/Academia a majestade, a história e a importância de sua arte preferida, terão para eles uma dose extra de sedução", explicou.

"Ou seja, é mais fácil apreciar filmes de autocelebração, por assim dizer", acrescentou o crítico.


Tanto "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese, como "O Artista", do francês Michel Hazanavicius, mostram uma visão nostálgica e romântica da história do cinema. E os dois são evidentemente um trabalho muito pessoal dos diretores.

O primeiro foi feito com os recursos mais modernos - é a primeira vez que o diretor usa o 3D - para narrar o encontro de um órfão com o pioneiro do cinema, George Melies, nos anos 1930.

No entanto, "O Artista" é um filme mudo e em preto e branco sobre os filmes mudos e em preto e branco: se passa no fim dos anos 1920 em Hollywood e relata as melodramáticas consequências para uma estrela do cinema mudo da transição para os filmes falados.

O filme de Scorsese, com o protagonista de "Borat", Sacha Baron Cohen, no papel de um desajeitado inspetor de uma estação de trem, não teve a resposta que seus produtores tanto esperavam: apesar do orçamento de 170 milhões de dólares, arrecadou aproximadamente 100 milhões.

O muito mais econômico "O Artista" arrecadou 57 milhões de dólares depois de um investimento de apenas US$ 12 milhões.

Nenhum dos dois é, no entanto, um sucesso de bilheteria como os que Hollywood costuma ver, destaca Darren Franich em uma coluna da revista Entertainment Weekly. Então, por que há tanto barulho sobre eles na Academia?

"Simples porque ambos são cartas de amor ao cinema e às pessoas que o fazem", escreveu o crítico.

Além disso, a visão nostálgica de ambos traz uma lembrança muito sensível na Hollywood atual, que tem que lidar com a globalização de sua indústria.


"A produção passou de Los Angeles para climas mais quentes e com menos impostos", escreveu Franich. "Os filmes de orçamento elevado são filmados em fundo verde e a vida das estrelas lembra a do executivo interpretado por George Clooney em 'Amor sem Escalas'".

"A Invenção de Hugo Cabret" e "O Artista" competem, então, não apenas pelo Oscar, mas também por qual dos dois é capaz de tocar mais fundo nos que têm sido testemunha "do declínio econômico e artístico da Hollywood que uma vez conhecemos", disse o crítico.

Para Jason Squire, professor da Faculdade de Cinema da Universidade do Sul da Califórnia, o fenômeno é raro, pois "a indústria em geral evita fazer filmes sobre fazer filmes, ainda que existam exceções como "O Aviador", "Chaplin", "A Rosa Púrpura do Cairo", "8 1/2 de Fellini" e "Ed Wood".

Neste ano, a maior coincidência é que estão na corrida dois filmes sobre a história do cinema, acrescentou o professor à AFP.

"Isso nunca havia acontecido. Nunca".

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