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A hiperbreve "twitteratura" seduz cada vez mais escritores

Pouco a pouco, a chamada "twitteresfera" foi invadida por um uso alternativo, mais criativo, com fórmulas que se assemelham aos textos japoneses keitai shosetsu

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 16 de abril de 2013 às 20h58.

A hiperbreve "twitteratura" está cada vez mais reivindicando seu lugar na história literária, mas este exercício de artístico limitado a 140 caracteres é visto por muitos como um artifício digital efêmero.

O Twitter nasceu em 2006. Em sua origem, esta plataforma de microblogs gratuita, que reúne agora 500 milhões de pessoas, foi concebida para difundir textos ou mensagens com um máximo de 140 caracteres.

Mas, pouco a pouco, a chamada "twitteresfera" foi invadida por um uso alternativo, mais criativo, com fórmulas que se assemelham aos textos japoneses keitai shosetsu (um termo que provém de "novela/shosetsu - e "móvel/keitai), que são redigidos e enviados por SMS.

Dessa forma, os escritores da "twitteratura" reivindicam seu lugar em uma história da qual também fazem parte os haikus japoneses - poemas breves formados geralmente por sete versos, sem rima - e os contos em três linhas do crítico e jornalista francês Félix Fénéon.

"Este gênero, antes de mais nada, traduz a ideia de que os limites são fecundos, como demonstra também a poesia", observou o autor de twitteratura Jean-Yves Fréchette (@pierrepaulpleau), para quem "a origem da literatura é lapidária, se escreve na pedra".

Em 2010, este ex-professor de literatura de Quebec fundou com Jean-Michel Le Blanc (@centquarante), de Bordeaux (sul da França), o Instituto de Twitteratura Comparada (ITC) Bordeaux-Quebec, destinado a promover o gênero.

Este Instituto organizou no final de março o segundo Festival Internacional de "Twitteratura", que teve sua primeira edição realizada em Quebec, em 2012.

Microcontos eróticos, "twillers" (thrillers no Twitter, inventado pelo americano Matt Ritchell) e microrrelatos são gêneros que nasceram no Twitter, explica Gefen, que menciona, inclusive, a existência de uma proposta para escrever uma ópera interativa no Twitter, lançada pela Royal Opera House de Londres.


O primeiro romance espanhol no Twitter foi "Serial Chicken", sobre uma galinha assassina. Seu autor é o escritor e jornalista Jordi Cervera, que a incluiu no concurso de romance noire de Barcelona em 2010, e a divulgou em microcapítulos diários.

A história é protagonizada por uma galinha má e pode ser acompanhada em espanhol no endereço twitter.com/bcnegracast.

"O estilo curto, breve, incisivo, é muito antigo", explicou o espacialista Alexandre Gefen, que evocou a tradição moralista.

E não se pode esquecer do guatemalteco Augusto Monterroso, autor de um brevíssimo conto: "Quando despertou, o dinossauro ainda estava lá".

"A twiteratura é um espaço de liberdade, onde diferentes formas de expressão são possíveis", assinala Jean-Yves Fréchette.

No México, um romance foi escrito de forma coletiva no Twitter e Mauricio Montiel Figueiras desenvolveu seu "O homem de tweed" através de sua conta na rede de microblogs.

Alguns escritores afirmam que a internet os levou a procurar outras formas de criar e consideram que este novo gênero têm futuro.

Mas há outros artistas, como o romancista americano Jonathan Franzen, que resistem e rejeitam a literatura das redes sociais.

O escritor Thierry Crouzet, que fez um romance noire em 5.200 tuítes e depois foi publicado pela editora Fayard, expressa suas dúvidas sobre a capacidade deste gênero subsistir em longo prazo.

Para ele, o principal aporte do Twitter está na "interação" com os leitores, que participam na composição da obra em tempo real através de tuítes.

"Acho que este instrumento pode causar cansaço", comentou Alexandre Gefen, que acredita, no entanto, que por ora o novo processo "corresponde a uma tendência muito profunda da literatura".

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