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A Faria Lima vai voltar a usar gravata? A tendência lá fora é essa

Grifes como Prada e Gucci apresentaram o adereço em seus desfiles na Semana de Moda de Milão

Convidado passeia por Milão durante Semana de Moda Masculina: gravata de volta (Ferda Demir/Getty Images)

Convidado passeia por Milão durante Semana de Moda Masculina: gravata de volta (Ferda Demir/Getty Images)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 18h30.

Última atualização em 23 de janeiro de 2024 às 18h40.

A invenção do chamado Casual Friday e a casualização do guarda-roupa masculino nos últimos anos já vinham relegando a gravata ao fundo do armário. Veio a pandemia e o confinamento terminou de enterrar o adereço. Em tempos mais recentes, chique mesmo passou a ser usar costume e camisa. Sem nada no pescoço.

O retrato dos líderes na reunião do G7 de 2022 deixou evidente o novo e mais simples dress code. Ninguém lá estava de gravata. Eles vestiam apenas paletós azuis e camisas brancas. Eis que chega a temporada de desfiles das semanas internacionais de moda neste início de 2024 e o que estava desaparecido deu o ar da graça.

Na Semana de Moda de Milão, modelos da Prada desfilaram de gravata. Mais do que isso, uma peça da grife italiana foi junto com o convite da apresentação. Na Gucci, que contou com o estreante Sabato de Sarno na direção criativa, o adereço vinha preso com uma corrente em vez do nó.

Na Zegna, o sneaker é a nova gravata

Raf Simons foi outro estilista a reviver a gravata durante os desfiles em Milão. Na plateia das apresentações e nos eventos da temporada, convidados também resgataram o acessórios. No ano passado, a Saint Laurent apresentou uma versão mais fina, em preto, nas apresentações de moda feminina.

Como sempre acontece, a dúvida que fica é quando as roupas apresentadas em desfiles muitas vezes conceituais vão parar nas araras das lojas. Ou na Avenida Faria Lima, em São Paulo, epicentro do mercado financeiro do país.

Como quase sempre acontece no mundo da moda, as novidades (ou a volta do passado) têm um tempo de maturação para o mercado. Ainda mais para públicos mais conservadores em relação à moda, como o brasileiro. O que usa em Paris leva algumas temporadas para pegar em São Paulo.

Se a volta da gravata ainda é especulação nas capitais europeias da moda, no Brasil nem se fala. Se alguém entrar hoje na Zegna no shopping Iguatemi de São Paulo, para ficar em um exemplo, vai encontrar um  mostruário discreto lá no final da loja. Cinco anos atrás, era a estrela do momento. Hoje esse lugar é do Triple Stitch, o já clássico sneaker com elástico da marca.

Peça para reforçar a formalidade

O fim da obrigatoriedade transforma a gravata em um opcional para ocasiões especiais, escreveu Vanessa Friedman, colunista do The New York Times e uma das maiores autoridades da moda. A especialista não vê uma volta do acessório tão cedo.

“A gravata, como parte da roupa do dia a dia, como a roupa íntima, provavelmente é coisa do passado”, afirma Friedman. Mas enquanto uma porta fecha, a outra se abre. A peça como opcional pode significar individualidade para qualquer gênero, além do que se torna muito mais efetiva para marcar a formalidade de uma ocasião.

Se há algo que se sabe do mundo da moda é que nunca há uma morte definitiva. Isso é particularmente verdadeiro na moda masculina, em que o repertório é muito mais limitado e baseado em peças centenárias. Lembra como dar nó de gravata? Se eu fosse você, começaria a treinar novamente.

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