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A briga por Neymar: por que Mano e Ronaldo estão errados

Na polêmica sobre o craque jogar ou não na Europa, cada um puxa para o seu lado. Para o torcedor, porém, não há dúvidas: melhor manter Neymar em casa

A dois anos da Copa do Mundo no país, o jogador pode fazer a diferença entre uma seleção vista com antipatia pelo brasileiro e uma equipe empurrada por uma torcida animada (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de abril de 2012 às 17h26.

Neymar começou o fim de semana provando que é um astro - e o terminou mostrando por que é um craque. No sábado, conseguiu ofuscar até Pelé na festa do centenário do Santos. As imagens do jogador cercado de crianças no gramado da Vila Belmiro foram reproduzidas mundo afora.

No domingo, Neymar entrou em campo pelo Campeonato Paulista, e manteve sua rotina de gols, assistências e grandes jogadas. Ninguém tem dúvidas de que é o melhor jogador brasileiro em atividade - e, evidentemente, o mais cobiçado pelos clubes mais ricos do planeta, que oferecem valores astronômicos por ele. O fato de ele ainda jogar no país torna o fenômeno Neymar ainda mais raro. Ainda assim, não faltam figuras influentes na defesa da tese de que o craque está perdendo seu tempo ao permanecer no Santos (confira as opiniões no quadro).

A começar pelo técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, que não esconde de ninguém que preferia ver Neymar vestindo a camisa do Barcelona ou do Real Madrid. Ronaldo, sócio da empresa de marketing que administra a imagem do jogador, também não para de pedir sua transferência para a Europa - mesmo que, a cada declaração nesse sentido, seja criticado por causa de um possível conflito de interesses ao manifestar tal opinião (com Neymar na Europa, surgiriam novos negócios, e as comissões da 9ine ficariam ainda mais gordas). Faltou só consultar o torcedor brasileiro.

E, para ele, parece não haver dúvidas: o melhor mesmo é ter Neymar em casa, mostrando seu futebol extraordinário nos estádios do próprio país. Prováveis exceções são os mais fanáticos torcedores dos times rivais, loucos para ver o craque bem longe, sem incomodar os zagueiros de seus clubes preferidos. Mas a importância da permanência de Neymar é evidente.

A dois anos da Copa do Mundo no país, o jogador pode fazer a diferença entre uma seleção vista com antipatia pelo brasileiro e uma equipe empurrada por uma torcida animada; entre um público desiludido com a escassez de craques e um país fascinado com um grande ídolo.

Oito desafios de Neymar antes da Copa do Mundo de 2014

Em três anos como profissional, Neymar já se consolidou como a principal esperança do futebol brasileiro. Com contrato renovado até 2014, o craque do Santos terá dois anos para se destacar em competições internacionais, amadurecer e conquistar títulos também pela seleção brasileira

Os argumentos mais frequentes para sugerir que Neymar faça as malas e vá jogar em Madri, Manchester ou Milão se baseiam no fato de que, como atleta de um grande clube europeu, ele poderá evoluir ainda mais, além de se acostumar a enfrentar os melhores times do planeta. De fato, faria bem a Neymar encarar defensores mais fortes e aprender com as situações adversas.


Mas a rotina de um jogador como Lionel Messi, do Barça, não é duelar contra supertimes, e sim massacrar times nanicos como Osasuna, Racing Santander, Mallorca, Levante e Rayo Vallecano. Na Liga dos Campeões, os catalães estão na semifinal, mas, até agora, só pegaram um oponente de peso, o Milan. Os outros rivais foram Viktoria Pilsen, Bate Borisov e Bayer Leverkusen.

Pelo Santos, Neymar já enfrentou o Inter fora de casa pela Libertadores, e pode ter pela frente nas próximas semanas equipes tradicionais e competitivas, como Boca, Corinthians, Vélez e Fluminense. A partir do mês que vem, jogará o Brasileirão, o campeonato nacional mais equilibrado do mundo.

No fim do ano, se os sonhos dos santistas se concretizarem, pode voltar a jogar um Mundial de Clubes, contra Real, Barça, Chelsea ou Bayern. Isso sem falar na seleção: Neymar já tem outro reencontro marcado com Messi, em junho, no amistoso entre Brasil e Argentina, nos EUA.

A agenda da seleção, aliás, é fundamental para que Neymar ganhe a experiência necessária para o Mundial de 2014. Ao invés de torcer para ver Neymar jogando na Europa, Mano Menezes e seu chefe imediato, o diretor de seleções Andrés Sanchez, poderiam marcar partidas mais desafiadoras que os amistosos recentes contra Costa Rica, Gabão, Egito e Bósnia.

Ainda que não tenha tantas chances de duelar contra espanhóis, alemães, italianos e ingleses, Neymar terá pelo menos duas grandes oportunidades de ser testado como protagonista na seleção. Em julho deste ano, embarca para Londres carregando a responsabilidade de trazer para o Brasil uma medalha de ouro inédita na Olimpíada.

Exatamente um ano depois, participará do grande ensaio para 2014, na Copa das Confederações, com presença garantida da Espanha e do próximo campeão europeu (a ser decidido em junho próximo). Desafios para o maior craque do Brasil, portanto, não faltam - mesmo que ele continue morando em Santos.

Fazer o Brasil vencer

Campeão do Sul-Americano Sub-20, Neymar naufragou junto com a seleção brasileira na Copa América, no ano passado, na Argentina, e ainda não conquistou nenhum título pela equipe adulta. Antes do Mundial de 2014, terá pela frente a disputa do ouro inédito nos Jogos Olímpicos de Londres e a Copa das Confederações, em 2013. Conquistar pelo menos um desses dois títulos é fundamental para Neymar ganhar de vez a confiança da torcida para a Copa.

Enfrentar rivais fortes

Barcelona e Real Madrid lutam para contratar Neymar já há alguns anos, mas ele decidiu ficar no Santos até 2014. Por estar distante dos atletas que provavelmente enfrentará no Mundial de 2014, o craque precisa aproveitar todas as oportunidades possíveis de testar sua habilidade e aprender a se livrar dos melhores marcadores. Isso significa estar presente em todos os compromissos da seleção e seguir disputando grandes competições com o Santos.


Manter o Santos no topo

Pelo Santos, Neymar já conquistou dois estaduais, uma Copa do Brasil e uma Libertadores. Se vencer mais um título continental, igualará a marca de Pelé, bicampeão em 62 e 63. Eleito melhor jogador da competição no ano passado, ainda não faturou um título do Campeonato Brasileiro. Seguir participando de grandes decisões pelo Santos é uma experiência fundamental para a Copa. Nada melhor, por exemplo, que voltar ao Mundial de Clubes neste ano, depois da "lição" aplicada pelo Barça em 2011.

Fazer o nome lá fora

Os grandes jogadores são os mais marcados, mas também os mais temidos e respeitados. Neymar precisa se consolidar no exterior como o grande craque brasileiro do momento. Se mostrar seu melhor futebol na Olimpíada, na Libertadores, nos amistosos da seleção e na Copa das Confederações, chegará ao Mundial de 2014 com um status diferente, de protagonista - e não como uma mera aposta dos brasileiros para conseguir levantar a taça.

Ser o dono da seleção

No Santos, Neymar exerce grande influência dentro do grupo e já chegou até a ostentar a faixa de capitão, mesmo com apenas 20 anos de idade. Muito admirado pelos companheiros, terá dois anos para se tornar também uma das referências dentro da equipe de Mano Menezes. Afinal, se não for uma das lideranças fora de campo - e a principal referência dentro dele -, as chances de sucesso vestindo a camisa do Brasil diminuem.

Evoluir fisicamente

Com 1,74 metro e 65 quilos, Neymar ainda está em processo de fortalecimento muscular. Se não concluir esse delicado trabalho de evolução física, pode ter problemas para suportar a forte marcação dos jogadores europeus. Desde que não comprometa sua assombrosa velocidade, o trabalho de reforço muscular é essencial para Neymar virar um supercraque internacional (e escapar ileso da perseguição dos zagueiros).

Recuperar seu parceiro

O talento de Neymar poderá ser potencializado caso o inseparável companheiro de clube e seleção Paulo Henrique Ganso volte a brilhar como antes. Só depende de Ganso superar os problemas físicos. Mas Neymar, que tem enorme influência sobre o amigo, precisa ajudar o camisa 10 a superar sua principal deficiência em campo: a falta de regularidade nas partidas. Talentosos e entrosados, Neymar e Ganso podem render muito mais quando estão atuando bem ao mesmo tempo.

Tentar manter o foco

Além de jogar futebol, Neymar costuma praticar algumas modalidades alternativas em seu cotidiano, como a fuga de fãs histéricas, o drible em marias-chuteiras e o iatismo recreativo no litoral paulista. Seu barco particular, suas companhias femininas e seus dez contratos publicitários, porém, não podem atrapalhar o desempenho do jogador no campo. Será difícil - e muito. Mas Neymar não pode se esquecer que, entre uma gravação de comercial aqui e uma balada cheia de celebridades ali, ele precisa jogar futebol.

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Neymar começou o fim de semana provando que é um astro - e o terminou mostrando por que é um craque. No sábado, conseguiu ofuscar até Pelé na festa do centenário do Santos. As imagens do jogador cercado de crianças no gramado da Vila Belmiro foram reproduzidas mundo afora.

No domingo, Neymar entrou em campo pelo Campeonato Paulista, e manteve sua rotina de gols, assistências e grandes jogadas. Ninguém tem dúvidas de que é o melhor jogador brasileiro em atividade - e, evidentemente, o mais cobiçado pelos clubes mais ricos do planeta, que oferecem valores astronômicos por ele. O fato de ele ainda jogar no país torna o fenômeno Neymar ainda mais raro. Ainda assim, não faltam figuras influentes na defesa da tese de que o craque está perdendo seu tempo ao permanecer no Santos (confira as opiniões no quadro).

A começar pelo técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, que não esconde de ninguém que preferia ver Neymar vestindo a camisa do Barcelona ou do Real Madrid. Ronaldo, sócio da empresa de marketing que administra a imagem do jogador, também não para de pedir sua transferência para a Europa - mesmo que, a cada declaração nesse sentido, seja criticado por causa de um possível conflito de interesses ao manifestar tal opinião (com Neymar na Europa, surgiriam novos negócios, e as comissões da 9ine ficariam ainda mais gordas). Faltou só consultar o torcedor brasileiro.

E, para ele, parece não haver dúvidas: o melhor mesmo é ter Neymar em casa, mostrando seu futebol extraordinário nos estádios do próprio país. Prováveis exceções são os mais fanáticos torcedores dos times rivais, loucos para ver o craque bem longe, sem incomodar os zagueiros de seus clubes preferidos. Mas a importância da permanência de Neymar é evidente.

A dois anos da Copa do Mundo no país, o jogador pode fazer a diferença entre uma seleção vista com antipatia pelo brasileiro e uma equipe empurrada por uma torcida animada; entre um público desiludido com a escassez de craques e um país fascinado com um grande ídolo.

Oito desafios de Neymar antes da Copa do Mundo de 2014

Em três anos como profissional, Neymar já se consolidou como a principal esperança do futebol brasileiro. Com contrato renovado até 2014, o craque do Santos terá dois anos para se destacar em competições internacionais, amadurecer e conquistar títulos também pela seleção brasileira

Os argumentos mais frequentes para sugerir que Neymar faça as malas e vá jogar em Madri, Manchester ou Milão se baseiam no fato de que, como atleta de um grande clube europeu, ele poderá evoluir ainda mais, além de se acostumar a enfrentar os melhores times do planeta. De fato, faria bem a Neymar encarar defensores mais fortes e aprender com as situações adversas.


Mas a rotina de um jogador como Lionel Messi, do Barça, não é duelar contra supertimes, e sim massacrar times nanicos como Osasuna, Racing Santander, Mallorca, Levante e Rayo Vallecano. Na Liga dos Campeões, os catalães estão na semifinal, mas, até agora, só pegaram um oponente de peso, o Milan. Os outros rivais foram Viktoria Pilsen, Bate Borisov e Bayer Leverkusen.

Pelo Santos, Neymar já enfrentou o Inter fora de casa pela Libertadores, e pode ter pela frente nas próximas semanas equipes tradicionais e competitivas, como Boca, Corinthians, Vélez e Fluminense. A partir do mês que vem, jogará o Brasileirão, o campeonato nacional mais equilibrado do mundo.

No fim do ano, se os sonhos dos santistas se concretizarem, pode voltar a jogar um Mundial de Clubes, contra Real, Barça, Chelsea ou Bayern. Isso sem falar na seleção: Neymar já tem outro reencontro marcado com Messi, em junho, no amistoso entre Brasil e Argentina, nos EUA.

A agenda da seleção, aliás, é fundamental para que Neymar ganhe a experiência necessária para o Mundial de 2014. Ao invés de torcer para ver Neymar jogando na Europa, Mano Menezes e seu chefe imediato, o diretor de seleções Andrés Sanchez, poderiam marcar partidas mais desafiadoras que os amistosos recentes contra Costa Rica, Gabão, Egito e Bósnia.

Ainda que não tenha tantas chances de duelar contra espanhóis, alemães, italianos e ingleses, Neymar terá pelo menos duas grandes oportunidades de ser testado como protagonista na seleção. Em julho deste ano, embarca para Londres carregando a responsabilidade de trazer para o Brasil uma medalha de ouro inédita na Olimpíada.

Exatamente um ano depois, participará do grande ensaio para 2014, na Copa das Confederações, com presença garantida da Espanha e do próximo campeão europeu (a ser decidido em junho próximo). Desafios para o maior craque do Brasil, portanto, não faltam - mesmo que ele continue morando em Santos.

Fazer o Brasil vencer

Campeão do Sul-Americano Sub-20, Neymar naufragou junto com a seleção brasileira na Copa América, no ano passado, na Argentina, e ainda não conquistou nenhum título pela equipe adulta. Antes do Mundial de 2014, terá pela frente a disputa do ouro inédito nos Jogos Olímpicos de Londres e a Copa das Confederações, em 2013. Conquistar pelo menos um desses dois títulos é fundamental para Neymar ganhar de vez a confiança da torcida para a Copa.

Enfrentar rivais fortes

Barcelona e Real Madrid lutam para contratar Neymar já há alguns anos, mas ele decidiu ficar no Santos até 2014. Por estar distante dos atletas que provavelmente enfrentará no Mundial de 2014, o craque precisa aproveitar todas as oportunidades possíveis de testar sua habilidade e aprender a se livrar dos melhores marcadores. Isso significa estar presente em todos os compromissos da seleção e seguir disputando grandes competições com o Santos.


Manter o Santos no topo

Pelo Santos, Neymar já conquistou dois estaduais, uma Copa do Brasil e uma Libertadores. Se vencer mais um título continental, igualará a marca de Pelé, bicampeão em 62 e 63. Eleito melhor jogador da competição no ano passado, ainda não faturou um título do Campeonato Brasileiro. Seguir participando de grandes decisões pelo Santos é uma experiência fundamental para a Copa. Nada melhor, por exemplo, que voltar ao Mundial de Clubes neste ano, depois da "lição" aplicada pelo Barça em 2011.

Fazer o nome lá fora

Os grandes jogadores são os mais marcados, mas também os mais temidos e respeitados. Neymar precisa se consolidar no exterior como o grande craque brasileiro do momento. Se mostrar seu melhor futebol na Olimpíada, na Libertadores, nos amistosos da seleção e na Copa das Confederações, chegará ao Mundial de 2014 com um status diferente, de protagonista - e não como uma mera aposta dos brasileiros para conseguir levantar a taça.

Ser o dono da seleção

No Santos, Neymar exerce grande influência dentro do grupo e já chegou até a ostentar a faixa de capitão, mesmo com apenas 20 anos de idade. Muito admirado pelos companheiros, terá dois anos para se tornar também uma das referências dentro da equipe de Mano Menezes. Afinal, se não for uma das lideranças fora de campo - e a principal referência dentro dele -, as chances de sucesso vestindo a camisa do Brasil diminuem.

Evoluir fisicamente

Com 1,74 metro e 65 quilos, Neymar ainda está em processo de fortalecimento muscular. Se não concluir esse delicado trabalho de evolução física, pode ter problemas para suportar a forte marcação dos jogadores europeus. Desde que não comprometa sua assombrosa velocidade, o trabalho de reforço muscular é essencial para Neymar virar um supercraque internacional (e escapar ileso da perseguição dos zagueiros).

Recuperar seu parceiro

O talento de Neymar poderá ser potencializado caso o inseparável companheiro de clube e seleção Paulo Henrique Ganso volte a brilhar como antes. Só depende de Ganso superar os problemas físicos. Mas Neymar, que tem enorme influência sobre o amigo, precisa ajudar o camisa 10 a superar sua principal deficiência em campo: a falta de regularidade nas partidas. Talentosos e entrosados, Neymar e Ganso podem render muito mais quando estão atuando bem ao mesmo tempo.

Tentar manter o foco

Além de jogar futebol, Neymar costuma praticar algumas modalidades alternativas em seu cotidiano, como a fuga de fãs histéricas, o drible em marias-chuteiras e o iatismo recreativo no litoral paulista. Seu barco particular, suas companhias femininas e seus dez contratos publicitários, porém, não podem atrapalhar o desempenho do jogador no campo. Será difícil - e muito. Mas Neymar não pode se esquecer que, entre uma gravação de comercial aqui e uma balada cheia de celebridades ali, ele precisa jogar futebol.

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