São Paulo – Muitas pessoas têm uma relação de amor e ódio com os sanduíches. Enquanto são apontados como vilões da dieta, eles também são objeto de desejo. Em alguns casos, se transformam até em prêmio após uma semana difícil, como no documentário “Edifício Master” (2002), de Eduardo Coutinho, em que uma entrevistada contou que gastou todo o seu primeiro pagamento como garota de programa no McDonald’s. Em um caso mais recente, a atleta da ginástica artística Gabby Douglas, que conquistou duas medalhas de ouro nas Olimpíadas de Londres, contou em uma entrevista que comemorou suas vitórias no mesmo restaurante fast food. A atitude (e sua declaração) foi criticada pela primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama, defensora de uma alimentação saudável. Apesar de parecer estranho ou condenável para alguns, dá para ver que a paixão pelos sanduíches já não é mais algo exclusivo da cultura americana. Confira a seguir seis tipos que conquistaram o paladar de muita gente no Brasil e no mundo. 

O hambúrguer não foi uma invenção americana, mas poderia ter sido. Apesar de a criação dessa comida ser atribuída aos alemães da região da cidade de Hamburgo, são os Estados Unidos que assumiram o título de pátria do hambúrguer. Isso, no entanto, não tira dos brasileiros a paixão pelo sanduíche. Além dos itens que integram os menus das conhecidas redes de fast food, como McDonald’s e Burger King, bares, restaurantes e lanchonetes de esquina também têm esse prato no cardápio – e com uma variedade de dar água na boca. Enquanto a receita literal do hambúrguer é um simples pão com carne, há muitos derivados como o cheese-burguer (ou simplesmente X-burguer), o X-salada, o X-bacon, o X-egg-bacon-salada, o x-tudo e várias outras invenções que couberem em um pão com gergelim.

O Big Mac é, hoje, uma das principais referências na alimentação mundial. No Brasil, a composição principal sanduíche da rede de fast food McDonald’s, foi transformada em música para os comerciais do restaurante na década de 80. Hoje, é difícil algum adulto não saber quais são seus ingredientes (dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles, em um pão com gergelim). Símbolo do fast food, o Big Mac até teve seu nome usado pela revista The Economist para criar um índice econômico, que compara os preços do prato em vários países. Não por acaso, já que ele está no mercado desde 1968.

Concorrente direto do Big Mac, o Whopper é o item mais conhecido do cardápio do Burger King. Apesar de, no Brasil, ser menos famoso do que o adversário, sua criação é mais antiga, de 1957, quando era vendido por 37 centavos de dólar. Desde então, ele passou por diversas reformulações até chegar à receita atual: um hambúrguer, tomate, alface, cebola, picles, queijo, maionese e ketchup, em um pão com gergelim. No Brasil, o sanduíche tem três variações, o original, o duplo e o Jr., todos com queijo – diferentemente de outros países, como os Estados Unidos, onde esse ingrediente é opcional.

O cachorro-quente, ou hot-dog, é outra delícia muito popular. Não há consenso sobre a origem do prato, mas fato é que, assim como o hambúrguer, ele se consolidou e ganhou fama nos Estados Unidos. Lá, a salsicha é servida em um pão sovado acompanhada de ketchup, mostarda, maionese, molho agridoce de picles, chucrute, queijo e/ ou chili. No Brasil, os ingredientes são ainda mais variados, de acordo com a região. Além da salsicha, ketchup, mostarda e maionese, são usados molho de tomate, batata palha, milho, passas, purê de batata, salpicão, vinagrete, maionese caseira e queijo. Depois de colocar tudo no pão, ele ainda pode ser prensado ou não.

Esse sanduíche é um ícone de São Paulo (e do Brasil) e foi criado pelo radialista Casimiro Pinto Neto, em 1934, quando ditou ao garçom do bar Ponto Chic a seguinte receita: pão francês sem miolo, rosbife, tomate, sal, orégano e queijo. O lanche foi aprovado por ele e por vários clientes que passaram a pedir sempre o sanduíche feito por ele, que era chamado de Bauru, sua cidade natal. Ainda hoje, o sanduíche é muito popular e seus ingredientes podem variar e ser substituídos por outros, como presunto no lugar do rosbife. A versão mais conhecida é feita de pão francês, queijo, presunto e tomate.

Apesar de ter o nome da capital do Líbano, o beirute não foi criado no país árabe, mas em São Paulo, com a imigração libanesa. Diferentemente da maioria dos outros sanduíches, ele é feito com pão sírio e leva ingredientes parecidos com os demais lanches. Em geral, os itens mais presentes nos beirutes feitos em diferentes partes do país são pão sírio, rosbife (que pode ser substituído por lagarto fatiado ou presunto), alface, tomate, queijo e ovo frito. 

Quente ou frio, o misto é um sanduíche muito apreciado pelos brasileiros e um item comum em cafés-da-manhã e lanches durante o dia. A preferência não está ligada apenas ao sabor, mas também à praticidade: o prato é composto de uma fatia de presunto e uma de queijo entre duas de pão de fôrma. Ele pode ser quente – torrado na frigideira, sanduicheira ou forno – ou frio. Em outros países, como Inglaterra e Espanha, uma variação do misto é o sanduíche de presunto, que apenas elimina o queijo da combinação. No Brasil, outra variação é o queijo-quente, que tira o presunto da receita. 

Apesar do nome, o americano não foi criado nos Estados Unidos, nem tem hambúrguer em sua composição. O sanduíche é uma espécie de evolução do misto, criado nos anos 40 por uma lanchonete paulista. Além do presunto e do queijo, foram adicionados à receita alface, ovo frito e bacon. O nome “americano” foi escolhido devido aos dois últimos ingredientes, muito comuns no país. Com o tempo, o bacon parou de ser usado, mas a nomenclatura ficou.

A palavra panini é o plural de panino, em italiano, que significa sanduíche. Apesar do nome bastante genérico, esse lanche é comumente feito de salame, presunto, queijo, mortadela ou outros ingredientes incluídos em um pão do tipo ciabata ou baguete. Fora da Itália, esse nome se refere a sanduíches prensados na chapa, não necessariamente feitos com esses tipos de pão.