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Zeca Camargo e o uso dos pronomes indefinidos

Diogo Arrais, professor de Língua Portuguesa do Damásio Educacional, fala sobre o uso de pronomes indefinidos, a partir do texto polêmico de Zeca Camargo

Zeca Camargo: texto ofendeu muita gente (Reprodução/Facebook/Zeca Camargo)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2015 às 16h02.

* Escrito por Diogo Arrais, professor do Damásio Educacional

Nesta semana, está dando o que comentar o texto de Zeca Camargo sobre o falecido cantor goiano Cristiano Araújo. Fãs, artistas e gente desconhecida, como eu, acharam deselegantes (neste momento trágico) diversas palavras proferidas para o cantor.

Mensurar o valor de uma paixão é impossível, já que os caminhos do coração são quase insanos; apontar a direção certa para um cenário popular é, talvez, mais complexo ainda.

Texto, do latim texto, remete a tecido; um tecido depende de mínimas partes para gerar o sentido, o significado. As mínimas partes do texto de Zeca e seus consequentes significados ofenderam muita gente. A mim, o uso de prefixo negativo e pronomes indefinidos remetem a um certo desprezo com o ser humano que se foi. Para análise semântica e gramatical, separei alguns trechos:

... tão famoso e tão desconhecido...

O adjetivo desconhecido, derivado pelo prefixo des-, significa ignorado, que não é conhecido, pessoa sem credenciais.

Em outra passagem do texto de Camargo, há o seguinte registro para os cidadãos que ao velório do cantor foram:

Fãs e pessoas que não faziam ideia de quem era Cristiano Araújo.

Semanticamente, não fazer ideia é, novamente, desconhecer e, mesmo assim, aparecer no local da despedida. Será que, na terra natal do sertanejo, isso mesmo ocorreu?

Ao fim do texto, Zeca ainda – em referência ao personagem de seu texto – usa analogias com qualquer e nada (palavras morfologicamente classificadas como pronomes indefinidos, de indefinição, relativas ao que é vago).

Um texto não pode ser visto apenas por palavras soltas! É importante visualizar o contexto! – dirão alguns críticos. Contexto, de acordo com o próprio Aurélio, remete a aquilo que constitui o texto no seu todo; composição e – também – o ambiente.

Questiono: o atual ambiente fúnebre é propício a uma crítica com tantos pronomes indefinidos e prefixos negativos?

Por isso, diante da morte, muitos simplesmente se calam.

Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!

Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
Autor Gramatical pela Editora Saraiva

Veja a crônica de Zeca Camargo que ofendeu os fãs do cantor:

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* Escrito por Diogo Arrais, professor do Damásio Educacional

Nesta semana, está dando o que comentar o texto de Zeca Camargo sobre o falecido cantor goiano Cristiano Araújo. Fãs, artistas e gente desconhecida, como eu, acharam deselegantes (neste momento trágico) diversas palavras proferidas para o cantor.

Mensurar o valor de uma paixão é impossível, já que os caminhos do coração são quase insanos; apontar a direção certa para um cenário popular é, talvez, mais complexo ainda.

Texto, do latim texto, remete a tecido; um tecido depende de mínimas partes para gerar o sentido, o significado. As mínimas partes do texto de Zeca e seus consequentes significados ofenderam muita gente. A mim, o uso de prefixo negativo e pronomes indefinidos remetem a um certo desprezo com o ser humano que se foi. Para análise semântica e gramatical, separei alguns trechos:

... tão famoso e tão desconhecido...

O adjetivo desconhecido, derivado pelo prefixo des-, significa ignorado, que não é conhecido, pessoa sem credenciais.

Em outra passagem do texto de Camargo, há o seguinte registro para os cidadãos que ao velório do cantor foram:

Fãs e pessoas que não faziam ideia de quem era Cristiano Araújo.

Semanticamente, não fazer ideia é, novamente, desconhecer e, mesmo assim, aparecer no local da despedida. Será que, na terra natal do sertanejo, isso mesmo ocorreu?

Ao fim do texto, Zeca ainda – em referência ao personagem de seu texto – usa analogias com qualquer e nada (palavras morfologicamente classificadas como pronomes indefinidos, de indefinição, relativas ao que é vago).

Um texto não pode ser visto apenas por palavras soltas! É importante visualizar o contexto! – dirão alguns críticos. Contexto, de acordo com o próprio Aurélio, remete a aquilo que constitui o texto no seu todo; composição e – também – o ambiente.

Questiono: o atual ambiente fúnebre é propício a uma crítica com tantos pronomes indefinidos e prefixos negativos?

Por isso, diante da morte, muitos simplesmente se calam.

Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!

Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
Autor Gramatical pela Editora Saraiva

Veja a crônica de Zeca Camargo que ofendeu os fãs do cantor:

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