Thirza Reis, psicóloga: “Líderes que não permitem a vulnerabilidade ou que são ambivalentes em suas expectativas podem criar um ambiente onde a autoconfiança dos funcionários é constantemente minada” (Thirza Reis /Divulgação)
Repórter
Publicado em 6 de agosto de 2024 às 16h58.
Você duvida constantemente de suas capacidades? Se sim, provavelmente, você pode ter a famosa “Síndrome do Impostor”.
Apesar de não ser reconhecida como um distúrbio psicológico oficial, essa síndrome é definida como uma distorção cognitiva que leva a pessoa a duvidar de suas habilidades e conquistas.
“É como uma voz interna crítica que diminui a autoestima e a confiança, fazendo com que a pessoa se sinta inadequada e desqualificada, independentemente de seu sucesso objetivo”, diz Thirza Reis, psicóloga e coach ontológica há 20 anos.
A origem do termo “Síndrome do Impostor" remonta aos estudos realizados na década de 1970 pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes. Na pesquisa, as americanas investigaram o fenômeno observado em mulheres de alta performance que, apesar de suas realizações evidentes, sentiam-se como fraudes e tinham uma persistente sensação de que seriam desmascaradas a qualquer momento.
Não apenas no passado, mas ainda hoje, essa síndrome é especialmente prevalente entre as mulheres devido a fatores socio-históricos e culturais que impõem expectativas e pressões específicas, afirma Reis, que também é mestre em Desenvolvimento Humano, Estudos de Gênero e Construção da Identidade feminina pela UNB – Brasília.
“Historicamente falando, existe um recorte de gênero na sociedade que estimula essa síndrome mais em mulheres, porque os homens são muito mais movidos para esse aspecto da realização. É comum eles se sentirem qualificados a fazer algo, enquanto nós mulheres ficamos em um processo de se provar e de sermos mais modestas sobre as nossas conquistas”.
Entre os sintomas da síndrome do impostor, a psicóloga destaca:
“As causas podem variar, mas muitas vezes estão enraizadas em mensagens recebidas durante a infância e em ambientes culturais e profissionais que valorizam a realização sobre a identidade pessoal.”
A especialista destaca 10 frases mais comum para quem é diagnosticado com a Síndrome do Impostor:
Além da educação familiar, a cultura de uma empresa também pode gerar a síndrome do impostor, especialmente em ambientes tóxicos onde a crítica é excessiva e falta suporte, afirma Reis, que reforça que a cultura do medo, a falta de comprometimento e a ambiguidade nas responsabilidades contribuem para a autossabotagem e a desqualificação pessoal.
“Líderes que não permitem a vulnerabilidade ou que são ambivalentes em suas expectativas podem criar um ambiente onde a autoconfiança dos funcionários é constantemente minada.”
Para enfrentar a síndrome do impostor, Reis afirma que é fundamental começar pelo autoconhecimento. “Reconhecer e nomear as vozes críticas internas é o primeiro passo para se diferenciar delas”, diz a especialista que reforça que práticas como a terapia e a mentoria estruturada podem ajudar nesse processo de autoconfiança.