São Paulo - Você recebeu um convite irrecusável para trabalhar com o que sempre sonhou na empresa que mais admira. Mas há um detalhe: o trabalho é em outra cidade.
É uma boa ideia se mudar por uma oportunidade profissional ? Para Lígia Almeida, coordenadora de vendas na Clear Sale, a resposta a esse questionamento veio de imediato. “Queria muito sair de Belo Horizonte, onde não enxergava perspectivas”, afirma. Em 2004, recebeu a proposta de trabalhar em São Paulo. Fez as malas sem pestanejar.
O impulso também foi o guia do carioca Josué de Castro se mudou para Manaus, para trabalhar como gerente industrial da Coca-Cola . “Eu era recém-formado e a oportunidade era muito atraente”, conta o engenheiro.
Embora a decisão possa trazer sucesso profissional, o entusiasmo sem ponderação pode ser mau conselheiro. É o que pensa Rafael Souto, presidente da consultoria Produtive. “O investimento pessoal e profissional é alto, então exige prudência”, afirma.
Com sua ajuda, EXAME.com compilou alguns conselhos para analisar prós e contras de tomar esse passo. Confira a seguir:
1. Avalie o impacto sobre a família
O primeiro ponto a ser avaliado, segundo Souto, é o impacto da mudança sobre cônjuges e filhos. “É importante discutir a possibilidade com os familiares com antecedência, sem deixar para contar só na última hora”, recomenda o consultor.
Em alguns casos, também é recomendável considerar como seria a transição de carreira para esposos ou esposas no novo endereço.
2. Considere possíveis ajustes no seu “desenho de vida”
Mudar de cidade implica alterar diversos hábitos. “Conheço um profissional que fazia triatlo nas horas vagas e que recusou uma proposta porque a cidade não tinha academia”, conta Souto.
Se, para você, é importante ter um determinado estilo de vida, vale saber se será possível mantê-lo intacto depois da mudança.
3. Calcule o impacto financeiro
Quanto você precisa ganhar para a mudança valer a pena? É preciso negociar o salário oferecido em função do custo de vida da cidade. De nada adianta ter um salário alto se é mais caro comer, morar e viver no novo endereço.
Coloque tudo na ponta do lápis, do seguro do carro à escola dos filhos. “Esse cálculo precisa ser muito detalhado e rigoroso, não baseado apenas em percepções vagas”, diz Souto.
4. Investigue a reputação local da empresa
À distância, talvez você não consiga medir a importância do seu empregador para a região. A dica é não ouvir apenas o que diz a própria empresa.
“Busque conhecer a reputação da organização por meio da sua rede de contatos, com a ajuda de empresas de RH da região ou pesquisando sobre ela nas redes sociais”, recomenda Souto.
5. Descubra como é o mercado na região
É perigoso ir atrás de uma oportunidade pontual sem considerar o contexto. Se a cidade ou o estado onde você vai trabalhar não forem tão desenvolvidos na sua área profissional, você corre o risco de se isolar do mercado.
“Ir para uma cidade rural do Centro-Oeste pode ser uma boa ideia para quem trabalha com agronegócios, mas não para profissionais de marketing ou finanças, por exemplo”, diz Souto.
6. Leve em conta o seu momento de carreira
O consultor também aconselha prestar atenção no ponto do ciclo profissional em que você se encontra. “Se a pessoa é mais jovem, pode correr riscos, porque tem menos compromissos assumidos e mais tempo para corrigir a rota”, afirma.
Já profissionais mais velhos precisam avaliar o movimento com atenção. “Nesse caso, é bom pensar se a mudança não pode comprometer radicalmente a sua sequência profissional”, explica.
7. Faça uma transição por partes
Mesmo se você já tenha decidido se mudar, os cuidados ainda não acabaram. Optar por um contrato imobiliário temporário, se possível, é a melhor opção.
Isso porque, segundo o consultor, os primeiros seis meses na nova cidade servem como experimentação. “Em vez de se mudar imediatamente com a família inteira, é mais sensato ficar num hotel ou flat para testar o novo local”, recomenda Souto. Se tudo correr bem nesse período, a aventura tem mais chances de dar certo.
- 1. Quilometragem alta
1 /13(FABIO MANGABEIRA)
São Paulo – Muito além de piloto de
avião e comissário de bordo. A rotina intensa de
viagens não é exclusividade de quem faz de uma aeronave o seu escritório de trabalho. Durante os últimos dias, EXAME.com conversou com profissionais de diferentes áreas mas com um aspecto em comum: muitas viagens a trabalho. O resultado é esta lista com 11
carreiras para quem gosta de colocar o pé na estrada. A tentativa foi a de sair do óbvio, por isso, algumas delas não são, naturalmente, relacionadas a grandes quilometragens rodadas a trabalho. Confira:
- 2. Agronômo
2 /13(Arquivo Pessoal/Edosn Corbo)
Engenheiro agrônomo por formação, Edson Corbo viaja toda semana a trabalho. Como gerente de desenvolvimento agronômico da NexSteppe, empresa que desenvolve matérias primas, ele oferece assistência técnica a clientes, treinamentos, faz testes com sementes hídridas, acompanha o crescimento das culturas em suas principais fases. Também realiza reuniões com o time de técnicos da NexSteppe no Brasil e também nos Estados Unidos. “Como nossos clientes estão espalhados pelo país inteiro, programamos visitas frequentes para fazer o acompanhamento e também para fazer demonstrações dos produtos”, diz ele. Na época em que estudava agronomia, ele conta que já imaginava que viagens a trabalho seriam rotina. “Mas elas se tornam mais frequentes quando o profissional assume um cargo de gestão. No começo da carreira as viagens são menos frequentes”, diz.
- 3. Corretor de seguros corporativos (setores de infraestrutura, energia, agribusiness)
3 /13(Adriano Machado/Bloomberg)
A rotina de viagens pode ser bastante intensa para corretores de seguros corporativos nas áreas de infraestrutura, energia e agribusiness. Isso acontece porque visitas aos locais onde estão instaladas obras, usinas e plantas industriais são parte essencial do trabalho do corretor de seguros para empresas. “O trabalho de identificação dos riscos e acompanhamento das inspeções com as seguradoras e resseguradoras em apoio ao cliente também é de fundamental importância nessa atividade”, explica James Kawano, vice-presidente técnico da VIS Corretora. Por conta da profissão, ele conta já ter tido a oportunidade de estar em lugares a que poucas pessoas tiveram acesso. “Conheci uma usina na base de um vulcão ativo, estive em túneis que atravessam a Cordilheira dos Andes, e em diversas unidades fabris, ferrovias, portos, usinas hidrelétricas e outros lugares pouco conhecidos”, conta.
- 4. Intérprete de conferência
4 /13(Divulgação/Apic)
“Viagens são parte integrante da vida de um intérprete, porque há muitas conferências, congressos ou visitas fora da cidade de residência”, diz Tereza Sayeg, presidente da Associação Profissional de Intérpretes de Conferência (APIC). Não há rotina na vida profissional, diz Tereza. Quer exemplos? Num dia, o intérprete pode estar acompanhando uma missão veterinária da União Europeia visitando frigoríficos no Rio Grande Sul e Santa Catarina. Em outra ocasião, pode trabalhar em congresso de médicos na Costa do Sauípe e em seguida viajar ao Peru para encontros da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL). Todas estas viagens foram feitas por Tereza neste primeiro semestre de 2014. Na foto, Tereza aparece trabalhando como intérprete da conversa entre os ex-presidentes Lula, do Brasil, e Nicolas Sarkozy, da França.
- 5. Vendedor regional e nacional
5 /13(Dreamstime)
Vendedores regionais e nacionais são profissionais com intensa agenda de viagens, segundo Marcelo Olivieiri, gerente de vendas da Talenses. “Geralmente estes profissionais passam vários dias úteis viajando”, diz Olivieri. Alberto Amaral é gerente nacional comercial da Pernod Ricard Brasil. Por estar em cargo de gestão, hoje ele viaja em torno de uma vez por mês, mas há períodos em que o volume de viagens triplica. Interessado em desenvolver novos negócios para a Pernod Ricard Brasil ele diz que viajar é a única maneira de entender as particularidades de seus clientes, espalhados pelo Brasil. “Também viajo para estar próximo da minha equipe de vendedores, para dar suporte”, conta.
- 6. Gestão de projetos em TI
6 /13(Getty Images)
Não é certo que ao escolher a área de TI, o profissional já deva se preparar para fazer as malas. Mas, para, principalmente, quem gerencia projetos de TI para grandes corporações ou consultorias o volume de viagens pode, sim, ser alto, segundo Marcelo Olivieri, da Talenses. É o caso de Rodrigo Ritter, gerente de TI e bioinformática da NexSteppe. “Costumo ir para a Califórnia e para o Texas nos Estados Unidos a cada 2 meses em viagens que normalmente duram duas ou três semanas, além de fazer outras viagens pelo Brasil”, diz. Mesmo sendo um profissional de tecnologia, ele acredita que nada substitui o contato presencial. “É tão importante estar em contato com as pessoas quando se discute um projeto. Uma reunião de alguns minutos presencialmente é mais produtiva do que várias horas ao telefone e inúmeros emails”, diz.
- 7. Advocacia empresarial e imobiliária
7 /13(Morio/Wikimedia Commons)
Advogados que escolhem a área contenciosa empresarial e imobiliária em grandes escritórios de advocacia devem se preparar para viajar mais do que muitos de seus colegas de profissão. É o que diz o sócio do escritório Stocche Forbes, Rafael Passaro, especializado na área contenciosa cível, contratos e de direito do consumidor. “Esta área tem uma particularidade. Atendo clientes no Brasil inteiro, viajo para audiências, julgamentos, vou a fóruns e tribunais”, diz ele. Há muito, conta Passaro, que a geração de negócios deixou de ser só intensa no eixo Rio-São Paulo, o que contribui para maior volume de viagens a trabalho. O mesmo acontece com a advocacia imobiliária, segundo ele. E, caso os negócios entre empresas envolvam clientes internacionais, o advogado também deve estar preparado para carimbar seu passaporte. Passaro diz viajar pelo Brasil quase toda semana para estadas mais curtas. Mas também faz viagens internacionais a trabalho, sobretudo para os Estados Unidos e Inglaterra.
- 8. Marketing na indústria musical
8 /13(Getty Images)
Carlos Merussi, subgerente de marketing da Yamaha Musical do Brasil, define seu trabalho como marketing puro. “É conhecer o mercado, saber o que ocorre”, diz. Neste contexto, como subgerente da área na Yamaha Musical, suas viagens são frequentes. Pesquisa de mercado, lançamento de novos produtos, e visitas a revendedores são alguns dos motivos que fazem Merussi colocar o pé na estrada. “Viajo, em média, a cada 15 dias. Vou a capitais e a cidades médias do Brasil”, conta. E para ele, há 11 anos trabalhando na Yamaha, sair de São Paulo para trabalhar não foi novidade. “Sou músico também e costumava tocava com bandas. Viajávamos bastante”, diz.
- 9. Palestrante
9 /13(Divulgação)
A disponibilidade para viajar é uma das regras de ouro de quem deseja seguir na carreira de palestrante. No ramo há 5 anos, Eline Kullock tem as viagens como parte de sua rotina de trabalho. “Viajo pelo menos todo mês para fazer palestras Brasil afora”, conta a especialista em Geração Y que também é headhunter. Visitar lugares diferentes, diz Eline, traz grande benefício. “Sempre voltamos com uma bagagem diferente” diz.
- 10. Auditor
10 /13(PhotoRack)
Viagens são frequentes para auditores internos de grandes companhias e externos , segundo explica Emerson Ferreira, sócio da Deloitte. O auditor interno tem como função examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos de uma determinada empresa - neste caso ele pode ser interno mesmo, contratado pela empresa ou até mesmo contratado por uma firma de auditoria e consultoria, no caso a Deloitte. Já o auditor externo ou independente - como chamamos- trabalha para uma firma específica (a Deloitte, por exemplo) e assim atende diversos clientes. Ele é contratado para dar um parecer sobre determinado fato - geralmente realizam parecer de demonstrações contábeis. Neste caso, as viagens também são recorrentes, mas como são diversos clientes, os destinos são diferentes também. “Um auditor externo pode ter que viajar pelas fábricas e escritórios das empresas que são clientes da consultoria para a qual trabalha para fazer os procedimentos de auditoria”, diz Emerson Ferreira. Mas em geral, diz, não são viagens que duram muito tempo porque há o trabalho de toda uma equipe envolvido no processo de auditoria. “Procedimentos de auditoria, durante a viagem, não são muito extensos, na média, duram uma semana”, diz.
- 11. Gerência de meio ambiente, saúde e segurança do trabalho (em grandes empresas)
11 /13(Renato Spencer/Veja)
Engenheira química por formação, Lea Mayor é responsável por gerenciar, implementar, e garantir a conformidade legal de programas relacionados a meio ambiente, saúde e segurança nas fábricas e centros de distribuição da multinacional Pepsico no Brasil. Por conta disso, sua agenda inclui viagens toda semana para visitar fábricas, e se reunir com suas equipes locais. “Por se tratar de uma multinacional, o objetivo é comum, mas a forma de alcançá-lo varia. Conforme o local, os processos são diferentes”, conta. Assim, viajar é fundamental para o seu trabalho. “Para conhecer a fábrica, a comunicade local, os órgãos públicos locais”.
- 12. Jornalista especializado em turismo
12 /13(Divulgação)
Entre os jornalistas, aqueles que são especializados em turismo são os que, em tese, mais viajam. Que o diga Fernando Souza, hoje editor da revista Viagem e Turismo. Para se ter uma ideia, sua última viagem longa a trabalho foi de dar inveja a muito turista. “Em janeiro, passei 3 semanas esquiando nos Alpes alemães, almoçando e jantando em restaurantes estrelados”, conta. No roteiro deste ano ainda estão programadas viagens a trabalho para Estados Unidos e para Alemanha. Mas sua bagagem de viagens é longa. Trabalhou 8 anos no Guia Quatro Rodas ( 2002 a 2010) e lá era “mês sim mês não” com o pé na estrada. E com roteiros frenéticos. “Às vezes, eu acordava em uma cidade e não conseguia lembrar onde eu estava, precisava pegar as minhas anotações para lembrar”, conta ele que chegou a ir de São Paulo à fronteira com a Bolívia, de carro, marcando todos os postos de gasolina do caminho para colocar no guia.
- 13. Agora, veja os profissionais mais procurados em 42 países
13 /13(Kacper Pempel/Reuters)