Carreira

Um método preguiçoso (e eficaz) de combater a procrastinação

Estudo revela uma maneira simples e prazerosa de você acabar de vez com a procrastinação

Procrastinação: basta seguir dois passos simples para evitá-la (Thinkstock)

Procrastinação: basta seguir dois passos simples para evitá-la (Thinkstock)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 23 de novembro de 2015 às 07h31.

Última atualização em 30 de novembro de 2017 às 11h03.

São Paulo - Se você é um preguiçoso assumido e já tentou várias vezes - sem sucesso - combater a procrastinação, saiba que existe um método que pode forçá-lo de vez a cumprir com suas responsabilidades. E o melhor, ele envolve fazer aquilo de que você mais gosta.

Não se trata apenas de mais uma fórmula mágica, mas, sim, de um um estudo feito por pesquisadores da Wharton School da Universidade da Pensilvânia.

Tudo começou quando a professora Katherine Milkman, especialista em economia comportamental, percebeu que precisava de um "empurrãozinho" para se obrigar a frequentar a academia.

Ela decidiu que a partir de então só poderia fazer o seu passatempo preferido - ouvir audiolivros dos Hunger Games (Jogos Vorazes) - durante seus treinos.

O resultado? Katherine passou a se exercitar cinco vezes por semana. Impressionada com o avanço, ela decidiu investigar se essa técnica funcionaria com outras pessoas.

Experimento
A professora convidou para o experimento 230 alunos que tinham dificuldades de ir aos treinos e os dividiu em três equipes.

O primeiro grupo recebeu um iPod com audiolivros, mas só teria acesso a eles quando estivesse na academia. O segundo também recebeu os áudios, mas foi apenas “encorajado” a ouvi-los durante os treinos.

O terceiro grupo, sem receber iPods, ganharia apenas um atestado de presença nos dias em que se exercitasse.

O resultado não é difícil de imaginar. O grupo 1 teve desempenho 29% melhor do que o grupo 2 e 51% melhor do que o grupo 3. Mas, além de confirmar a expectativa da pesquisadora, o teste trouxe uma outra informação curiosa.

Para não cair na tentação de ouvir os áudios sem ir à academia, a maioria dos participantes (61%) disse que estaria disposta a pagar para que lhe tirassem o controle sobre o iPod. Só assim, não correriam o risco de trapacear por impulso.

Segundo a pesquisadora, a atitude mostra as limitações que temos em cumprir as regras que criamos para nós mesmos. Portanto, delegar esta fiscalização a terceiros pode ser mais efetivo - principalmente para quem é preguiçoso demais para fazer isso por conta própria.

O mecanismo de usar aquilo que gostamos como "isca" para a execução de uma tarefa necessária - mas não desejada - foi batizado pela pesquisadora de temptation bundling (algo como agrupar a tentação, na tradução livre).

Mas se você não é um grande fã de audiolivros, não se preocupe. O experimento descrito acima pode ser aplicado em diversas situações, como explicou o blog Barking Up The Wrong Tree. Basta seguir dois passos simples:

1. Coloque em jogo alguma coisa que você adora fazer
Pode ser algo simples, como um hábito alimentar ou um hobby. Você pode decidir, por exemplo, que só irá comer chocolate quando estiver estudando, ou que só ouvirá sua banda favorita enquanto escrever aquele relatório. A nova "regra" imposta por você, além de incentivá-lo a fazer o que  precisa, vai trazer mais prazer durante a execução.

2. Não confie em si mesmo...
Para não cair na tentação de fazer apenas o que você quer e deixar de lado o que você precisa, peça ajuda a um amigo. Dê a ele o controle sobre alguma coisa de que você gosta e peça que só lhe devolva quando você tiver cumprido a sua parte do trato. Assim, desejo e responsabilidade deixam de ser coisas dissociadas e trapacear para de ser uma opção.

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