Uber concede férias e direitos trabalhistas a motoristas do Reino Unido
Mudança reclassifica esses trabalhadores como "workers", opção que não traz a formalização total, mas é considerada avanço pelos trabalhistas
Victor Sena
Publicado em 16 de março de 2021 às 18h32.
Última atualização em 18 de março de 2021 às 10h43.
A Uber vai tirar seus motoristas do Reino Unido da informalidade, após uma decisão judicial. Com isso, eles terão direito a férias salariais e pensões. Ainda não há uma decisão, porém, sobre um pagamento mínimo de horas trabalhadas.
Segundo o jornal The Wall Street Journal, a empresa diz que garantirá a seus motoristas o salário mínimo do Reino Unido somente depois que eles aceitarem uma primeira viagem, e não a partir do momento em que eles se inscrevam no aplicativo, como querem os ativistas trabalhistas.
As relações trabalhistas do Brasil e do Reino Unido têm categorias diferentes e esse status em que os trabalhadores entraram não significa uma formalização total como a conhecida pelas regras da CLT brasileira.
A mudança reclassifica esses trabalhadores como "workers" (trabalhadores, na tradução literal). A opção que se assemelha à CLT é a de "employee", com proteção mais ampla e mais benefícios.
O Uber anunciou as mudanças nesta quarta-feira depois de perder seu recurso final no mês passado na justiça.
A mudança tornará o país o primeiro lugar onde o Uber está pagando diretamente pelas férias e pensões de seus motoristas. A empresa já oferece seguro médico em diversos mercados.
Brasil
No Brasil, os trabalhadores vinculados à Uber e a outras plataformas semelhantes têm adotado algumas estratégias em busca da formalização, como o projeto da Lei Distrital 6.677/2020 que visa reconhecer a ligação trabalhistas.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST), última instância da Justiça em matéria trabalhista, julgou apenas dois casos dessa natureza e, em ambos, a corte entendeu pela inexistência de vínculo de emprego entre os reclamantes e a Uber.
Em nota enviada à EXAME, a Uber afirma que em todo o país, já são mais de 800 decisões de Tribunais Regionais e Varas do Trabalho que confirmam que não existe relação de trabalho entre o motorista e a empresa.
"Os motoristas parceiros não são empregados e nem prestam serviço à Uber: eles são profissionais independentes que contratam a tecnologia de intermediação digital oferecida pela empresa por meio do aplicativo."
A empresa também afirma que não a jurisprudência confirma isso por não haver onerosidade, habitualidade, pessoalidade e subordinação, requisitos que configurariam o vínculo empregatício entre a empresa e os motoristas.
Nesta terça, a prefeitura do Rio de Janeiroanunciou que vai cobrar 1,5% das corridas deaplicativos de transporte na cidade de acordo com decreto publicado nessa terça feira que regulamenta o serviço. O tema é discutido há anos no Rio de Janeiro e as regras agora devem entrar em vigor em um mês.
*Esta matéria está em atualização