Exame Logo

Torne-se credor de uma empresa. Pode compensar

A oferta de debêntures ao pequeno investidor vai aumentar. Alguns papéis chegarão ao mercado com isenção de Imposto de Renda, o que pode engordar o retorno da aplicação

Debêntures podem ser uma boa opção de investimento para seu dinheiro (Marcos Santos/USP Imagens)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 15h42.

São Paulo - Você já pensou em ganhar dinheiro financiando uma empresa? Pois saiba que o investimento em debêntures — títulos de dívida emitidos por empresas — é uma opção que tem conquistado cada vez mais investidores. O grande atrativo está na rentabilidade média oferecida por esses papéis, superior aos ganhos com produtos de renda fixa tradicionais, como títulos públicos e Certificados de Depósito Bancário ( CDBs ).

Até julho deste ano, 18 bilhões de reais em debêntures foram parar nas carteiras dos fundos de investimentos, volume 23% superior ao de todo o ano passado, de acordo com os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Veja também

A maneira mais fácil de investir em debêntures é aplicar em um fundo de crédito privado, que terá também na composição outros títulos de dívida, como letras financeiras (emitidas pelos bancos) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). "Mas até os fundos de renda fixa mais conservadores têm comprado debêntures para dar ao investidor uma rentabilidade melhor", afirma Márcio Guedes, diretor da Anbima.

Para saber se o fundo em que você investe tem esses papéis embutidos, converse com seu gerente e peça a ele o detalhamento da composição da carteira em que está investindo, pois a decisão de escolher ou não os papéis é do gestor.

O fato é que bancos e corretoras vêm encontrando aí uma boa forma de turbinar os ganhos dos pequenos investidores depois das quedas consecutivas da taxa básica de juros da economia, a Selic.

A tendência é que a compra direta por pessoa física tome impulso com os novos títulos voltados aos projetos de infraestrutura. Batizados de "debêntures incentivadas", esses papéis chegarão ao mercado com isenção de Imposto de Renda (IR), o que pode aumentar ainda mais o retorno da aplicação.


A concessionária de rodovias Autoban, do grupo CCR, está prestes a testar o apetite do investidor de varejo. A emissão dos papéis, marcada para o dia 15 de outubro, se for bem-sucedida pode puxar uma fila de operações com potencial para movimentar bilhões de reais a serem investidos em estradas, aeroportos e em outras obras de infraestrutura que precisam ser realizadas antes da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.

Fique de olho

Se você quer diversificar suas aplicações e está disposto a correr algum risco, considere também que as debêntures são papéis privados de longo prazo, com vencimento médio de cinco anos. Além disso, diferentemente das ações ou dos títulos do governo, são pouco negociadas.

Em outras palavras, se você for comprar e quiser (ou precisar) vender esses papéis antes do prazo de vencimento, pode enfrentar dificuldades para achar um comprador.

Se o problema persistir, o preço negociado pode ter um desconto que comprometa a rentabilidade do investimento. "O poupador só deve colocar em debêntures o dinheiro que não vai precisar por alguns bons anos" diz Ricardo Rocha, professor do Insper, escola de administração e economia de São Paulo.

Até mesmo os fundos que aplicam em debêntures podem ter regras mais restritas de saída — é bom checar isso com seu gestor. A Caixa Econômica Federal prepara, provavelmente para outubro, o lançamento do primeiro fundo de debêntures incentivadas do mercado, e o resgate do investimento poderá ser feito apenas por venda de cotas no mercado secundário (Bovespa). O aporte inicial no fundo terá um valor entre 1.000 e 5.000 reais.

Fique de olho ainda no risco da aplicação. Afinal, quem compra o papel torna-se credor de uma empresa. O perigo, portanto, é o de calote. Uma vantagem dos fundos de investimento é mitigar o risco comprando títulos de companhias diferentes. No portfólio do novo fundo da Caixa, por exemplo, farão parte as debêntures da empresa de trens urbanos SuperVia, da América Latina Logística (ALL) e da concessionária Rota das Bandeiras.

Agora, se você é daqueles que gostam de participar diretamente das ofertas públicas, informe-se sobre as perspectivas de negócio da empresa emissora. Leia o prospecto de oferta — com as características da emissão e da empresa.

Uma dica de Fernando Meibak, sócio da consultoria de planejamento financeiro Moneyplan, é ficar de olho na classificação de risco da operação, avaliação obrigatória que consta no prospecto. "Um critério é comprar debêntures que tenham, no mínimo, nota duplo A concedida por agência internacional", diz Fernando.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasDebênturesEdição 172ImigraçãoMercado financeiro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Carreira

Mais na Exame