Carreira

SXSW: Quais desafios e oportunidades podemos esperar no mercado de trabalho?

Executivos que participaram do evento, nos EUA, compartilham os principais insights sobre as mudanças que podemos esperar no mundo corporativo com os avanços tecnológicos

Entre robô, emprego de futurista e mais investimento em saúde mental, uma coisa liga todas as tendências anunciadas na SXSW: a IA  (Bloom Productions/Getty Images)

Entre robô, emprego de futurista e mais investimento em saúde mental, uma coisa liga todas as tendências anunciadas na SXSW: a IA (Bloom Productions/Getty Images)

Publicado em 16 de março de 2024 às 08h02.

O South by Southwest (SXSW), aconteceu no Texas, EUA, entre os dias 8 e 16 de março. O evento contou com diversos painéis sobre a inovação no mundo, reunindo líderes globais de vários países. Entre diferentes assuntos como robótica, diversidade e biotecnologia, a inteligência artificial se destacou como o tema principal do evento, segundo Astério Segundo, CEO da agência 35, que participou da SXSW.

“Quando falamos de inteligência artificial, não estamos falando de futuro. Ela já está presente no nosso dia a dia. O site thereisanaiforthat.com catalogou mais de 12 mil IAs capazes de atuar em mais de 16 mil tarefas. São ferramentas capazes de simplificar, acelerar e maximizar resultados. Entender essas possibilidades será crucial nos próximos anos para quem quer se destacar em uma carreira”.

Para Thiago Winkler, Head de operações da Dentsu World Services no Brasil, graças a IA, a humanidade terá ferramentas cada vez mais poderosas para amplificar as nossas capacidades. Neste cenário, ele destaca duas tendências para o mercado de trabalho que foram apresentadas no evento.

Profissionais mais generalistas

“Seremos menos construtores e mais modeladores do nosso trabalho. A tendência é que vejamos cada vez mais profissionais generalistas que sejam capazes de aproveitar ao máximo as capacidades que IA está trazendo.”

Cargo de Futurista

Veremos empresas investindo em C-level de futurismo com o papel de mostrar possível futuro para os clientes.”

A robótica e a felicidade do trabalho também foram temas de alguns painéis, que segundo Léo Xavier, sócio fundador da Môre, talent tech com foco em produtos e serviços digitais, foram assuntos que chamaram a atenção não por serem novos, mas por ainda serem desafios reais e que prometem impactar o futuro do trabalho.

Robótica

Quais serão as implicações e impactos do exponencial aumento de robôs no nosso dia a dia? A conclusão mais usual, segundo Xavier, foi sobre estabelecer as fronteiras entre um robô servir ou substituir humanos.

“Todas as áreas terão robôs, entendendo a amplitude do que é um robô. Pode ser um acompanhante de idosos ou crianças, um carregador de peso num depósito, um garçom num restaurante...Não é sobre o que humanos podem fazer em ralação aos robôs, mas sobre como vamos ter aplicações para servir e não substituir os humanos.”

Felicidade é performance

A professora de Yale, Laurie Santos, foi categórica em afirmar que pessoas felizes performam melhor e, tão importante quanto, empresas com funcionários felizes fazem mais dinheiro. Para comprovar a tese, a professora dividiu estudos que apontam a correlação direta entre felicidade e lucratividade e compartilhou 5 iniciativas para aumentar felicidade no trabalho:

  • Reconhecer suas emoções negativas e usá-las de maneira inteligente
  • Repensar foco em produtividade e proteger fluidez de tempo
  • Motivar uma melhor performance por meio de autocompaixão
  • Lutar contra Burnout ao tornar sua atividade em um propósito
  • Achar maior pertencimento ao construir relações sociais no trabalho

A “Geração T” foi uma expressão nova que Felipe Bragatto, sócio da Escola do Caos, conheceu durante o evento. “Trata-se da nossa geração, que é conhecida como ‘geração de transição’, que está pegando todo esse movimento para o digital. Agora vamos começar a ver uma explosão de aparelhos aparecendo e vamos precisar acompanhar seus avanços para ter espaço no mercado.”

Além da expressão nova, entre várias tendências que ouviu, duas lhe chamaram a atenção:

Acompanhar o ritmo da IA

No painel da futurista Amy Webb, foi apresentado que o humano evolui muito mais rápido com a IA e que precisamos nos preparar para acompanhar a IA em um ritmo mais acelerado.

“Como profissional, preciso identificar minhas tarefas operacionais que podem ser solucionadas com a IA e focar tempo em processos mais estratégicos e criativos. A criatividade humana vai prevalecer nessa era do IA”, afirma Bragatto.

Educar a IA para a diversidade

Como a IA vai aprender a extinguir os vieses preconceituosos humanos foi um dos temas do evento apresentador por Joy Buolamwini, no SXSW.

“Ela citou um exemplo de como mulher negra, chegou a não ter a face reconhecida com a IA, enquanto sua colega, uma mulher branca foi rapidamente”, diz o sócio da Escola do Caos que comenta que essa história sobre o viés dos algaritmos é mais bem contado do documentário “Coded Bias”, disponível no Netflix.

Com a IA dominando os processos, como dominar as emoções nesta era tecnológica e de rápidas transformações? Diogo Oishi, diretor de pessoas na Swile, empresa de benefícios flexíveis, fala que um dos desafios do mercado, segundo muitas palestras que assistiu na SXSW, estão os investimentos em saúde mental, assim como o investimento em mais tecnologia nos processos de RH e em novas empresas no mercado.

Recrutamentos usando IA

Tendência sobre como as novas tecnologias serão aplicadas ao mercado de trabalho também foi um dos temas do evento. Segundo Oishi, foi apresentado um dado de que a inteligência artificial pode aumentar a produtividade e eficiência em até 41%, mas deve ser utilizada para complementar e não substituir a inteligência emocional humana.

“Por exemplo, foi destacado o uso da IA no processo de recrutamento, mas trouxeram um alerta de que não deveríamos confiar nessa tecnologia na hora de escolher a pessoa certa, uma vez que o sistema segue um padrão de repetição”, diz o executivo que afirma que a ideia é incluir mais mulheres e pessoas diversas para criar essas tecnologias os vieses criados na IA atual.

Mais empresas com IA, menos funcionários

Em uma das palestras a discussão aponta para uma economia de startups inovadoras, com mais empresas menores desenvolvendo soluções criativas, afirma Oishi:

“Provavelmente vai ter mais empresas no futuro, ainda mais com a nova economia de startups. Estamos vemos cada vez mais startups, ou seja, mais empresas com menos funcionários, é onde os processos são mais tecnológicos e a nova geração é mais atraída.”

Custo com a saúde mental

O custo global com saúde mental aumentou de 6 para 9 trilhões de dólares em um ano, indicando um crescimento de 50% e destacando-se como o maior custo de saúde no mundo, afirma Oishi, que destaca a necessidade de investir em saúde mental, especialmente para reter a geração Z, que já representa hoje uma parcela significativa da força de trabalho nos Estados Unidos (50%) e no Brasil (25%).

“É uma geração que viu, durante a pandemia, que é possível flexibilizar o trabalho e por isso que não aceita bem a cultura do presencial, além disso outros fatores como um volume alto de informações e lideranças tóxicas de outras gerações impactam muito esses novos profissionais”, diz Oishi que lembra que o Brasil é destacado como o país mais ansioso do mundo, com altas taxas de burnout e estresse, enquanto nos Estados Unidos há um aumento nos casos de suicídio.

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