Carreira

O Sul está a pleno emprego. Passe por lá nas férias

As pequenas e médias empresas estão se modernizando e já rivalizam com as grandes na disputa por mão de obra qualificada

José Bosco, engenheiro paulista que trabalha na indústria automotiva em Curitiba: carreira acelerada no Sul (Foto: Marcelo Almeida, Ilustração: Marcos Müller/EXAME.com)

José Bosco, engenheiro paulista que trabalha na indústria automotiva em Curitiba: carreira acelerada no Sul (Foto: Marcelo Almeida, Ilustração: Marcos Müller/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 19h26.

São Paulo - Na primeira vez que foi a Curitiba, no Paraná, em 1997, o engenheiro eletricista José Bosco Silveira Júnior, hoje com 39 anos, estava de férias. Ele trabalhava na Philips de São José dos Campos, a 100 quilômetros de São Paulo, e planejava descansar para continuar a viagem até Chuí, no Rio Grande do Sul.

“Encantei-me com a organização da cidade, seu sistema de transporte e os parques”, diz. Seis meses depois, ele retornou à cidade para trabalhar como engenheiro de processo de manufatura da montadora Chrysler.

Em Curitiba, José teve oportunidade de mudar de emprego e crescer profissionalmente. Há três anos, ele preside a divisão brasileira da Brose, multinacional alemã que fornece componentes para a indústria automotiva.

José é um dos profissionais que surfaram a segunda onda da industrialização da região, ocorrida em meados da década de 1990, quando Renault e Volkswagen instalaram-se na vizinha São José dos Pinhais, trazendo a cadeia produtiva do segmento, formado por empresas médias, e multiplicando as oportunidades de trabalho. Atualmente a taxa de desemprego em Curitiba é menor do que 4%, a mais baixa do país.

O rendimento médio mensal da população ocupada, descontada a inflação, é de 1 600 reais, abaixo somente do dos profissionais de São Paulo e Rio de Janeiro.

Floripa e região

Caso José tivesse feito escala em Florianópolis, em Santa Catarina, ele teria se encantado com as praias e com o polo tecnológico que se consolidava na região. O segmento de software e serviços da capital catarinense faturou 602 milhões de reais no ano passado.

As 112 companhias, de pequeno e médio porte, que participaram de uma pesquisa realizada pela Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate), fecharam o ano com 560 empregos não preenchidos. Até o final de 2011, mais de 1 500 pessoas devem ser contratadas pelo segmento.

Como os estabelecimentos de ensino oferecem 833 vagas em cursos de graduação na área de tecnologia da informação, a conclusão é óbvia: vai faltar gente. Entre os profissionais mais cobiçados estão analistas de sistemas, programadores e desenvolvedores. Para acelerar a capacitação de pessoal, Rui Luiz Gonçalves, presidente da Acate, acredita que muitos analistas podem ser formados em cursos de curta duração.

“Nada impede que um engenheiro agrônomo seja transformado em analista de sistemas.” Recentemente, o governo estadual anunciou um programa de qualificação de até 400 horas com 1 000 vagas. Em um ano, o profissional está apto a atuar em TI. Outra solução é importar talentos.


Atualmente, de cada dez profissionais que trabalham com TI em Santa Catarina, quatro vieram de outros estados. “Temos uma moeda de troca fantástica para atrair capital humano: a qualidade de vida”, diz Rui. Os salários, porém, são até 30% inferiores aos pagos no eixo Rio-São Paulo, mas as perspectivas de carreira são melhores, diz o presidente da Acate. 

Porto alegre e adjacências

No Rio Grande do Sul, o governo local tem investido no desenvolvimento da indústria de tecnologia para aumentar a oferta de empregos qualificados. Atualmente os dois grandes polos estão estruturados em São Leopoldo, no Tecnosinos, e na capital, Porto Alegre, no TecnoPUC.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem planos para implantar uma incubadora de empresas com alto grau de inovação e o governo municipal tem conversado com investidores paulistas visando a instalação de um parque tecnológico na zona sul da cidade.

Além de tecnologia, a construção civil, o turismo de saúde e de negócios e o setor de serviços têm demandado profissionais no Rio Grande do Sul. Um dos diferenciais das cidades sulinas é a qualidade de vida aliada à boa infra-estrutura de lazer e educação.

Os salários, antes um ponto negativo se comparados a São Paulo e Rio, agora estão passando por revisão. Em setores como o automotivo e o de alimentos e bebidas, a remuneração já está bem próxima à oferecida nas metrópoles do Sudeste.

Como os índices de emprego nas três capitais do Sul apontam para o pleno emprego, é cada vez mais comum os RHs da região buscarem gente em outros estados. Nas próximas férias, considere passar por Curitiba, Florianópolis ou Porto Alegre. Pode ser que você acabe ficando por lá, como aconteceu com o engenheiro paulista José Bosco.

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