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Ser chefe antes dos 30 anos é sucesso ou roubada para carreira?

Nem todo mundo acredita que ser líder bem jovem é necessariamente sinônimo de êxito

 (tatyana_tomsickova/Thinkstock)

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Alexa Meirelles

Alexa Meirelles

Publicado em 13 de junho de 2017 às 06h00.

Última atualização em 13 de junho de 2017 às 16h09.

São Paulo - Alcançar um cargo de gestão cedo é o sonho de muitos jovens que estão ingressando no mercado de trabalho. Profissionais inteligentes, criativos, proativos, e que na maioria das vezes, já possuem um currículo invejável aos 20 e poucos anos, são os mais cotados para alcançar essa meta.

Apesar de exemplos conhecidos de sucesso, para alguns especialistas, ser chefe tão cedo pode não ser tão benéfico nem para você, e nem para a sua carreira. Jaqueline Weigel, coach da PCC, acredita que assumir uma responsabilidade desta importância antes dos 30 anos pode ser prejudicial:

“É muito cedo, e o profissional pode não ter maturidade emocional. Ele não tem ‘musculatura sênior’”. Por isso, Jaqueline acredita que o jovem de hoje deve desenvolver habilidades comportamentais, nada que peça conhecimento acadêmico e/ou técnico.

“O profissional deve preocupar-se menos com o currículo e mais com micro graduações para se habituar cada vez mais e trabalhar em áreas diferentes, e menos com conteúdo técnico e mais com habilidades. A carreira tecnicista tende a ter um campo de trabalho restrito, e o bom profissional do futuro deve ter a flexibilidade e capacidade de mudar”.

Ela também diz que planejar a carreira a longo prazo pode ser perigoso se não houver flexibilidade. “Os mercados estão mudando cada vez mais e uma visão de carreira engessada pode ser frustrante para o próprio profissional, ao perceber que seus planos iniciais não estão se realizando”.

João Marcelo Furlan, presidente da Enora Leaders, teve seu primeiro cargo de chefia formal aos 23 anos e tem uma visão diferente sobre o assunto. Ele fez um programa de trainee focado em aceleração profissional, e aos 25 anos, já fundava a Enora.

Para ele, ser líder ou chefe independe da idade do profissional. “A maturidade emocional vem das experiências e decisões que a pessoa tomou, e a partir de seus resultados positivos ou negativos, o profissional aprende, se desenvolve e amadurece”, afirma.

Furlan também acredita que atualmente os jovens têm mais contato com experiências que despertam o senso de liderança. Ele cita como exemplo o próprio ambiente universitário. Aos 20 anos, foi presidente do diretório acadêmico do Insper, onde se graduou.

Eram cerca de 20 pessoas se reportando diretamente a ele naquela época. “Estes são ambientes onde você pode vivenciar um formato de organização com hierarquia”, diz Furlan.

4 dicas para quem quer liderar antes dos 30 anos

Furlan dá quatro dicas para os profissionais que pretendem chegar a cargos de liderança antes dos 30 anos. Para ele, o profissional deve começar investindo nas suas próprias habilidades. “Quanto mais você aprende sobre si mesmo, mais autoconfiança vai ter. Ninguém o seguirá se você não confiar em si mesmo”.

A importância de ter um mentor, ainda que seja alguém de outra área, é citada por Furlan. Escolha alguém de fora que possa observar e opinar sobre o seu trabalho – e sobretudo, falar sobre você para o mercado. O que leva diretamente para a terceira dica, que é se mostrar, e jamais “se esconder”.

“Vai ter um momento em que um comitê analisará se você deve ou não ser promovido. Essas pessoas devem saber do seu valor. Não basta só fazer, eles precisam saber que você faz”.

Por fim, o quarto ponto importante para a formação de um líder é o trabalho em equipe. “Quando se tem uma equipe, você tem uma noção melhor de trabalho, de delegação de atividades, de metas e planos”.

E com a palavra um jovem CEO:

José Piccolotto é CEO da Kemin e tem 33 anos de idade. Para ele, uma liderança jovem traz energia, agilidade e sangue novo para a empresa. Mas para chegar lá, é essencial ter um plano já traçado.

“A pessoa precisa ter os objetivos claros, ter metas. É muito comum haver profissionais que pensam em curto prazo, sem saber onde querem estar nos próximos 5 anos”.

Para crescer dentro da empresa, a dica de José para o jovem profissional é nunca se acomodar: “Se mostre sempre disponível para a empresa. Procure algo para fazer. Se perceber que está na zona de conforto, saia”.

 

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