"Ultimamente, apenas jovens cujos pais podem pagar [as despesas] têm uma chance", afirmou David Hyde (Reprodução/Twitter/Tribune de Genève)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2015 às 21h34.
São Paulo - Trabalhar na Organização das Nações Unidas é um sonho para jovens espalhados por todo o mundo. Já imaginou, ganhar uma vaga para trabalhar em Genebra, uma cidade incrivelmente cara? E já imaginou, se o trabalho é 100% voluntário?
David Hyde, jovem da Nova Zelândia, conseguiu a oportunidade de estagiar na sede da organização, na Suíça. Sem dinheiro para pagar estadia, no entanto, ele improvisou uma solução: vive acampado perto do local onde trabalha.
A história do jovem, acampado há duas semanas, foi revelada pelo jornal Tribune de Genève. Ao periódico, ele contou que a maioria de seus colegas é sustentado pelos pais, que tem melhores condições financeiras.
"Ultimamente, apenas jovens cujos pais podem pagar [as despesas] têm uma chance", afirmou. A maioria dos estágios da ONU não oferece remuneração, auxílio para alimentação, transporte ou despesas médicas.
Pós-graduado em Relações Internacionais, Hyde pretende ficar seis meses na cidade.
"Talvez eu tenha sido ingênuo em vir. Essa política [de estágios não remunerados] me deixa furioso. No entanto, se eu for embora antes do tempo, não vou ganhar meu certificado", contou ao Tribune.
Stagiaire non rémunéré à l’ONU, David vit sous tente http://t.co/UaShM8eZyT #Genève pic.twitter.com/TBjzjO8abG
— Tribune de Genève (@tdgch) 10 agosto 2015
O modelo de estágio não-remunerado é adotado pela maioria das organizações internacionais, e também é alvo de críticas.
De acordo com um ex-estagiário da organização ouvido pelo News.com.au, o visto cedido pelo governo suíço não permite que os estagiários da ONU consigam outro trabalho para ganhar dinheiro.
Um porta-voz da organização disse ao Tribune que a ONU emprega 162 estagiários por ano, e cabe a cada agência definir sobre o esquema de remuneração.
De acordo com o Washington Post, recentemente, alguns estagiários da ONU organizaram uma marcha por Genebra para protestar contra os estágios não-remunerados, alegando que a falta de pagamento configura como uma violação da Declaração dos Direitos Humanos.