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Saiba quem são os psicopatas de gravata

Especialistas revelam que psicopatas corporativos existem e são mais comuns do que se imagina. Aprenda a identificá-los e enfrentá-los

Psicopatas corporativos: o comportamento das pessoas com esse distúrbio vai muito além de perfis dispostos à matança (Mariana Coan/EXAME.com)

Psicopatas corporativos: o comportamento das pessoas com esse distúrbio vai muito além de perfis dispostos à matança (Mariana Coan/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 11h19.

Última atualização em 28 de setembro de 2017 às 16h25.

São Paulo - Estima-se que existam 69 milhões de psicopatas no mundo. Nem todos eles estão nos seriados de TV, em instituições de saúde ou escondidos em suas casas.

Alguns podem estar no seu escritório, dando ordens, ouvindo suas histórias pessoais ou espalhando boatos para os colegas durante a happy hour da firma. No trabalho, psicopatas são atraídos por dinheiro e poder, manipulam pessoas, causam medo, perseguem e prejudicam quem está ao seu redor.

Segundo o psicólogo nova-iorquino Paul Babiak, coautor do livro Snakes in Suits: When Psychopaths Go to Work (em português, "Cobras de terno: quando psicopatas vão ao trabalho"), inédito no Brasil, é quatro vezes mais comum encontrar psicopatas em ambientes corporativos do que na população em geral.

Embora Hollywood associe o psicopata ao assassino, o comportamento das pessoas com esse distúrbio vai muito além de perfis dispostos à matança.

Com charme maquiavélico, eles manipulam os subordinados, os levam a cometer atos antiéticos e são capazes de chantagear sem culpa. "Quando você conhece um, quase gosta dele", diz Paul. "O psicopata consegue criar uma persona que reflete exatamente as coisas nas quais você acredita."

Muitas vezes confundidos com líderes natos por aparentar motivação, capacidade de assumir riscos e esconder habilidosamente suas fraquezas, os psicopatas são hábeis em galgar aos mais altos cargos. "No fundo, tudo o que querem é obter poder e dinheiro à custa da empresa, não se importando realmente com o avanço dela nem com seus colegas", diz Paul.

Neste fim de ano, está sendo lançado no Brasil o livro Trabalhando com Monstros - Como Identificar Psicopatas no seu Trabalho e Como se Proteger Deles (Ed. Fundamento), do australiano John Clarke, doutor em psicologia.

O livro esmiúça as atitudes de um psicopata na corporação, que vão desde roubar ideias dos colegas e assediá-los moralmente até demiti-los injustamente para tornar a vida das vítimas extremamente difícil e dolorosa.


Segundo John, o psicopata acha as posições executivas atraentes, pois elas lhe permitem exercer um elevado nível de poder sobre outras pessoas. Suas vítimas alegam sentir o controle de suas vidas, ter ataques de pânico, depressão, raiva, impotência, vergonha, entre outros sintomas que culminam na falta de confiança nelas mesmas, nos colegas e na própria empresa.

Confira a seguir as dicas dos especialistas para identificar e aprender a se esquivar o quanto antes da mira desse tipo de manipulador.

O que faz um psicopata no trabalho?

A primeira característica do psicopata é a falta de consciência, o que o leva a cometer uma série de atos, como:

  • • humilhar uma pessoa em público ou ser agressivo com ela;
  • • implicar com a pessoa, ridicularizar o trabalho dela, ou qualquer tipo de tortura psicológica;
  • • espalhar mentiras maliciosamente a respeito de um profissional para prejudicar sua reputação ou incentivar pessoas a fazer o mesmo;
  • • mudar rapidamente de comportamento para manipular as pessoas ou causar elevados níveis de medo;
  • • encorajar colegas de trabalho a atormentar, perseguir, molestar e humilhar uma vítima;
  • • tratar pessoas de forma desigual, prejudicando subordinados e bajulando chefes e superiores;
  • • pedir o cumprimento de tarefas inatingíveis a alguém ou invadir a privacidade dos outros, lendo seus e-mails, arquivos e correspondências para utilizar as informações no futuro como chantagem.

O que fazer se o meu chefe é um psicopata?

"É importante garantir que a direção da empresa o conheça", diz John. Anote todas as atitudes ruins que ele cometer e jamais o acuse de psicopata diretamente, pois você não tem qualificação para tanto. Documente tarefas e faça-o comprometerse por escrito (respondendo para o seu e-mail). Para não perder a credibilidade, "nunca entre em uma competição de gritos, nunca o chame de psicopata e não tente espalhar rumores sobre ele", diz o australiano.


Como evitar se tornar uma vítima?

A melhor arma para se proteger é conhecer como ele pensa e age. Um psicopata costuma fingir que tem as mesmas fragilidades que a vítima para criar vínculos com ela. "Não importa se você é gerente, colega ou funcionário de um psicopata, você pode minimizar o risco de ser vítima ao desenvolver maior consciência das suas fragilidades e vulnerabilidades", diz John. O psicopata também tenta isolar a vítima dos outros colegas.

O que fazer se o seu colega for um psicopata?

Nunca encubra ou termine um trabalho para ele, pois isso o tornará uma vítima fácil de manipular, orienta John em seu livro. Além disso, mantenha uma boa rede de relacionamento com outras pessoas da empresa que saibam o valor de seu trabalho.

Jamais confie nessa pessoa, anote sucintamente tudo o que ela fizer com você e, quando possível, entregue um relatório para os profissionais de RH da companhia.

Como romper com um assédio?

A melhor opção é fugir do psicopata. Se você tem algo que ele quer, ele irá atrás de você. Mas, se você já está na mira, não dê o que ele deseja.

Se você já faz as coisas que o psicopata pede, atendendo a questões ilegais e pedidos estranhos, é melhor solicitar a mudança de departamento e escrever um relatório, mantendo sempre seus registros e informando a situação aos superiores.

Comunique o fato a outras pessoas da companhia, como os profissionais de recursos humanos. "Recomendo escrever uma carta anônima [há empresas no Brasil que possuem linhas 0800 para isso], curta e sem emoções, e enviá-la ao gerente de RH.

Informe fatos, tais como 'ele mentiu em tal relatório', 'mentiu para encobrir tal coisa' etc. Você tem de dar evidências", diz Paul. E, se outras pessoas têm os mesmos problemas, sugira que elas escrevam também.

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