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Saia do vermelho e fique bem com seu orçamento

Quem tem dívidas fora de controle se diverte menos, falta mais ao trabalho, prejudicando a carreira, e vive mais estressado. Conheça 16 soluções para organizar suas finanças

Pessoa afundada em contas (Marcelo Spatafora/EXAME.com)

Pessoa afundada em contas (Marcelo Spatafora/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2013 às 19h16.

São Paulo - Nos últimos seis meses, os economistas Ricardo Rochman e William Eid Júnior, ambos professores da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), se dedicaram a analisar qual era o nível de endividamento de 1 438 profissionais, do nível operacional ao executivo, de dez grandes empresas nacionais e multinacionais no Brasil.

A faixa de faturamento dessas companhias fica entre 1 bilhão a 13 bilhões de reais, e o número de funcionários, de 350 a 14 929. O projeto realizado em parceria com a VOCÊ S/A mediu o estresse financeiro dos profissionais e seus efeitos sobre a produtividade no trabalho. As conclusões impressionam.

O resultado da pesquisa mostrou que praticamente seis em cada dez funcionários se consideram preocupados com sua situação financeira. Em outras palavras, eles estão muito endividados. O salário desse grupo de profissionais dura 15 dias — o restante do mês é bancado pelo cheque especial, por dinheiro emprestado ou por outros financiamentos.

Quem está mais estressado com problemas com grana tem três vezes mais abonos de faltas concedidos pela chefia do que os profissionais que estão com as finanças em dia.

Essas ausências no trabalho são muitas vezes usadas para resolver problemas financeiros, tentar conseguir um empréstimo no banco ou renegociar as dívidas com os credores.

Os empregados com mais dívidas também têm o dobro de advertências na comparação com quem não tem problemas financeiros. O motivo não foi detalhado na pesquisa, mas é um sinal claro de que o comportamento dos mais estressados piora e pode contaminar o ambiente corporativo. 

A situação financeira dos 1 438 profissionais que compõem a amostra do estudo é representativa do que ocorre hoje no país. Em julho, o percentual de famílias com dívidas chegava a 48%, segundo a pesquisa Índice de Expectativa das Famílias (IEF), realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O comprometimento da renda com o crediário cresceu, e isso se deve ao maior acesso aos financiamentos e à aparente segurança que o brasileiro tem em relação a sua empregabilidade. Como o desemprego está em 6%, o menor nível desde 2002, muita gente não tem medo de perder o trabalho, por isso segue fazendo dívidas. O problema é quando o descontrole no consumo se associa à falta de controle no orçamento. É aí que mora o perigo.

Se a vida do colaborador se transforma em um verdadeiro inferno quando há problemas com dinheiro, a situação da empresa também se altera. A companhia precisa administrar a queda na produtividade, os conflitos no dia a dia e ainda se precaver contra fraudes financeiras.


Em Porto Alegre, uma empresa de ônibus com 6 000 funcionários teve de implantar um programa de educação financeira em 2009 depois de perceber que o número de acidentes aumentava entre o dia 25 do mês corrente e o dia 5 do mês seguinte, quando o salário acabava e os empregados aguardavam o próximo pagamento.

Os motoristas que têm jornada de seis horas faziam mais duas horas extras para engordar o salário e acabavam trabalhando mais cansados e ficavam mais suscetíveis a acidentes de trânsito. 

É claro que sair do lamaçal das dívidas não é fácil, mas é possível. Primeiro, você precisa estar disposto a se organizar financeiramente e mudar seus hábitos de consumo. Depois é necessário que tenha acesso a conhecimentos financeiros. As organizações podem colaborar muito nessa etapa criando programas específicos para resolver as principais questões que afligem os endividados.

“Com mais educação, o consumismo, que é o consumo inconsciente e de má qualidade, é reduzido. A educação financeira proporciona um melhor uso do crédito, dos investimentos e dos serviços de seguros e previdência”, diz Gustavo Cerbasi, consultor financeiro pessoal, de São Paulo. Confira nesta reportagem 16 soluções para organizar seu orçamento e livrar-se das dívidas.

Cheque especial

O cheque especial é o jeito mais rápido e fácil de conseguir dinheiro para cobrir as dívidas. O problema é que é o mais caro também. Os juros médios ficam em 8,5% ao mês e chegam a 160% ao ano. A pesquisa mostrou que os funcionários que estão em pior situação financeira ficam 15 dias por mês usando o limite do cheque especial.

Exatamente, o salário dura apenas duas semanas e quando cai na conta é usado pelo banco para cobrir o saldo devedor. A vida financeira se torna uma bola de neve de pagamento de juros e mais juros. A sensação é de que, quanto mais você trabalha, menos dinheiro tem. 

Lição 1. No mundo ideal, seria prudente ter uma quantia de dinheiro equivalente a seis meses o valor de seus gastos mensais para cobrir eventualidades e não usar o cheque especial.

O dinheiro deve ficar aplicado em investimentos que podem ser sacados a qualquer momento, com boa liquidez, como a caderneta de poupança e os Certificados de Depósito Bancário (CDBs).  Dessa forma, não seria necessário usar o limite do cheque especial, que é concedido pelos bancos sem a gente pedir. 

Lição 2. O uso do limite especial pode, — e deve — ser usado para contratempos por, no máximo, dois ou três dias. Para períodos maiores, recorra às linhas de financiamento mais baratas, como o crédito consignado, que tem juros de 2% ao mês. 

Lição 3. Se você já caiu no cheque especial e a empresa em que trabalha deposita sua remuneração em uma conta-corrente, é preciso conversar com o departamento de recursos humanos para mudar essa situação. Você pode pedir para que seja aberta uma conta-corrente em outro banco na qual sua grana será creditada. 


Lição 4. Se está endividado, vá até o banco em que está devendo e peça a renegociação do valor da dívida. “Quando negociar qualquer dívida, nunca aceite a primeira proposta, procure barganhar. Se for oferecido dividir o débito em seis meses, peça 20. Claro que essa proposta não será aceita, mas as parcelas podem ficar em 15 ou 12 meses”, diz Emanuel Gonçalves da Silva, criador do SOS Dívidas. 

Agora, se você tem sangue frio e não se incomoda em ter seu nome incluído nos cadastros de maus pagadores — no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) ou no Serasa —, pode esperar até dois anos para renegociar o débito em condições melhores, com prazos maiores e juros mais baixos.

É que depois desse período os bancos consideram que você não irá mais pagar a dívida e decidem renegociar para tentar receber pelo menos uma parte do dinheiro. “Ter dívidas não é pecado nem crime, basta ir até o banco e renegociar”, diz Rogério Estevão, superintendente executivo de empréstimos do Grupo Santander, em São Paulo.

Uma modalidade recente de crédito que está começando no país, mas que já é comum no exterior, e pode ser usada na renegociação de seus débitos é o refinanciamento da dívida. Seu carro e sua casa servem como garantia nos novos empréstimos. Caso você não pague o combinado, o banco pode tomar o seu bem.

Nesse modelo, como há uma garantia física, as taxas de juros ficam mais baratas, 1,5% ao mês. O problema é que, se você não pagar perde, seu carro ou sua casa. Vai encarar?

Cartão de crédito

É muito mais fácil e rápido pagar todas as compras com cartão de crédito. E ainda dá para parcelar. O problema é que quase ninguém guarda os comprovantes de compra para saber quanto está sendo gasto no mês. Algumas vezes, as pessoas se descontrolam mesmo. Em outras, ocorrem imprevistos que tiram do prumo o orçamento, como a compra inadiável de um medicamento.

E quando a fatura do cartão chega em casa o valor é sempre uma surpresa negativa: mais alto do que você esperava e podia pagar. Entre os 1 438 profissionais que responderam à pesquisa feita pela FGV-SP, os mais preocupados com dinheiro disseram que só pagavam o valor integral da fatura em 58% das vezes. Os juros do cartão de crédito chegam a 10% ao mês.

Lição 5. Se você deixou de pagar a fatura do cartão e caiu no crédito rotativo, a primeira coisa a fazer é procurar a administradora e pedir o parcelamento do saldo devedor. Negocie e só concorde com parcelas que caibam no seu orçamento. E, claro, não use mais o cartão. 


Lição 6. Se você não paga sua dívida, seu nome entra no cadastro de maus pagadores e não é possível fazer outros financiamentos. Se o valor devido é de até 5 000 reais, dá para renegociar diretamente com os credores e conseguir um desconto de pelo menos 50%. Para somas maiores, é recomendável ter ajuda de um advogado ou de um profissional especializado na renegociação de débitos.

Lição 7. Nas situações em que a dívida equivale a 20 vezes a renda mensal, é hora de pedir ajuda. Sim, casos como esse existem. Um profissional ouvido pela reportagem com salário de 3 000 reais chegou a dever 70 000 reais.

“Nesses casos, a alternativa é recorrer à ação revisional”, diz o economista Ricardo Fairbanks, da consultoria financeira Dinheiro em Foco, de São Paulo. A ação é impetrada na Justiça comum para revisar cláusulas do contrato, taxas de juro e bloquear os pagamentos no curto prazo.

O devedor, então, ganha fôlego para reorganizar as finanças e voltar a fazer os pagamentos. Em alguns casos, o desconto pode chegar a 90% do valor da dívida. O problema é que o julgamento da ação pode demorar até cinco anos e, durante esse período, o nome da pessoa ficará no cadastro de maus pagadores.

Crédito Consignado

Quando o governo criou o crédito consignado, em 2003, fez a alegria de muita gente. Essa modalidade permite que o banco desconte as parcelas do empréstimo diretamente do contracheque do funcionário.

Como não há risco de calote, as taxas de juros não passam de 2,5% ao mês. Cada empresa pode criar regras específicas para conceder o crédito, mas a lei determina que o valor do empréstimo não ultrapasse 30% do salário.

Com juros baixos e facilidades para conseguir o financiamento, muitos trabalhadores recorrem ao dinheiro do consignado para pagar outras dívidas. No levantamento realizado pelos professores Ricardo Rochman e William Eid Júnior, os profissionais mais endividados tinham comprometido, em média, até 20% do salário com esse tipo de crédito. 

Lição 8. Antes de contratar um empréstimo com taxas de juro baixas, como o crédito consignado, e usar o dinheiro para pagar outro financiamento que tem juro mais alto, é recomendável que você descubra qual é o seu nível de endividamento. 

Lição 9. Há dois tipos de dívidas: a operacional e a financeira. No endividamento operacional, as despesas são muito maiores do que a receita. Se você ganha 5 000 reais, provavelmente pode ter despesas de 6 000 ou 7 000 reais. “Neste caso, é só ajustar as contas, descobrir o que é supérfluo e cortar gastos. Ou então aumentar a receita com trabalhos extras”, diz Ricardo Fairbanks, consultor da Dinheiro em Foco.


Lição 10. No endividamento financeiro, o salário pode ser suficiente para pagar as despesas, mas a pessoa tem um gasto com juros que deixa a conta-corrente no negativo. Esse tipo de dívida é comum quando se está usando o limite do cheque especial ou pagando juros do cartão de crédito. 

Lição 11. Solucionar o endividamento operacional é mais complicado. “É preciso renegociar com o banco, financeira ou credor e pedir novos prazos e taxas de juro. Não se sinta inferiorizado ao negociar com seu gerente. Ele está lá justamente para atender às suas necessidades”, diz Ricardo Fairbanks. 

Sem conversa

Um dos maiores problemas de quem está endividado é a falta de diálogo com outras pessoas. É claro que falar sobre dívidas não é um dos assuntos mais bacanas e ninguém quer chegar ao escritório e contar para todos os amigos — até mesmo para o cara de quem a gente não gosta muito — que está cheio de dívidas.

Na pesquisa da FGV-SP, as pessoas que não tinham problemas com dívidas e se sentiam confortáveis quando o assunto era dinheiro eram aquelas que mais falavam sobre grana com outras pessoas. Já os mais endividados conversavam apenas com o cônjuge. E tem gente que não fala nem para o parceiro sobre a vida financeira.

Lição 12. Se estiver endividado, peça ajuda a alguém de sua confiança, desde que seja uma pessoa sensata, ou procure seu gerente de banco. “Para conversar é preciso organizar o raciocínio, e nesse processo já dá para começar a fazer um diagnóstico de como as dívidas foram criadas e como eliminá-las”, diz o economista Marcos Silvestre, planejador financeiro, de São Paulo.

Outro fator positivo de falar sobre a situação financeira com amigos é que eles podem ajudar com dicas para você sair do buraco. “O problema é quando o colega é um amigo da onça e vai incentivar você a fazer mais dívidas”, diz Marcos Silvestre. Nesse caso, o ideal é pedir ajuda a profissionais que façam parte de programas de educação financeira da companhia em que você trabalha ou de consultorias independentes.  

É muito comum que os casamentos acabem por causa de brigas sobre dinheiro e um dos parceiros só descubra que o outro perdeu muita grana na bolsa de valores ou está cheio de prestações para pagar quando já está no escritório do advogado para legalizar a separação conjugal.


É por esse motivo que os programas de educação financeira das empresas obrigam todos os funcionários a participar e envolvem as famílias nas palestras. “Se não houver o comprometimento de todo mundo, a situação não muda”, diz Fernanda Guimarães, advogada especialista em direito do consumidor, de Porto Alegre.

Mais dívidas do que salário

Quando alguém financia a compra de um imóvel, que é um bem caro, é natural que o valor total das dívidas represente mais de dez vezes a renda mensal da pessoa. Beleza. O problema é quando o endividamento ultrapassa em muitas vezes o salário e nada foi feito para aumentar o patrimônio, as chamadas dívidas boas.

Dos profissionais que responderam à perguntas da FGV-SP, quem estava mais estressado tinha dívidas que equivaliam a quatro vezes o próprio salário. É claro que não dá para determinar com precisão a relação correta entre saldo devedor e salário, mas os economistas dão algumas dicas. 

Lição 13. A maior parte dos analistas econômicos considera que ter 20% do salário comprometido com o pagamento de dívidas seria o suficiente para manter o equilíbrio financeiro. Parece pouco, mas é preciso lembrar que todos nós precisamos de dinheiro para pagar também uma série de despesas fixas todos os meses, como aluguel, mensalidade escolar, contas de água, luz, telefone e os gastos no supermercado.  

Um casal sem filhos, por exemplo, poderia despender, no máximo, 50% da renda familiar com as despesas fixas. Outros 30% poderiam ir para o pagamento das parcelas de financiamento do primeiro imóvel. Ainda sobrariam 20% para serem investidos ou gastos com diversão. O entretenimento é uma parte importante da vida. 

Lição 14. Qual a graça de trabalhar o mês todo e não ter dinheiro para ir ao cinema ou jantar fora? Nenhuma. A pesquisa da FGV-SP confirmou que quem está preocupado com dinheiro se diverte muito menos. O entretenimento é o primeiro item a ser cortado na hora do aperto. “A má gestão da vida financeira leva a dificuldades na vida pessoal”, diz Denise Hills, superintendente de sustentabilidade do Itaú-Unibanco, em São Paulo.

Lição 15. Alguns economistas consideram que dá para usar 70% do salário para pagar as despesas do dia a dia e 30% para a realização dos sonhos de consumo, como a compra da casa própria. 


A despeito do que digam os economistas e especialistas em finanças, não há regras universais. Cada família tem suas peculiaridades. Há as mais gastadoras e aquelas que conseguem economizar muito dinheiro. Independentemente de seu perfil familiar, o ideal é ter guardado o equivalente a seis meses de suas despesas. Esse dinheiro deve ser investido em aplicações financeiras com alta liquidez — aquelas que você pode sacar a qualquer momento. 

Falência própria

Em alguns países como os Estados Unidos, as pessoas que não têm como pagar todas as dívidas podem decretar falência, exatamente como faria uma empresa. No Brasil, essa manobra jurídica para ganhar tempo e honrar os compromissos financeiros em atraso também existe, mas não é recomendada pelos advogados. A autoinsolvência é um processo longo e burocrático que pode demorar até cinco anos. 

Lição 16. Se você está atolado em dívidas, o primeiro passo é ingressar com uma ação na Justiça comum, depois aguardar que os peritos façam um levantamento de todos os bens e das dívidas. “É demorado porque a Justiça precisa se certificar de que não há fraudes e que, realmente, a pessoa não tem condições de pagar o que deve”, diz Juliana Mantuano de Meneses, especialista em direito civil do escritório Peixoto e Cury Advogados, em São Paulo.

Depois de anunciada a sentença de incapacidade de pagamento, o devedor é obrigado a ficar, em média, cinco anos sem fazer nenhuma dívida. O valor de todos os bens é contabilizado e usado para pagar os credores. “Os bens de família, como uma única casa própria, e o salário não entram no levantamento”, diz  Juliana.

A autofalência começou a ser discutida entre os advogados porque o percentual de endividamento dos brasileiros aumentou nos últimos anos. Eles devem o equivalente a 30% da renda anual — o mesmo patamar de países ricos como a Alemanha — e têm um comportamento de consumo muito particular.

Diferentemente dos japoneses, que consomem muito e poupam muito, ou dos americanos, que consomem em larga escala a um custo financeiro relativamente baixo, os brasileiros compram pouco e pagam muito em juros e tributos. Menos de 30% do valor gasto em um financiamento de automóvel corresponde ao valor do bem adquirido.

“Nos falta qualidade de consumo”, diz o consultor Gustavo Cerbasi. Se os brasileiros tivessem uma atitude coerente contra os juros altos, planejando-se para poupar antes de comprar, poderiam consumir mais. “Só dá para mudar esse comportamento fazendo mais compras regulares e menos compras concentradas, que obrigam a pagar prestações por vários meses”, afirma o consultor. 

Se você já conseguiu organizar sua vida financeira é hora de começar a pensar em poupar para evitar cair de novo no lamaçal das dívidas. Quem está começando a investir deve preferir a poupança, que não tem cobrança de Imposto de Renda (IR), ou os fundos de renda fixa.

“Agora é a melhor hora para investir porque a economia está crescendo e os juros estão em alta”, diz Rogério Estevão, do Grupo Santander. Daqui para a frente, gerenciar sua grana e garantir o bem-estar do seu bolso e, consequentemente, da sua vida pessoal e profissional deve ser tão prioritário quanto cuidar da sua saúde.

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