Carreira

Roberto Shinyashiki aponta 3 erros que acabam com a carreira

Setenta por cento dos profissionais ficam "patinando" sem sair do lugar na carreira e algumas atitudes colaboram para isso


	Roberto Shinyashiki: "só trabalhar duro não define o sucesso na carreira"
 (Divulgação)

Roberto Shinyashiki: "só trabalhar duro não define o sucesso na carreira" (Divulgação)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 28 de setembro de 2016 às 15h00.

São Paulo - Trabalhar bastante não dá mais acesso direto a um voo sem escalas para vitória profissional. Basta ver a quantidade de pessoas que se doa à profissão e, mesmo assim, não consegue se destacar da multidão.

“Com esse mundo cada vez mais tecnológico, só trabalhar duro não define o sucesso na carreira. O que antigamente precisava de muito esforço, hoje é mais prático e rápido”, diz Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra e terapeuta, autor de livros e um dos palestrantes mais requisitados do Brasil.

De acordo com ele, escolher uma profissão que está em alta no mercado, ou que tradicionalmente paga bem, também não é sinônimo de êxito. “Eu sou médico e vejo que poucos colegas brilharam, enquanto outros ficaram bons. Mas a maioria não realizou o sonho da independência financeira”, conta. Ele diz estimar que 70% dos profissionais fiquem "patinando" sem sair do lugar na carreira, 20% fiquem bem na profissão e que só 10% acabam tendo muito sucesso.

“O que é mais importante são as competências que a pessoa precisa ter para ser um bom profissional e isso não se ensina na faculdade. A faculdade oferece conhecimento, não a atitude”, diz Shinyashiki.

Tendo em vista esse cenário mais complexo, ele aponta algumas correções de rota que todo profissional deve fazer para atingir os resultados desejados em qualquer área de trabalho. Três erros são especialmente prejudiciais ao sucesso, segundo Shinyashiki. Confira quais:

1. Não entender a dinâmica do negócio

Um exemplo de quem comete este erro está explicado no seu mais recente livro “A Nova Lógica do Sucesso” (Editora Gente) e recebe o nome de especialista solitário. O tipo é descrito como o profissional que coloca sua atenção em um computador e fica só nisso: o dia inteiro fazendo seus projetos, sem entender o objetivo daquilo.

“Para se valorizar na empresa você tem que ajudar o chefe e seus colegas a realizarem as metas. Quando você faz isso, começa a entender porque o projeto existe, começa a integrar os departamentos e aí se valoriza”, diz Shinyashiki. O reconhecimento no mundo corporativo vem para quem vai além da ação e passa a ser estratégico para a organização.

Shinyashiki faz uma distinção entre três tipos de profissional: os operacionais, aqueles que tocam projetos inteiros e os estratégicos, que têm visão do negócio. “Esse último é o tipo de profissional que vai cada vez mais ser valorizado. Infelizmente, tem gente que só faz um tipo de trabalho”, diz.

2. Não estudar

Conhecer bem o mercado, seu funcionamento e sua margem de lucro é fulcral para ascender. Antes de escolher uma profissão, área de atuação ou negócio para investir é preciso reunir o máximo de informação possível. “Pesquise, assista a palestras, vídeos, leia livros, converse com palestrantes e professores ligados à sua área de atuação”, indica Shinyashiki.

Empresas quebram e profissionais fracassam por falta de conhecimento ou método. “Estamos vendo agora o setor hoteleiro perdendo espaço para o Airbnb, as cooperativas de táxis perdendo espaço para a Uber porque ficaram presos a um mercado e não a uma necessidade do cliente fazer negócio. Eles não perceberam que o cliente estava insatisfeito e queria uma nova maneira de se relacionar”, diz.

Quem tem sucesso na carreira é o profissional que consegue resolver o problema do cliente, seja ele interno (gestores e colegas de trabalho) ou externo. Para isso há que se entender demandas e queixas que, eventualmente, podem afastá-lo da empresa ou dos seus serviços.

Como fazer diferente? Shinyashiki dá o exemplo que veio em uma palestra de que participou em que a palestrante falou de uma empresa de viagens que recebia muita reclamação sobre a entrega da bagagem. A primeira solução adotada foi a de contratar mais pessoas e o resultado foi a diminuição do tempo de entrega da bagagem de 14 minutos para 8 minutos.

No entanto, as reclamações não cessaram. “Eles resolveram fazer um estudo e descobriram que mesmo conseguindo entregar a bagagem em menos tempo havia a dificuldade de soltar o cliente mais rápido para pegar as malas”, diz.

A descoberta de que desembarque era o calcanhar de Aquiles da companhia só foi possível porque a empresa realmente se interessou em resolver o problema de seus clientes e foi a fundo na sua pesquisa.

3. Falta de intensidade

Só dedicação não basta, mas, sem ela, nada feito. “Se você quiser atingir uma meta especial, terá de estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas”, diz Shinyashiki.

Falar inglês, por exemplo, é a competência que falta para atingir um novo patamar na profissão? Não são duas horas por semana que vão resolver, segundo ele.

“Você só aprenderá verdadeiramente a língua quando se aprofundar, ler livros, ver filmes, fazer amizades com pessoas com as quais possa conversar em inglês”, explica Shinyashiki.

Não há escapatória: sucesso se constrói durante a noite. “Durante o dia você faz o que todos fazem. Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados”, diz. 

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