Princesa: “A intenção era amigável” (Thinkstock/Thinkstock)
Luísa Granato
Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 15h00.
Última atualização em 14 de dezembro de 2018 às 15h00.
Londres - Um profissional graduado do BNP Paribas que chamou uma colega de “princesa” explicou à justiça que fez uma brincadeira amigável e que não subestimava o valor do trabalho dela por ser mulher.
Regis Pecheux, responsável por vendas corporativas na Europa Central, Leste Europeu, Oriente Médio e África, afirmou a um tribunal em Londres na quinta-feira que usou o termo de “brincadeira” para se referir à colega Angelina Georgievska. Pecheux era supervisor dela.
“Eu certamente não considerava na época que isso a diminuía”, disse ele. “A intenção era amigável.”
Ele está depondo em um tribunal trabalhista após Georgievska, responsável pelo grupo de derivativos corporativos nas mesmas regiões, processar o BNP por discriminação sexual e por limitação física. Ela está de licença médica desde março de 2017 por causa de tumores uterinos que provocam “dor extrema” e a deixam de cama.
Pecheux chamou a colega de “princesa” quando ela não estava presente, de acordo com relato de um outro colega ao tribunal.
Quando descobriu, Georgievska sentiu que o termo era “muito ofensivo e prejudicial”, segundo documentos apresentados à justiça.
Uma porta-voz do BNP afirmou que o banco sediado em Paris “investigou profundamente” o ocorrido e está “satisfeito com a conclusão de que as acusações de discriminação e tratamento injusto não têm fundamento.”
Em depoimento, Pecheux disse que Georgievska costumava chegar ao trabalho mais tarde e que usou a palavra para indicar que ela era “alguém acima dos demais” e que, portanto, tinha condições de chegar depois. “Eu perguntei: onde está nossa princesa hoje?”
“As trocas engraçadas eram regulares”, disse Pecheux, que também chamou a colega de “choupette” – “gracinha” em português. Ele não lembra se usou o termo na frente dela ou pelas costas, mas garante que “absolutamente não havia intenção de diminuí-la”;
Ele admitiu que outra pessoa do banco chamou sua atenção mais tarde, alertando que a palavra princesa era inadequada.
Na justiça trabalhista do Reino Unido, a indenização é limitada em aproximadamente 84.000 libras esterlinas (US$ 106.400), a menos que o trabalhador prove que houve discriminação ou que delatou ações impróprias.
Quando casos de discriminação sexual acabam no tribunal, os bancos geralmente entram em acordo em vez de permitir que os problemas sejam discutidos publicamente.