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Por que não se preocupar com reputação enterra sua carreira

Histórias de horror mostram como "figurões" pareciam ter certeza de que o poder os deixaria impunes e protegeria as suas reputações profissionais

O ator Kevin Spacey está sendo acusado de assédio sexual (Divulgação/Netflix/Divulgação)

Camila Pati

Publicado em 12 de novembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 12 de novembro de 2017 às 06h00.

São Paulo – Quando denúncias e casos de condutas abusivas ou criminosas de pessoas públicas viralizam, a queda pode ser rápida e mortal.

A lista de figurões do entretenimento cujas carreiras estão agonizando aumenta a cada dia. Tome-se um dos exemplos mais famosos: a primeira acusação de assédio (seguida por uma série de denúncias) contra Kevin Spacey surgiu no fim de outubro e em questão de dias, o ator foi das estrelas à lama.

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Demitido da Netflix - que decidiu matar Frank Underwood na já cancelada série House of Cards e não vai lançar uma produção estrelada pelo ator – Spacey também será apagado de filme ainda não lançado pela Sony. A produção “Todo o Dinheiro do Mundo” terá outro ator em seu lugar e cenas serão refeitas.

A onda recente de acusações de assédio, abuso e estupro em Hollywood começou em outubro derrubando produtor de cinema Harvey Weinstein, que está sendo investigado pela polícia e foi expulso da comissão do Oscar.

O diretor de cinema James Toback também é outro figurão investigado por uma série de denúncias de assédio e abuso sexual.  Nessa semana, o comediante Louis C. K. também foi acusado de assédio por cinco mulheres e teve a estreia de seu filme cancelada.

As histórias de horror indicam que acusados, como Weinstein e Spacey por exemplo, pareciam ter certeza de que o poder os deixaria impunes e protegeria as suas reputações, ainda que seus abusos já fossem notórios em seus meios profissionais.

Agora, se, por ventura, escaparem de punição na esfera penal, o estrago na carreira está feito. “Pessoas públicas ganham com associação de imagem”, diz a coach executiva Eva Hirsch Pontes.

No Brasil, há dois casos recentes de figurões da televisão que mancharam suas reputações profissionais com condutas criminosas e vergonhosas. O ator José Mayer, acusado de assédio sexual, e o jornalista William Waack que foi gravado fazendo comentário racista.

As medidas tomadas por aqui (mesmo país em que o goleiro Bruno recebe ofertas de emprego cumprindo pena por assassinato) foram mais brandas. Até agora nenhum deles perdeu emprego. José Mayer foi suspenso e William Waack afastado pela Globo.

Mas será que é possível retomar o trabalho normalmente depois de situações como essas? A especialista explica que carreira funciona como construção de marca. “Que empregador vai querer se associar a uma marca com problema? ” E isso vale para  qualquer pessoa, pública ou não.

Há ainda que se levar em conta que está em curso uma mudança de comportamento na sociedade. Abusos antes abafados e até aceitos hoje não são mais tolerados. “Trazendo para a vida corporativa, em meados do século 20 não se falava em assédio moral, sexual e racismo no trabalho”, lembra Eva.

Essa consciência, diz, é própria do século atual. Some-se a essa mudança o fato de que hoje a maioria da população está munida de câmera e gravador de voz no celular e absolutamente ninguém mais está imune de ser flagrado em conduta imoral, ilegal ou antiética no trabalho.

“O executivo que não se engane, achando que com ele não vai acontecer. Na questão de assédio moral, por exemplo, se for denunciado ele será investigado por um comitê de ética. Não necessariamente será demitido, mas vai ter essa situação de exposição e terá sua imagem contaminada”, diz Eva.

O nome de um profissional é o seu maior patrimônio na carreira, afirma a coach. “Mais importante do que seu saber é a sua conduta”, diz.

Para a carreira de um cidadão comum uma única acusação de assédio moral não significa necessariamente que a carreira acabou para todo o sempre. “Mas, se já são duas ou três histórias, um empregador que for pesquisar vai encontrar. Assédio sexual é mais grave porque é menos subjetivo que o assédio moral”, diz a especialista.

 

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