Por que o funcionário que debochou de currículos foi demitido
Com a repercussão nas redes sociais, a empresa rompeu o contrato por justa causa com base na quebra de sigilo, mas ainda pode sofrer processo
Exame
Publicado em 26 de abril de 2019 às 14h31.
Última atualização em 29 de abril de 2019 às 12h19.
São Paulo - Nesta quarta-feira (25), Paulo Roberto de Moraes, ex-coordenador de serviços da empresa Avante Energia, foi demitido após ter publicado vídeos indevidos nas suas redes sociais debochando do currículo de candidatos às vagas da companhia.
Nas publicações, o ex-funcionário escreveu que não gostava de fazer processos seletivos e perguntou "alguém sabe como fazer para tirar o WhatsApp fora do ar por uns três dias? Por que eu não estou aguentando de mensagens [sic]".
Em outro momento, Paulo ironiza dicas de preenchimento de currículos, apontando os erros que as pessoas cometem. "Olha, outra colocou trezentas experiências profissionais, e assim, um mês, três meses, sete meses. Eu sou o mágico que vai fazer você durar um ano na empresa, né more [sic]".
Também é possível ver que ele apaga os currículos sem ler, dizendo que as pessoas não vão perdoá-lo, mas Deus vai.
Em entrevista a EXAME, a advogada Adriana Pinton, sócia do Granadeiro Guimarães Advogados explica que a conduta de divulgar dados de candidatos ou mesmo utilizar-sem destas informações para chacota nas redes sociais, é passível de punição tipificada no artigo 482° da CLT, como quebra de sigilo e confidencialidade, acarretando justa causa .
A situação ainda pode ocasionar problemas processuais à empresa. Segundo o código civil no artigo 932, inciso III, a empresa é responsável pela reparação dos atos cometidos por seus empregados, quando estes estão no exercício de sua função. "O ajuizamento de uma ação contra a empresa é possível, uma vez que este pode ocorrer mesmo na fase pré-contratual", confirma Pinton.
“A empresa, por meio do seu representante legal, informa que não tolera atitudes de quebra de sigilo das informações e não tem a prática de utilizar redes sociais. Informamos que o funcionário já não faz mais parte do nosso quadro de colaboradores. ”, afirmou a Avante Energia em nota enviada à EXAME.
Segundo reportagem de Veja , após viralizar nas redes sociais, Paulo fez uma nova postagem pedindo desculpas pelo conteúdo e em seguida, deletou todas as “brincadeiras”. Veja o vídeo.
https://www.youtube.com/watch?v=s4_tD-1Wu2c