Grammy 2021 consagra Beyoncé como a maior artista vencedora de prêmios da história (Kevin Winter/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2022 às 10h00.
Se você olhou os portais de notícias nos últimos tempos, pode ter notado um movimento um pouco inusitado sobre o mercado de trabalho brasileiro.
Isso porque, mesmo com as taxas de desemprego lá em cima (12%), os pedidos de demissão começaram a bater recordes no Brasil mês após mês.
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Segundo dados do CAGED divulgados com base em junho, 6,1 milhões de pessoas pediram demissão nos últimos meses no Brasil – o maior número da história do levantamento.
No resto do mundo, não é diferente. Há um movimento global de pedidos de demissão que toma as empresas e que tem ganhado representantes até na cultura pop.
Em junho, por exemplo, a cantora americana Beyoncé lançou um single que dialoga frontalmente com a tendência chamada The Great Resignation (Grande demissão).
Em Break My Soul, a artista cita pontos chaves que embasam os argumentos de uma boa parte das pessoas que voluntariamente deixam seus empregos. Questões como o burnout estão no centro da canção.
“Eles fazem eu me esforçar tanto, das nove da manhã até depois das cinco da tarde, forçando meus nervos, e é por isso que eu não consigo dormir à noite”, diz a letra.
A canção de Beyoncé tem sido agora apontada como hino do movimento de demissões. No refrão, a cantora incentiva as pessoas a seguirem os seus corações e largarem seus empregos.
Embora a saúde mental seja o mote da Grande Debandada ao redor do mundo, outras motivações ajudam a explicar o fenômeno – principalmente em se tratando de Brasil.
Um dos motivos, segundo o economista Bruno Imaizumi, é a retomada do mercado de trabalho. Se por um lado ainda há grande desemprego, por outro as empresas estão começando a contratar pessoas para posições que deixaram de existir durante a pandemia.
De modo geral, analisa o especialista, as pessoas têm se sentido mais seguras para pedir demissão de empregos que não as pagam como deveriam ou não as reconhecem como deveriam.
“O segundo motivo é a volta por parte de muitas empresas do trabalho presencial, que fez com que muitos trabalhadores repensassem sobre as relações de trabalho com a possibilidade do home office”, explica Bruno. “Sendo assim, as pessoas com um maior grau de instrução são as que estão se demitindo proporcionalmente mais.”
Os dados do CAGED mostram que a grande maioria das demissões acontece em cargos onde existe a possibilidade de se trabalhar remotamente. As saídas voluntárias foram mais comuns nos setores de:
Recentemente, aliás, funcionários da Apple enviaram uma carta aos executivos da companhia em que se posicionam contrários à “imposição do escritório” e ao “micro-gerenciamento”. Para esses profissionais, vale mais a pena perder salário em um emprego remoto do que gastar tempo e dinheiro no transporte para estar nas empresas.