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Por que a Ambev não liga muito para o que você estudou

Descontente com seu curso universitário? Confira exemplos que podem ajudar quem não se vê trabalhando na área de formação

Ambev: mobilidade é estimulada

Ambev: mobilidade é estimulada

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 06h00.

Última atualização em 6 de dezembro de 2016 às 17h27.

São Paulo – Bruno Morato, 22 anos, está fazendo estágio na Ambev, na área de marketing da Brahma, e estuda medicina na Universidade de São Paulo (USP). Carolina Fernandes, 34 anos, é gerente de expansão Premium na mesma empresa e se formou em hotelaria. Raphael Rizzo, 46 anos, acaba de ser promovido de gerente de cervejaria a diretor de brand experience também na Ambev, e sua área de formação é o jornalismo.

Além de trabalharem na mesma empresa há um outro ponto em comum entre essas três pessoas de diferentes gerações: o trabalho delas não tem absolutamente nada a ver com o que estudam ou estudaram na faculdade.

O mais emblemático é o caso do estagiário de marketing que faz medicina na USP. A princípio, a sua trajetória pode provocar certa estranheza. Mas basta conversar com Morato para perceber que o interesse em negócios e empreendedorismo é tão marcante em sua trajetória quanto o amor pela medicina.

Sua participação ativa na empresa júnior da faculdade de medicina da USP, aliás, foi um dos fatores que o aproximou ainda mais do mundo dos negócios, tornando possível o convite para estágio na Ambev. “Muitas pessoas não sabem mas há uma empresa júnior na área gestão de saúde dentro da faculdade de medicina da USP”, conta.

No entanto, confessa o jovem, no currículo do curso nenhuma matéria dá conta do tema. “Tive que buscar por fora, fazendo cursos, também fui conhecendo mais sobre a Fundação Estudar”, diz citando a organização sem fins lucrativos criada pelo empresário Jorge Paulo Lemann que oferece bolsas de estudo para graduação e pós-graduação e oferece treinamentos.

A falta de conhecimento acadêmico tradicional na área de negócios, portanto, não barrou sua entrada na maior cervejaria do país. Isso porque mais do que o curso de formação são as experiências de vida, valores e atitudes os aspectos de maior peso na avaliação da Ambev.  Deficiências de saber técnico são resolvidas por meio de uma ampla gama de treinamentos a que os funcionários da empresa têm acesso por meio, sobretudo, da Universidade Ambev.

“Na hora do recrutamento, levamos em conta aptidão e afinidade. O que a gente procura são pessoas que entendem o processo como se fossem donas e conseguem pensar no todo”, diz Fabíola Higashi Overrath, diretora de desenvolvimento de gente da empresa.

O sentimento de dona do negócio não falta à gerente de expansão, Carolina Fernandes. De acordo com ela, esse foi um dos principais aspectos que a colocaram em ascensão dentro da Ambev. “E também essa vontade aprender. A companhia é uma escola”, diz ela, que já passou por diversas áreas, sem que nunca a área de formação fosse uma questão limitante.

“Eu costumo falar: pode me colocar em qualquer área que vou atingir as metas”, afirma Caroline. Seu conselho de carreira? “Siga seu coração e procure uma companhia com que se identifique”, diz.

Há 20 anos na Ambev,  Raphael Rizzo, o novo diretor de brand experience, conta que se encontrou mais na companhia do que propriamente na carreira, de tão diversa que tem sido. “Hoje quando conto que sou formado em jornalismo, as pessoas até se assustam”, diz ele que já trabalhou nas áreas de marketing, trade marketing, vendas e até em gente e gestão.

A mobilidade, garante Rizzo, é oferecida a todos que se mostrarem interessados, mas não é obrigatória dentro da Ambev. “É mais você que deixa clara essa vontade do que a empresa apontar o dedo”, diz Rizzo.

Conversas sobre expectativa de carreira são comuns entre gestores e funcionários. “Existem processos formais de feedback e também informais. Na prática, essas mudanças são desenhadas em conversas entre gestor e funcionário”, diz Fabíola.

Já para os trainees são três variáveis na equação. “É um terço a vontade do trainee, um terço a vontade da área de gente e gestão e um terço a vontade do negócio, ou seja, onde está precisando de gente”, explica.

Para universitários descontentes com o curso de faculdade, esses exemplos podem ajudar a conter a ansiedade de quem não se vê trabalhando na área de formação. Cada vez mais as empresas valorizam diversidade de ideias e de experiências. “A formação diferente traz visão crítica diferente”, diz Fabíola.

Foi isso que chamou a atenção da área de gente e gestão para o currículo de Morato. “ A visão crítica que ele tem, por exemplo, de administração pública, a gente não tinha aqui dentro”, conta.

Achar que a vida profissional será restrita ao campo do conhecimento transmitido na faculdade é um erro, segundo Morato, o jovem estudante de medicina e estagiário da Ambev. “Não considere a faculdade um limitante. Por agora pode ser que consiga fazer menos, mas depois que acabar o curso você terá de volta todo o mundo de possibilidades. Vai poder fazer o que quiser”, diz ele.

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