Abrir plano de previdência para filho funciona?
Fazer um plano de previdência para os filhos é o desejo de vários pais, mas muitos não sabem avaliar se essa é a melhor opção de investimento
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2014 às 11h59.
São Paulo - Não é de hoje que a família da fonoaudióloga Renata Maria Medeiros Usberti, de 33 anos, tem a cultura de poupar. Dez anos atrás, a mãe dela, a aposentada Creusa Roberto Medeiros, de 65 anos, contratou três planos de previdência no modelo VGBL para Renata e os dois irmãos, que hoje têm 35 e 37 anos.
"Ela fez o aporte inicial e calculou o valor das parcelas de acordo com o tempo que faltava para nossa aposentadoria. No segundo mês, nós assumimos o pagamento dos aportes", diz. Para manter as contribuições em dia, Renata colocou as parcelas em débito automático, diretamente da conta-poupança.São 276 reais por mês.
Embora ela não pretenda mexer no dinheiro agora, ultimamente anda preocupada com a rentabilidade. "Em 2010, o rendimento foi de 6%. Em 2011, 4,25%; em 2012, 6,27%. Parece pouco", afirma. E também acha que a taxa de carregamento, de 2,5% sobre cada aporte, é alta. Esse desconto é o custeio das despesas administrativas e de corretagem da instituição.
Geralmente, quanto maior o depósito, menor a taxa — há até casos de isenção quando o dinheiro permanece aplicado por um período mínimo. Em novembro, Renata vai pesquisar tudo isso e decidir se é o caso de optar pela portabilidade, em busca de taxas e ganhos melhores. Mas a principal resposta que ela quer ouvir é sobre o investimento ideal para seus dois filhos, Roberto, de 5 anos, e Amanda, de 2.
"Estava decidida a fazer planos de previdência para eles atrelados à educação, porque quero garantir que possam estudar em boas universidades. Agora estou na dúvida. Não sei se a poupança é uma escolha melhor", diz. Considerando que cresce o número de contratações de planos para crianças e jovens — o aumento foi de 7,33% de 2011 a 2012, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) —, esse é um dilema cada vez mais presente na vida de muitos pais.
Planos de previdência têm benefícios fscais e rendimentos superiores aos da poupança no longo prazo, mas quem está acostumado a focar o presente e, portanto, procurar liquidez, de olho na utilização imediata da grana, tem a impressão de que está em um barco furado. Pode até estar.
"O brasileiro não tem o hábito de buscar assessoramento profssional antes de investir. E isso muitas vezes sai caro. Por exemplo, vejo pessoas que contratam planos de longo prazo com tributação progressiva, mesmo com o objetivo de deixar o dinheiro rendendo até o fm do contrato, o que torna o imposto maior na hora do resgate", afirma Paulo Bittencourt, diretor técnico da consultoria Apogeo Investimentos.
As taxas cobradas também precisam ser pesquisadas, porque elas variam muito de uma instituição para outra. “No cenário atual, a média atrativa da taxa de administração é 1,5% ao ano. No mercado, há taxas acima de 2% — dependendo do contrato, não compensa.”
Projetar é preciso
Outra questão que pode ser subestimada pelos pais previdentes é o saldo acumulado no fm do contrato. Hoje, existem planos que recebem aportes a partir de 35 reais por mês. Com esse valor, em 18 anos serão apenas 14 101,94 reais, considerando uma estimativa de rentabilidade anual líquida de 8%.
Se, em vez disso, você investir 150 reais, o montante vai para 60 638,23 reais. De qualquer forma, economizar para garantir o futuro dos flhos é uma boa, desde que suas expectativas estejam alinhadas com a forma como você lida com o dinheiro.
Se, na sua visão, depositar uma quantia todo mês por mais de dez anos e não mexer no saldo antes do prazo parece uma provação de monge, investir em previdência ajuda a manter o compromisso.
É que existem certas "penalidades" nos planos, como impostos mais altos caso quebre o combinado. "Para quem tem dificuldade de se planejar e controlar os gastos, é uma opção interessante", diz o economista Paulo Grandi, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo. A educação fnanceira forçada funciona inclusive para os flhos, que veem, desde cedo, como poupar é importante e exige disciplina.
São Paulo - Não é de hoje que a família da fonoaudióloga Renata Maria Medeiros Usberti, de 33 anos, tem a cultura de poupar. Dez anos atrás, a mãe dela, a aposentada Creusa Roberto Medeiros, de 65 anos, contratou três planos de previdência no modelo VGBL para Renata e os dois irmãos, que hoje têm 35 e 37 anos.
"Ela fez o aporte inicial e calculou o valor das parcelas de acordo com o tempo que faltava para nossa aposentadoria. No segundo mês, nós assumimos o pagamento dos aportes", diz. Para manter as contribuições em dia, Renata colocou as parcelas em débito automático, diretamente da conta-poupança.São 276 reais por mês.
Embora ela não pretenda mexer no dinheiro agora, ultimamente anda preocupada com a rentabilidade. "Em 2010, o rendimento foi de 6%. Em 2011, 4,25%; em 2012, 6,27%. Parece pouco", afirma. E também acha que a taxa de carregamento, de 2,5% sobre cada aporte, é alta. Esse desconto é o custeio das despesas administrativas e de corretagem da instituição.
Geralmente, quanto maior o depósito, menor a taxa — há até casos de isenção quando o dinheiro permanece aplicado por um período mínimo. Em novembro, Renata vai pesquisar tudo isso e decidir se é o caso de optar pela portabilidade, em busca de taxas e ganhos melhores. Mas a principal resposta que ela quer ouvir é sobre o investimento ideal para seus dois filhos, Roberto, de 5 anos, e Amanda, de 2.
"Estava decidida a fazer planos de previdência para eles atrelados à educação, porque quero garantir que possam estudar em boas universidades. Agora estou na dúvida. Não sei se a poupança é uma escolha melhor", diz. Considerando que cresce o número de contratações de planos para crianças e jovens — o aumento foi de 7,33% de 2011 a 2012, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) —, esse é um dilema cada vez mais presente na vida de muitos pais.
Planos de previdência têm benefícios fscais e rendimentos superiores aos da poupança no longo prazo, mas quem está acostumado a focar o presente e, portanto, procurar liquidez, de olho na utilização imediata da grana, tem a impressão de que está em um barco furado. Pode até estar.
"O brasileiro não tem o hábito de buscar assessoramento profssional antes de investir. E isso muitas vezes sai caro. Por exemplo, vejo pessoas que contratam planos de longo prazo com tributação progressiva, mesmo com o objetivo de deixar o dinheiro rendendo até o fm do contrato, o que torna o imposto maior na hora do resgate", afirma Paulo Bittencourt, diretor técnico da consultoria Apogeo Investimentos.
As taxas cobradas também precisam ser pesquisadas, porque elas variam muito de uma instituição para outra. “No cenário atual, a média atrativa da taxa de administração é 1,5% ao ano. No mercado, há taxas acima de 2% — dependendo do contrato, não compensa.”
Projetar é preciso
Outra questão que pode ser subestimada pelos pais previdentes é o saldo acumulado no fm do contrato. Hoje, existem planos que recebem aportes a partir de 35 reais por mês. Com esse valor, em 18 anos serão apenas 14 101,94 reais, considerando uma estimativa de rentabilidade anual líquida de 8%.
Se, em vez disso, você investir 150 reais, o montante vai para 60 638,23 reais. De qualquer forma, economizar para garantir o futuro dos flhos é uma boa, desde que suas expectativas estejam alinhadas com a forma como você lida com o dinheiro.
Se, na sua visão, depositar uma quantia todo mês por mais de dez anos e não mexer no saldo antes do prazo parece uma provação de monge, investir em previdência ajuda a manter o compromisso.
É que existem certas "penalidades" nos planos, como impostos mais altos caso quebre o combinado. "Para quem tem dificuldade de se planejar e controlar os gastos, é uma opção interessante", diz o economista Paulo Grandi, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo. A educação fnanceira forçada funciona inclusive para os flhos, que veem, desde cedo, como poupar é importante e exige disciplina.