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Camila Pati
Publicado em 23 de maio de 2013 às 13h28.
São Paulo - Os sinais de que alguém quer puxar o seu tapete, via de regra, são sutis. Por isso, desvendá-los não lá das tarefas mais fáceis, dizem os especialistas.
“Há situações completamente veladas em que a pessoa só vai perceber quando a notícia chega até ela”, pondera Sandra Oliveira, representante da Dale Carnegie Brasil, ressaltando que as puxadas de tapete são mais frequentes com profissionais que ocupam cargos hierárquicos mais elevados na organização.
O motivo pelo qual o profissional de sucesso está mais vulnerável a este tipo de situação tem nome: inveja. Como explica Renato Trachtenberg, autor do livro "As sete invejas capitais" (Artmed, 2009), o alvo do invejoso é quem se destaca.
“O invejoso ataca quem está acima dele. Na verdade, ele admira a pessoa, mas se sente sem condições de se aproximar do que a pessoa é”, diz. E, por isso, apela para a puxada de tapete.
Mas, é possível perceber quando uma situação de sabotagem ou um golpe está na iminência de ocorrer? De acordo com os especialistas, apesar de não serem claros, é possível perceber alguns indicativos. Confira:
1 A crítica que na verdade é um elogio disfarçado
“O Dale Carnegie dizia isso de que uma crítica pode ser um elogio disfarçado”, diz Sandra. Sabe quando você sente está indo bem no projeto, e vem aquele colega e, sob o pretexto de fazer uma crítica construtiva, diz que não é bem esse o caminho que você deve seguir, sugerindo um ajuste na rota? “Ele vê o sucesso do outro e tenta fazê-lo mudar a trajetória, fazendo esta crítica, que é um elogio disfarçado”, diz Sandra.
Uma analogia é interessante para entender este mecanismo. Imagine duas amigas que vão sair juntas para uma festa. Uma delas aparece com um vestido deslumbrante, e a outra diz que não acha que está tão bom, fazendo com que a amiga escolha outra roupa que a deixe menos em evidência do que ela.
“Este tipo de situação pode acontecer também no contexto corporativo”, diz Sandra. É claro que não é na primeira crítica que você vai perceber a má intenção, mas observe se há um padrão, se a situação se repete. “É o tempo que vai fazer a pessoa perceber e uma forma de se precaver é não se deixar influenciar”, recomenda Sandra.
2 Elogios exagerados
Por outro lado, ao receber elogios também fique alerta. De acordo com Trachtenberg, o invejoso corporativo, que é o mais forte candidato a puxar o tapete de seu alvo, também pode lançar mão de uma estratégia antes de atacar: tecer incontáveis elogios, principalmente na frente dos outros.
“Quanto mais a pessoa elogiada se sente importante, menos ela estará atenta aos seus inimigos de plantão”, explica. A dica é não se deixar levar tão facilmente pelos elogios e ficar atento às entrelinhas.
“A pessoa deve ter discernimento do que é real e o que não é”, indica Trachtenberg. Isso não significa que você deve desconfiar de qualquer palavra afável, mas atente aos exageros, eles podem indicar que há uma tentativa de tirar o seu foco em jogo.
3 Desestabilização intencional
Imagine a cena. Dois colegas estão participando de uma reunião com a diretoria. Um deles está mal intencionado e sabe que o outro é mais emocional do que racional.
Sabendo disso, o mal intencionado alfineta ou cria uma situação inesperada nos bastidores e apresentada repentinamente ao colega com o objetivo de desestabilizá-lo perante a chefia.
Caso a reação seja mesmo uma explosão emocional, o profissional que caiu na armadilha vai prejudicar a sua imagem expondo-se de forma negativa para o deleite tal colega mal intencionado, de acordo com Sandra, da Dale Carnegie.
O sinal, neste caso, é dado pela crítica durante a reunião ou pela situação inesperada criada pelo colega que quer puxar o tapete do outro. Ou seja, é a provocação que antecede a reação emocional.
Cair no jogo já configura a puxada de tapete propriamente dita. “Isso acontece porque as pessoas são contratadas por conta de suas competências técnicas e demitidas ou preteridas em uma promoção por causa de suas inabilidades comportamentais”, explica Silvio Celestino, da Alliance Coaching.
Portanto, valem e muito aqueles 10 segundos de pausa para a reflexão: será que é uma provocação intencional? Estão querendo me desestabilizar? Vou dar este gostinho ao fulano?
4 Tentativas de passar por cima
Outro indicativo de que vem uma puxada de tapete por aí é revelado quando um colega de trabalho começa a lidar com temas e atividades que são de sua responsabilidade e não dele. “Ele começa a fazer sozinho coisas que deveriam ser alinhadas com o colega do qual ele quer puxar o tapete, passa por cima e faz sozinho”, explica Celestino.
Por se tratar de uma operação velada, haverá justificativas. “Ele vai dizer que tentou ligar e não conseguiu, que não encontrou o colega, mas na verdade foi apenas uma operação de fachada”, diz Celestino. Caso isto ocorra, é importante analisar se houve um esforço genuíno em envolvê-lo na atividade ou se foi mesmo apenas fachada para você não ter como reclamar depois.
5 Expressões corporais
Este é um item polêmico. Olhos virados, dedos batendo na mesa durante uma reunião e “nariz torto” podem, de acordo com Sandra, indicar que a pessoa está predisposta a jogar contra você. Mas, Trachtenberg faz um alerta: “só quem tem experiência com este tema é capaz de perceber a má intenção pelos sinais corporais”, diz.
Celestino vai além. De acordo com ele, tirar conclusões a partir da expressão corporal pode levar a um equívoco. “A pessoal mal intencionada vai geralmente usar a expressão corporal para iludir o outro”, diz.
Por conta disso ele diz o melhor caminho é a observação. “Os profissionais precisam procurar amadurecer no sentido de avaliar as pessoas”, diz. O importante, diz, é descobrir se é uma pessoa de boa índole ou não.
Uma pessoa íntegra é aquela que cumpre o que promete, que faz o que fala. “Quanto maior a integridade de uma pessoa, menores são as chances de ela querer puxar o tapete de alguém”, explica.