Notas de dólares (FreeImage)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2015 às 21h39.
O McDonald’s poderá ter que dar explicações.
A rede de fast food registra uma das maiores diferenças entre a remuneração do CEO e a do funcionário médio da empresa, com uma proporção de 644 para 1, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Segundo uma norma aprovada na semana passada pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês), empresas de capital aberto como o McDonald’s serão obrigadas a divulgar anualmente uma métrica similar a essa, o que está entregando nova munição para os críticos dos pacotes de salários dos altos executivos.
O CEO do McDonald’s está longe de liderar a lista dos executivos mais bem pagos dos EUA, mas isso não importa.
O número que a SEC está exigindo mede a remuneração do CEO comparada à média das remunerações de todos os funcionários, uma proporção desfavorável em uma empresa cuja folha de pagamentos inclui muitos trabalhadores encarregados de virar e fritar hambúrgueres.
Algumas empresas nas quais os principais gerentes receberam no ano passado milhões de dólares a mais do que os US$ 7,3 milhões pagos a Don Thompson, do McDonald’s (que deixou o cargo em março), na verdade têm proporções mais baixas.
Entre os exemplos estão o JPMorgan Chase e a operadora de hospitais Community Health Systems, ambos com diferenças nos salários de mais de 200 para 1, que ainda assim estão entre as mais elevadas entre todas as empresas dos EUA.
As estimativas baseadas nas informações disponíveis hoje provavelmente serão diferentes daquelas que as empresas reportarão quando a norma da SEC entrar em vigor, daqui a dois anos.
O motivo é que a SEC está permitindo, por exemplo, que as empresas omitam uma determinada porcentagem de funcionários do exterior, que poderiam ter salários mais baixos.
A Bloomberg estimou o salário médio dos trabalhadores identificando os salários e as despesas com benefícios reportados pelas empresas e dividindo o valor pelo número total de trabalhadores.
Um dos problemas de usar o salário médio para chegar a conclusões sobre quanto os CEOs ganham na comparação com seus funcionários é que a norma da SEC está baseada na remuneração mediana, nível que deixa metade dos trabalhadores ganhando mais dinheiro e metade recebendo menos.
Um dólar
Por outro lado, é quase certo que empresas como o McDonald’s, onde a remuneração inicial é apenas um dólar superior ao salário mínimo dos EUA, reportarão proporções de remunerações que surpreenderão alguns funcionários e, talvez, os investidores.
“Eu suponho que o CEO do McDonald’s, que tem muitas pessoas trabalhando em restaurantes da rede, registraria uma grande proporção e teria muitas pessoas na parte mais baixo da pirâmide”, diz John Engler, presidente da Business Roundtable, uma associação de empresas contrária à norma da SEC.
O salário do McDonald’s é consistente com as funções e responsabilidades dos funcionários, segundo a porta-voz Becca Hary.
A empresa está orgulhosa das recentes mudanças realizadas, incluindo a oferta de intervalos remunerados e a ajuda para que mais trabalhadores paguem seus estudos universitários, diz ela.
Envergonhar CEOs
É pouco provável que as corporações gostem da nova exigência da SEC, que decorre da Lei Dodd-Frank, de 2010. Muitas temem que ela seja usada por sindicatos e ativistas para envergonhar os CEOs por suas remunerações.
“Essa lei realmente enfraquece a própria SEC e sua credibilidade, porque não é algo que importe aos acionistas”, disse o CEO da CIT Group, John Thain, à Bloomberg Television, na semana passada. “Trata-se de um comunicado populista e político”.
Thain está familiarizado com revoltas populistas. Como CEO do Merrill Lynch durante a crise financeira, sua decisão de gastar US$ 35.000 em uma cômoda em meio à remodelação de um escritório se tornou um símbolo da indignação pública contra os banqueiros.
Veja a disparidade entre os salários de CEOs e funcionários médios nos EUA:
CEO/Companhia | Ganho do CEO | Ganho do funcionário médio | Disparidade |
---|---|---|---|
Donald Thompson(McDonald's) | US$ 7,29 milhões | US$ 11.324 mil | 644 |
Wayne Smith (Community Health Systems) | US$ 26,44 milhões | US$ 63.837 mil | 414 |
Alan Miller (Universal Health Services) | US$ 18,43 milhões | US$ 55.975 mil | 329 |
Darren Huston (Priceline) | US$ 21,97 milhões | US$ 74.818 mil | 294 |
S. David Passman III (Carmike Cinemas) | US$ 3,25 milhões | US$ 11.789 mil | 276 |
Jack Koraleski (Union Pacific) | US$ 28,14 milhões | US$ 107.540 mil | 262 |
Trevor Fetter (Tenet Healthcare) | US$ 17,95 milhões | US$ 74.287 mil | 242 |
Richard Davis (US Bancorp) | US$ 19,37 milhões | US$ 83.356 mil | 232 |
Jamie Dimon (JPMorgan Chase) | US$ 27,70 milhões | US$ 124.959 mil | 2223 |
Ken Chenault (American Express) | US$ 22,80 milhões | US$ 112.870 mil | 202 |
R. Milton Johnson (HCA Holdings Inc.) | US$ 14,63 milhões | US$ 73.960 mil | 198 |
Fonte: Bloomberg