6 presidentes de empresas, ex-RH, contam o que aprenderam
Seis presidentes que já foram executivos de recursos humanos contam as lições aprendidas nessa trajetória e o que fariam, hoje, na gestão de pessoas
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 18h38.
São Paulo - Quando começou a trabalhar na área de recursos humanos da Philips , Fátima Marques, hoje presidente do Hay Group para a América Latina, acreditava que o número 1 de uma companhia não tinha tempo de cuidar de assuntos relacionados a pessoas. Isso foi em 1980, e Fátima tinha 21 anos. “À medida que amadureci, passei a prestar mais atenção não só na função do principal líder mas também na de todos os outros que, de alguma forma, decidiam os rumos da companhia”, diz.
“E percebi que os bons executivos olham, sim, para os recursos humanos e entendem que o setor, mais do que um suporte, é uma área fundamental para o sucesso e o futuro do negócio.” Os outros presidentes entrevistados para esta reportagem — todos eles com passagem pela área de recursos humanos — compartilham dessa visão.
Na opinião deles, companhias cada vez mais globalizadas e ágeis pedem CEOs afinados com a missão de influenciar positivamente o clima organizacional — e profissionais de RH mais engajados na disseminação da cultura. “Hoje, vejo a importância da área como termômetro das relações e como perpetuadora da essência da empresa, já que deve garantir que o crescimento não desvirtue os valores originais”, afirma Alexandre Hohagen , vice-presidente do Facebook para a América Latina.
A experiência na presidência também trouxe a esses seis profissionais a comprovação de que, para manter uma equipe comprometida e feliz, o RH deve criar condições para que os funcionários se sintam valorizados,promover a aproximação entre os empregados de diferentes gerações e mostrar coerência entre o discurso e a prática.
Veja, a seguir, que outras lições valiosas eles aprenderam no caminho até o topo e o que fariam, com a experiência que têm atualmente, se estivessem à frente da área de recursos humanos.
Henrique Neves
58 anos, diretor-geral da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein desde 2006
Formação
Direito.
Experiência em RH
Foi gerente e diretor de recursos humanos na Shell de 1980 a 1985 e entre 1993 e 1994.
No papel de presidente, como analisa a função do RH?
"Como um árbitro de diversos interesses, capaz de gerenciar não só os processos mas, acima de tudo, a atração, o desenvolvimento e a motivação dos profissionais, principalmente em mercados que enfrentam escassez de mão de obra."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Acompanharia de perto as tecnologias que melhoram o jeito tradicional de fazer, por exemplo, pesquisa de clima, avaliação de desempenho, mapa de competências e estudos de mobilidade urbana que impactam a vida dos funcionários. Também olharia mais para o mercado e aprenderia com quem está inovando em gestão."
Osni de Lima
64 anos, presidente do Grupo Solvay na América do Sul desde 2012
Formação
Administração de empresas.
Experiência em RH
Foi diretor de recursos humanos da Alcan, Dupont, Harvey Hubbell do Brasil, Merck Sharp&Dohme, Tess Telecomunicações e Rhodia de 1979 a 2012.
No papel de presidente, como analisa a função do RH?
"Percebo como é importante que o RH busque ser reconhecido pelos funcionários e pelas lideranças como uma área que efetivamente contribui para fazer os profissionais progredir, estabelece um bom clima interno e fortalece a cultura organizacional."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Reduziria ao máximo as atividades operacionais e procuraria dedicar mais tempo tanto às pessoas quanto ao desenvolvimento e à implantação de políticas de RH agressivas, tendo como prioridades a retenção de talentos e a formação das futuras lideranças."
Fátima Marques
54 anos, presidente do Hay Group para a América Latina desde 2011
Formação
Psicologia.
Experiência em RH
Foi coordenadora de desenvolvimento e gerente de desenvolvimento organizacional da Philips, gerente de RH da Black & Decker e gerente de RH da Gatorade (Quaker) de 1980 a 1997.
No papel de presidente, como você analisa a função do RH?
"Como uma área que se conecta a todos os níveis na organização, tem uma boa leitura do ambiente interno e se posiciona de maneira firme diante de atitudes inconsistentes com os valores da empresa."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Dedicaria atenção à forma como os líderes tratam suas equipes. O RH precisa entender profundamente se os gestores ouvem os funcionários e dizem com clareza o que esperam deles, se orientam a carreira, dão autonomia, desafiam e reconhecem, se praticam a meritocracia e são coerentes."
Donizete Santos
58 anos, presidente da SKF desde 2003
Formação
Economia.
Experiência em RH
Foi executivo de RH da SKF de 1996 a 2000.
No papel de presidente, como analisa a função do RH?
"Mais do que antes, vejo que o RH precisa estar orientado para atrair, desenvolver e reter os melhores talentos. Além disso, deve estar alinhado com as tendências e saber que as pessoas são o diferencial mais relevante de uma empresa."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Buscaria desenvolver um ambiente de trabalho ainda mais propício para o encontro das gerações. É preciso preservar e valorizar o conhecimento desenvolvido durante décadas e incorporar a ele a visão e as aspirações dos jovens profissionais."
Hector Aguilar
43 anos, presidente da General Electric para a América Central e Caribe desde 2011
Formação
Administração de empresas
Experiência em RH
Foi gerente de recursos humanos na The Gillette Company, diretor de RH para a América Latina da British Petroleum, vice-presidente de RH para a América Latina na Baxter Laboratories e diretor de RH para a América Latina na GE entre 1991 e 2011.
No papel de presidente, como você analisa a função de RH?
"Como uma área que tem uma visão global do negócio e não se prende à simples função de monitorar ou comunicar a execução das políticas da companhia. O RH precisa atuar no modelo de parceria – o Business Partner."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Mudaria a orientação da gestão de pessoas para a gestão dos negócios, com profissionais que entendessem de aspectos comerciais, financeiros e operacionais. Cuidaria também para ser menos reativo, procurando ao máximo antecipar os desafios, em vez de reagir a eles."
Alexandre Hohagen
44 anos, vice-presidente do Facebook na América Latina desde 2011
Formação
Publicidade, jornalismo e administração de empresas.
Experiência em RH
Foi gerente de recursos humanos nas empresas Boehringer Ingelheim e ABN Amro Bank entre 1995 a 2000.
No papel de presidente, como você vê a função do RH?
"Em empresas que crescem rapidamente, o desafio é manter a cultura de startup, fazendo com que os recém-chegados recebam as mesmas doses de inspiração daqueles que ingressaram no início da operação."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Como tive experiências em vários setores, de laboratório farmacêutico a companhias do setor bancário, de mídia e internet, encorajaria o pensamento orientado para a inovação, as ações rápidas e o empreendedorismo criativo característico das startups em outras empresas, de qualquer área."
São Paulo - Quando começou a trabalhar na área de recursos humanos da Philips , Fátima Marques, hoje presidente do Hay Group para a América Latina, acreditava que o número 1 de uma companhia não tinha tempo de cuidar de assuntos relacionados a pessoas. Isso foi em 1980, e Fátima tinha 21 anos. “À medida que amadureci, passei a prestar mais atenção não só na função do principal líder mas também na de todos os outros que, de alguma forma, decidiam os rumos da companhia”, diz.
“E percebi que os bons executivos olham, sim, para os recursos humanos e entendem que o setor, mais do que um suporte, é uma área fundamental para o sucesso e o futuro do negócio.” Os outros presidentes entrevistados para esta reportagem — todos eles com passagem pela área de recursos humanos — compartilham dessa visão.
Na opinião deles, companhias cada vez mais globalizadas e ágeis pedem CEOs afinados com a missão de influenciar positivamente o clima organizacional — e profissionais de RH mais engajados na disseminação da cultura. “Hoje, vejo a importância da área como termômetro das relações e como perpetuadora da essência da empresa, já que deve garantir que o crescimento não desvirtue os valores originais”, afirma Alexandre Hohagen , vice-presidente do Facebook para a América Latina.
A experiência na presidência também trouxe a esses seis profissionais a comprovação de que, para manter uma equipe comprometida e feliz, o RH deve criar condições para que os funcionários se sintam valorizados,promover a aproximação entre os empregados de diferentes gerações e mostrar coerência entre o discurso e a prática.
Veja, a seguir, que outras lições valiosas eles aprenderam no caminho até o topo e o que fariam, com a experiência que têm atualmente, se estivessem à frente da área de recursos humanos.
Henrique Neves
58 anos, diretor-geral da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein desde 2006
Formação
Direito.
Experiência em RH
Foi gerente e diretor de recursos humanos na Shell de 1980 a 1985 e entre 1993 e 1994.
No papel de presidente, como analisa a função do RH?
"Como um árbitro de diversos interesses, capaz de gerenciar não só os processos mas, acima de tudo, a atração, o desenvolvimento e a motivação dos profissionais, principalmente em mercados que enfrentam escassez de mão de obra."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Acompanharia de perto as tecnologias que melhoram o jeito tradicional de fazer, por exemplo, pesquisa de clima, avaliação de desempenho, mapa de competências e estudos de mobilidade urbana que impactam a vida dos funcionários. Também olharia mais para o mercado e aprenderia com quem está inovando em gestão."
Osni de Lima
64 anos, presidente do Grupo Solvay na América do Sul desde 2012
Formação
Administração de empresas.
Experiência em RH
Foi diretor de recursos humanos da Alcan, Dupont, Harvey Hubbell do Brasil, Merck Sharp&Dohme, Tess Telecomunicações e Rhodia de 1979 a 2012.
No papel de presidente, como analisa a função do RH?
"Percebo como é importante que o RH busque ser reconhecido pelos funcionários e pelas lideranças como uma área que efetivamente contribui para fazer os profissionais progredir, estabelece um bom clima interno e fortalece a cultura organizacional."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Reduziria ao máximo as atividades operacionais e procuraria dedicar mais tempo tanto às pessoas quanto ao desenvolvimento e à implantação de políticas de RH agressivas, tendo como prioridades a retenção de talentos e a formação das futuras lideranças."
Fátima Marques
54 anos, presidente do Hay Group para a América Latina desde 2011
Formação
Psicologia.
Experiência em RH
Foi coordenadora de desenvolvimento e gerente de desenvolvimento organizacional da Philips, gerente de RH da Black & Decker e gerente de RH da Gatorade (Quaker) de 1980 a 1997.
No papel de presidente, como você analisa a função do RH?
"Como uma área que se conecta a todos os níveis na organização, tem uma boa leitura do ambiente interno e se posiciona de maneira firme diante de atitudes inconsistentes com os valores da empresa."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Dedicaria atenção à forma como os líderes tratam suas equipes. O RH precisa entender profundamente se os gestores ouvem os funcionários e dizem com clareza o que esperam deles, se orientam a carreira, dão autonomia, desafiam e reconhecem, se praticam a meritocracia e são coerentes."
Donizete Santos
58 anos, presidente da SKF desde 2003
Formação
Economia.
Experiência em RH
Foi executivo de RH da SKF de 1996 a 2000.
No papel de presidente, como analisa a função do RH?
"Mais do que antes, vejo que o RH precisa estar orientado para atrair, desenvolver e reter os melhores talentos. Além disso, deve estar alinhado com as tendências e saber que as pessoas são o diferencial mais relevante de uma empresa."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Buscaria desenvolver um ambiente de trabalho ainda mais propício para o encontro das gerações. É preciso preservar e valorizar o conhecimento desenvolvido durante décadas e incorporar a ele a visão e as aspirações dos jovens profissionais."
Hector Aguilar
43 anos, presidente da General Electric para a América Central e Caribe desde 2011
Formação
Administração de empresas
Experiência em RH
Foi gerente de recursos humanos na The Gillette Company, diretor de RH para a América Latina da British Petroleum, vice-presidente de RH para a América Latina na Baxter Laboratories e diretor de RH para a América Latina na GE entre 1991 e 2011.
No papel de presidente, como você analisa a função de RH?
"Como uma área que tem uma visão global do negócio e não se prende à simples função de monitorar ou comunicar a execução das políticas da companhia. O RH precisa atuar no modelo de parceria – o Business Partner."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Mudaria a orientação da gestão de pessoas para a gestão dos negócios, com profissionais que entendessem de aspectos comerciais, financeiros e operacionais. Cuidaria também para ser menos reativo, procurando ao máximo antecipar os desafios, em vez de reagir a eles."
Alexandre Hohagen
44 anos, vice-presidente do Facebook na América Latina desde 2011
Formação
Publicidade, jornalismo e administração de empresas.
Experiência em RH
Foi gerente de recursos humanos nas empresas Boehringer Ingelheim e ABN Amro Bank entre 1995 a 2000.
No papel de presidente, como você vê a função do RH?
"Em empresas que crescem rapidamente, o desafio é manter a cultura de startup, fazendo com que os recém-chegados recebam as mesmas doses de inspiração daqueles que ingressaram no início da operação."
O que faria na gestão de pessoas hoje, com o olhar de presidente?
"Como tive experiências em vários setores, de laboratório farmacêutico a companhias do setor bancário, de mídia e internet, encorajaria o pensamento orientado para a inovação, as ações rápidas e o empreendedorismo criativo característico das startups em outras empresas, de qualquer área."