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O financeiro é o porta voz

Com a nova onda de fraudes nos balanços, o mercado volta a exigir maior transparência das empresas e o executivo de finanças ganha mais uma atribuição

Ilustração - O financeiro é o porta-voz (Samuel Casal/EXAME.com)

Ilustração - O financeiro é o porta-voz (Samuel Casal/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2013 às 12h24.

São Paulo - Tradicionalmente, o executivo de finanças é responsável por organizar as informações financeiras da empresa para que a alta gestão tome decisões sensatas de negócio. Por isso, eles são profissionais altamente demandados pela liderança. 

Com a onda recente de fraudes nos balanços contábeis — no Brasil os casos mais recentes são o do banco PanAmericano e o do Carrefour —, esses profissionais estão ganhando novas atribuições. As companhias estão exigindo que eles sejam porta-vozes para o mercado e nas interações com a imprensa, revela um estudo da Ernst & Young Terco, que ouviu 260 diretores executivos de finanças. 

Segundo o levantamento, 40% dos entrevistados afirmaram que estão se comunicando mais com o mercado atualmente do que há três anos, 14% conversam mensalmente com analistas e profissionais da mídia e 70% admitem ser responsáveis por comunicar os resultados da companhia para a imprensa. A mudança traz um desafio para o financeiro e cria uma questão política em algumas corporações. Ao traduzir as informações financeiras para o mercado, o executivo de finanças tem de abandonar o jargão técnico e ter cuidado para não soltara língua e divulgar dados que são estratégicos. Muitos deles estão em treinamento. 

Já a questão política tem a ver com a divisão de atribuições entre o financeiro e o profissional de relação com o investidor (RI), que geralmente já divulga os resultados financeiros para o mercado. "A tendência é o diretor de finanças acumular também a função de RI, o que já acontece em muitas grandes empresas do país", diz Ricardo Tadeu Martins, vice-presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais em São Paulo (Apimec-SP). De acordo com essa perspectiva, alguns RIs perderiam o emprego.

Mas há também a possibilidade de o profi ssional de RI assumir a função do financeiro. Foi o que aconteceu com o administrador de empresas Martim Prado Mattos, de 30 anos. Em fevereiro de 2009 ele foi contratado como RI da Hypermarcas, uma das maiores companhias nacionais de bens de consumo. Desde julho, Martim passou a acumular a função de fi nanceiro. 

"Quem trabalha com RI tem uma vivência muito próxima do mercado e de várias áreas diferentes da companhia e se envolve tanto com o negócio que passa a ser o candidato ideal para assumir a diretoria financeira", diz. Como se vê, há uma questão política a ser resolvida. As escolas de negócios, por sua vez, já se deram conta da necessidade de os profissionais se comunicarem melhor. 

Algumas delas passaram a oferecer a disciplina de comunicação nos cursos de finanças e controladoria. Um exemplo é a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi ), que mudou a grade curricular do MBA dirigido a profissionais de controladoria. "As pessoas estão notando a importância dessa competência e o valor agregado que ela traz para a carreira", diz Leslie Marko, professora de expressão e comunicação do MBA Controller. 

Mas, para falar bem com o mercado, é preciso se sentir confortável com a posição de interlocutor. Oito em cada dez entrevistados pelo estudo da Ernst & Young Terco afirmaram ter essa confiança quando lidam com a imprensa. Esse nível de conforto, no entanto, cai drasticamente quando o assunto foge da seara das finanças. Para evitar um vexame, o executivo deve ler e estar por dentro do que acontece no Brasil e no mundo, não apenas na sua área de conhecimento. Um hábito que ainda é caro a muitos profissionais de finanças.

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