Filho de delator ganhava R$ 48 milhões no Credit Suisse
O salário de Sérgio Firmeza Machado, de R$ 48,4 milhões em 2015, supera o de qualquer membro do comitê executivo global do banco suíço, segundo relatório anual
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2016 às 09h35.
O último lugar em que se esperaria encontrar um dos executivos mais bem pagos do Credit Suisse Group no mundo seria o Brasil, diante de todos os desafios políticos e econômicos que o País enfrenta.
O salário de Sérgio Firmeza Machado, entretanto, de R$ 48,4 milhões (US$ 14 milhões) em 2015, supera o de qualquer membro do comitê executivo global do banco suíço, segundo seu relatório anual.
A declaração de Imposto de Renda de Machado, de 38 anos, ex-chefe do negócio de renda fixa do Credit Suisse no Brasil, é o assunto mais comentado entre os executivos locais de bancos de investimento desde que seus dados vazaram junto a um pacote de documentos de investigação da Operação Lava Jato.
Machado é um nome extremamente familiar no noticiário brasileiro. Seu pai, Sérgio Machado, ex-político que mais tarde se tornou executivo da Transpetro, tem denunciado uma série de políticos por suposto envolvimento em casos de corrupção dentro de sua delação premiada. Seu nome esteve na primeira página de todos os mais importantes jornais do país na semana passada.
Firmeza Machado disse em um tribunal não ter conhecimento das transações supostamente ilícitas citadas na delação premiada de seu pai e afirmou que seu relacionamento com a família era distante. Ainda assim a divulgação de sua renda _ que inclui pagamento de bônus diferidos de anos anteriores_ atraiu muita atenção e representa os efeitos colaterais de um drama nacional que ajudou a provocar o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a deixar o País na pior recessão em um século.
Corte de vagas
O que os banqueiros querem saber é como um executivo de banco conseguiu ter uma renda tão alta em um ano em que as comissões para banco de investimento caíram 42%, para o pior nível um uma década, segundo os dados da Dealogic, em meio ao colapso do mercado de ações e de títulos da dívida no Brasil.
Globalmente, o banco, que perdeu metade de seu valor de mercado nos últimos 12 meses, anunciou nova rodada de corte de pessoal em março, levando o total de demissões para 6.000 pessoas.
O Credit Suisse não quis comentar, dizendo não discutir rendimento dos funcionários. Flavia Lofti, advogada de Machado, também não quis dar declarações sobre o que chamou de “divulgação indevida” da declaração de Imposto de Renda de seu cliente.
Machado estava entre as 18 pessoas que deixaram o Credit Suisse em abril em meio a um corte global de pessoal. Ele passou 17 anos no banco. Sob sua supervisão o Credit Suisse fez empréstimo de US$ 1,27 bilhão para o Estado de Minas Gerais em 2013, e depois vendeu o crédito a investidores um mês depois, com um lucro de US$ 116 milhões.
O executivo mais bem pago do Credit Suisse em 2015 foi o conselheiro Rob Shafir, que renunciou ao assento no conselho em outubro para se tornar chairman do Americas, com US$ 8,2 milhões em rendimentos. Tijdane Thiam, que entrou para o conselho em julho, recebeu US$ 4,7 milhões pelos primeiros seis meses no cargo.
Executivo da Transpetro
Machado pai, que depois de atuar na política passou a comandar a Transpetro, braço de logística da Petrobras, admitiu ter repassado R$ 100 milhões em propinas para campanhas políticas.
Depois de acertar uma delação premiada, seu depoimento veio a público semana passada, causando um movimento forte de venda tanto no mercado de ações como de moedas ao citar o envolvimento do presidente em exercício Michel Temer.Três ministros do gabinete de Temer já renunciaram aos cargos por causa de declarações de Machado em sua delação premiada.
Temer, que assumiu em maio a presidência como interino com o afastamento pré-julgamento de impeachment de Dilma Rousseff, negou qualquer irregularidade.
O ex-executivo do Credit Suisse Sergio Firmeza Machado também prestou depoimento no caso de seu pai e disse ter aberto uma conta no HSBC na Suíça para um irmão sem saber que ela recebia recursos ilegais, segundo documentos de sua delação premiada na Justiça.
Ele disse ter uma relação distante com a família, que se deteriorou ainda mais quando soube do envolvimento de seu pai e do irmão no escândalo. “Até então sempre havia acreditado nos propósitos lícitos da abertura da conta", disse ele no depoimento.
O último lugar em que se esperaria encontrar um dos executivos mais bem pagos do Credit Suisse Group no mundo seria o Brasil, diante de todos os desafios políticos e econômicos que o País enfrenta.
O salário de Sérgio Firmeza Machado, entretanto, de R$ 48,4 milhões (US$ 14 milhões) em 2015, supera o de qualquer membro do comitê executivo global do banco suíço, segundo seu relatório anual.
A declaração de Imposto de Renda de Machado, de 38 anos, ex-chefe do negócio de renda fixa do Credit Suisse no Brasil, é o assunto mais comentado entre os executivos locais de bancos de investimento desde que seus dados vazaram junto a um pacote de documentos de investigação da Operação Lava Jato.
Machado é um nome extremamente familiar no noticiário brasileiro. Seu pai, Sérgio Machado, ex-político que mais tarde se tornou executivo da Transpetro, tem denunciado uma série de políticos por suposto envolvimento em casos de corrupção dentro de sua delação premiada. Seu nome esteve na primeira página de todos os mais importantes jornais do país na semana passada.
Firmeza Machado disse em um tribunal não ter conhecimento das transações supostamente ilícitas citadas na delação premiada de seu pai e afirmou que seu relacionamento com a família era distante. Ainda assim a divulgação de sua renda _ que inclui pagamento de bônus diferidos de anos anteriores_ atraiu muita atenção e representa os efeitos colaterais de um drama nacional que ajudou a provocar o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a deixar o País na pior recessão em um século.
Corte de vagas
O que os banqueiros querem saber é como um executivo de banco conseguiu ter uma renda tão alta em um ano em que as comissões para banco de investimento caíram 42%, para o pior nível um uma década, segundo os dados da Dealogic, em meio ao colapso do mercado de ações e de títulos da dívida no Brasil.
Globalmente, o banco, que perdeu metade de seu valor de mercado nos últimos 12 meses, anunciou nova rodada de corte de pessoal em março, levando o total de demissões para 6.000 pessoas.
O Credit Suisse não quis comentar, dizendo não discutir rendimento dos funcionários. Flavia Lofti, advogada de Machado, também não quis dar declarações sobre o que chamou de “divulgação indevida” da declaração de Imposto de Renda de seu cliente.
Machado estava entre as 18 pessoas que deixaram o Credit Suisse em abril em meio a um corte global de pessoal. Ele passou 17 anos no banco. Sob sua supervisão o Credit Suisse fez empréstimo de US$ 1,27 bilhão para o Estado de Minas Gerais em 2013, e depois vendeu o crédito a investidores um mês depois, com um lucro de US$ 116 milhões.
O executivo mais bem pago do Credit Suisse em 2015 foi o conselheiro Rob Shafir, que renunciou ao assento no conselho em outubro para se tornar chairman do Americas, com US$ 8,2 milhões em rendimentos. Tijdane Thiam, que entrou para o conselho em julho, recebeu US$ 4,7 milhões pelos primeiros seis meses no cargo.
Executivo da Transpetro
Machado pai, que depois de atuar na política passou a comandar a Transpetro, braço de logística da Petrobras, admitiu ter repassado R$ 100 milhões em propinas para campanhas políticas.
Depois de acertar uma delação premiada, seu depoimento veio a público semana passada, causando um movimento forte de venda tanto no mercado de ações como de moedas ao citar o envolvimento do presidente em exercício Michel Temer.Três ministros do gabinete de Temer já renunciaram aos cargos por causa de declarações de Machado em sua delação premiada.
Temer, que assumiu em maio a presidência como interino com o afastamento pré-julgamento de impeachment de Dilma Rousseff, negou qualquer irregularidade.
O ex-executivo do Credit Suisse Sergio Firmeza Machado também prestou depoimento no caso de seu pai e disse ter aberto uma conta no HSBC na Suíça para um irmão sem saber que ela recebia recursos ilegais, segundo documentos de sua delação premiada na Justiça.
Ele disse ter uma relação distante com a família, que se deteriorou ainda mais quando soube do envolvimento de seu pai e do irmão no escândalo. “Até então sempre havia acreditado nos propósitos lícitos da abertura da conta", disse ele no depoimento.