Carreira

Como não errar feio na pretensão salarial?

Ao se candidatar a uma vaga, como definir sua pretensão salarial? Especialistas apresentam alguns critérios fundamentais para fazer uma proposta sensata


	Dinheiro: tabelas salariais podem embasar negociação presencial
 (Thinkstock/BernardaSv)

Dinheiro: tabelas salariais podem embasar negociação presencial (Thinkstock/BernardaSv)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 13 de fevereiro de 2015 às 15h40.

São Paulo - Dinheiro, às vezes, é um assunto muito delicado. Ainda mais quando você está diante de uma proposta de emprego e, com poucas informações em mãos, precisa definir sua pretensão salarial.

O constrangimento se deve, em grande parte, ao temperamento do brasileiro, segundo João Xavier, diretor geral da Ricardo Xavier Recursos Humanos. “Somos menos pragmáticos do que outros povos, então achamos difícil atribuir um 'preço' para uma pessoa”, diz ele.

A situação é ainda mais complicada quando faltam dados sobre o outro lado. Segundo José Roberto do Valle, presidente da Scotwork Brasil, a maioria das empresas prefere anunciar vagas com “salário a combinar”.

“Elas fazem isso para se precaver e evitar que aconteça uma supervalorização do candidato”, afirma ele. “Por outro lado, também são poucos os profissionais que já anunciam um valor de cara”.

O resultado desse jogo são muitas dúvidas e hesitações. Veja a seguir algumas orientações que, se não eliminam todas as dificuldades, podem facilitar (um pouco) a sua vida:

1. Consulte tabelas salariais
Para começar, Valle recomenda que o candidato consulte fontes oficiais sobre a remuneração média para sua área. Além de evitar distorções, o dado serve para embasar a negociação presencial, se houver.

Mesmo assim, as tabelas salariais são apenas um recurso de argumentação - não de definição categórica. “Esse dado não é o suficiente para convencer o recrutador, mas pelo menos estabelece alguns parâmetros”, afirma.

2. Considere sua posição no mercado
Para lançar um valor, o candidato também precisa refletir sobre sua situação atual. Se você tem um emprego, é uma boa ideia pedir um salário igual ou superior ao que você já recebe, segundo Xavier.

No caso de quem está fora do mercado, a dica é pedir até 10% menos, com base na sua última remuneração. “Se você ganhava 10 mil reais, por exemplo, vale propor algo em torno de 9 mil”, diz o especialista.

3. Avalie seu grau de satisfação com o presente
Além da sua inserção no mercado, é preciso pensar no quanto é importante para você mudar de emprego. “Se você quer fazer uma manobra na sua carreira, ir para uma área diferente, vale ser mais flexível”, diz Xavier.

Além disso, é importante avaliar se você está feliz com o seu emprego atual. “Em alguns casos, esse pode ser um fator determinante para o cálculo”, diz ele.

4. Estabeleça um “mínimo viável”
Não adianta pesar apenas fatores externos para definir a sua pretensão salarial. “O candidato precisa definir um mínimo que precisa ganhar para pagar suas contas e se motivar para o trabalho”, diz Valle.

A dica do especialista é pedir um pouco a mais do que esse "piso", para haver margem de negociação numa conversa posterior com o recrutador.

5. Preste atenção na descrição da vaga
Outro parâmetro relevante é o escopo da posição. “É preciso entender muito bem o que cobrarão de você para saber o quanto você pode pedir em troca”, diz Xavier.

Nessa avaliação, a nomenclatura não importa tanto. “Não se apegue tanto aos títulos e nomes de cargos. O que vale é o grau de responsabilidade atribuído a você”, afirma.

6. Procure informações sobre a empresa
Um critério essencial para não “chutar” um valor despropositado é saber mais sobre o empregador. Busque saber, por exemplo, como vai o segmento a que ele pertence, e qual é o seu porte em relação à concorrência.

“Numa empresa pequena, um diretor de operações pode pedir um salário maior do que o diretor de operações de uma multinacional”, ilustra Xavier. “Ele terá atribuições bem mais abrangentes do que o outro, que será apenas mais um num quadro de gestores”.

7. Converse com seus pares
Saber quanto ganham ex-colegas de faculdade também ajuda a estimar um valor. “Não dá para confiar totalmente, mas vale a comparação para saber como vai o mercado”, afirma Valle.

Isso porque essas pessoas têm algumas variáveis em comum com você, como formação acadêmica, instituição de ensino e tempo de experiência. “Só não confie cegamente nessa informação, porque há muitos outros fatores em jogo”, diz ele.

8. Use a expressão “na faixa de”
Por mais que você procure informações para balizar a sua pretensão salarial, sempre há espaço para questionamentos. O melhor a fazer, portanto, é não cravar um número fechado.

“Dizer que você quer um salário na faixa de 9 mil reais, por exemplo, demonstra flexibilidade e abertura para o diálogo”, afirma Xavier. Além disso, o intervalo deixa um importante espaço para “manobras”. Segundo o especialista, é fundamental contar com essa brecha na hora de negociar o valor final.

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