Carreira

5 sinais de que seu chefe pode ser um psicopata

Estudo mostra que 4% dos executivos têm tendências psicopatas; na população geral, este índice é de 1%

O personagem Dexter Morgan: não é preciso ser um assassino em série para ser psicopata

O personagem Dexter Morgan: não é preciso ser um assassino em série para ser psicopata

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 31 de janeiro de 2012 às 16h06.

São Paulo - Seu chefe faz da sua vida um verdadeiro inferno? Rouba suas ideias, dá os ombros para todas as regras, não vê nenhuma diferença entre pessoas e um copo descartável e, pior, não demonstra qualquer sinal de remorso por tudo de ruim que faz? Cuidado, você pode estar lidando com uma pessoa com tendências psicopatas.

De acordo com levantamento feito por uma equipe de psiquiatras e psicólogos americanos, 3,9% dos profissionais que ocupam um cargo em nível executivo apresentam traços psicopatas. Na sociedade como um todo, pessoas com estas tendências representam 1%.

“As mudanças no mundo dos negócios desde a década de 80 tornaram o sucesso mais fácil para pessoas com este perfil”, afirma Paul Babiak, um dos autores da pesquisa e autor do livro “Snakes in Suits: When Psychopaths Go To Work” (Editora Harper). “As empresas que mantém um ritmo de trabalho rápido, têm equipes enxutas e vivem sob constante mudança são muito atrativas para pessoas com esses traços”.

Inconscientemente, as companhias acabam seduzidas por profissionais com essas tendências. “Por um lado, muitas empresas estão adotando a filosofia da lei de sobrevivência do mais forte”, afirma Jeffrey Gardere, professor de medicina do comportamento na Touro College of Osteopathic Medicine e apresentador do programa Dad Camp, do canal VH1 da TV americana.

“Por outro, essas pessoas adotam práticas agressivas que trazem resultados”, diz. E isso pavimenta o caminho para que muitas delas consigam chegar a postos elevados na hierarquia. Sem quem ninguém perceba que ela padece de um distúrbio psicológico.

Os quatro sinais que vêm a seguir não devem ser encarados como uma palavra final sobre o comportamento do seu superior. Mas servem como um alerta para o fato de que, como diz o livro de Babiak, algumas serpentes podem, sim, vestir ternos. E podem estar mais próximas do que você imagina.

1. Quebra regras

Chefes com tendências psicopatas, segundo os especialistas, são extremamente egocêntricos. “Eles se vêem como a pessoa mais esperta da sala”, diz Gardere. Esta visão desfocada sobre si mesmo propicia com que muitos desses profissionais se sintam onipotentes, acima de tudo e de todos.


Fato que os impulsiona a quebrar as regras em nome dos próprios objetivos. “Eles são apenas leais para eles mesmos, mesmo que isso signifique o detrimento da companhia e dos colegas de trabalho”, afirma Babiak.

2. Não assume responsabilidades

Um dos traços comuns em psicopatas é não aceitar responsabilidades ou não focar em resultados. Mas como isso explicaria a presença deles em níveis executivos? Fácil. Eles mentem. Muitas vezes, de uma maneira patológica.

Para isso, eles culpam terceiros por erros, roubam ideias e o crédito de conquistas de outras pessoas e mentem sobre os resultados que, de fato, alcançaram.

“Eles fazem o suficiente para parecer bons e suas habilidades de comunicação os habilitam a exagerar as próprias conquistas”, afirma Babiak.

3. Não se deixa levar pelas emoções (e sabe manipulá-las)

O mundo pode estar caindo. O mercado prestes a explodir. Mas nada terá poder para abalar as emoções de um psicopata, dizem os especialistas. Por isso, eles se expõem aos riscos com mais facilidade do que pessoas (ditas) normais. “Eles não têm medo. Antes, desejam agarrar todas as oportunidades e apostar tudo”, descreve Gardere.

Com isso, em situações onde a maior parte das pessoas paralisaria por medo ou naufragaria num mar de ansiedade, os psicopatas conseguem manter a postura de quem tem sangue frio.

Mas isso não é tudo. “Por ter um controle emocional muito grande, eles conseguem manipular o afeto em favor deles mesmos”, explica Arthut Kummem, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. E, com isso, por exemplo, simular determinadas emoções com o intuito de manipular os sentimentos e emoções de terceiros.

Por isso, é possível que, no início, chefes psicopatas se mostrem muito carismáticos e charmosos. Mas não se iluda. Tudo pode ser parte de um grande plano para que ele conquiste os próprios objetivos.

4. É manipulador

Por dominar os próprios sentimentos, ser mestre da mentira e conseguir detectar os “calcanhares de Aquiles” das pessoas que o rodeia, um profissional psicopata, geralmente, é manipulador.



A técnica mais comum entre eles é mapear as necessidades, desejos e fraquezas das pessoas que podem lhes fornecer o que eles querem. “E criar uma máscara que reponde a essas expectativas, para então manipular suas vítimas enquanto oferecem a elas dinheiro, poder, influência ou sexo, por exemplo”, descreve o especialista.

“Eles não se importam com os meios, apenas com os fins”, diz Gardere.

5. Não sente remorso, culpa ou empatia

Toda essa maldade, contudo, não provoca o menor remorso ou sentimento de culpa entre profissionais psicopatas. Basicamente porque eles não se importam com nada além deles mesmos.

“Em um dia, o chefe psicopata verá você como o profissional mais valioso. No dia seguinte, poderá substituir você por alguém que ele julgue servir melhor”, afirma Gardere.

Ponderações
Agora, cuidado com rótulos precipitados. “Aparentemente, você tem a impressão de que essa pessoa é sã. A psicopatia se expressa de acordo com as oportunidades da vida, com questões culturais e educacionais”, explica Kummem, da UFMG. Por isso, não é possível fechar um diagnóstico e rotular seu chefe por conta própria.

Além disso, existem muitos chefes ruins por aí basicamente porque não aprenderam boas técnicas de gestão. “Todos, incluindo eu e você, às vezes apresenta alguns traços “psicopatas”. Para ser caracterizado verdadeiramente como tal, o indivíduo precisa demonstrar, pelo menos, 20 traços por um longo período de tempo e em diferentes contextos, como em casa, no trabalho, na escola”, diz Babiak.

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