Carreira

4 riscos das mudanças constantes de emprego

Mercado desconfia de ciclos muito curtos nas empresas, diz especialista. Confira quais os problemas que a inquietude profissional pode trazer para sua carreira


	Movimentação intensa de emprego causa desconfiança em recrutadores, diz especialista
 (Getty Images/Getty Images)

Movimentação intensa de emprego causa desconfiança em recrutadores, diz especialista (Getty Images/Getty Images)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 27 de novembro de 2012 às 07h34.

São Paulo – Para quem está no início da carreira profissional, ter passagens em diferentes empresas é vantajoso para o currículo e pode ser considerada uma das etapas necessárias da ascensão profissional.

Mas quando as mudanças se tornam uma constante na vida de quem já possui certa experiência profissional, o mercado desconfia. É o que diz Andréa de Paula Santos, sócia da Ascend RH e especialista em recrutamento de executivos de alta e média gerência. Segundo ela, não é indicado completar ciclos de um ano ou dois no máximo em cada empresa. Profissionais devem, em geral, cumprir ciclos  de médio prazo, de 4 a 5 anos. 

“Ficar procurando um emprego o tempo todo, mesmo estando empregado, revela alguns pontos que o profissional deve prestar atenção”, diz Andréa. Confira quais os riscos desta inquietude profissional para sua carreira, de acordo com a especialista:

1 Falta de foco na carreira

Um bom profissional deve estar antenado às novas oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho. Mas também deve saber o que ele quer construir durante sua trajetória profissional. 

Ficar "pulando de galho em galho", trocando de empresa a cada seis meses, por exemplo, resulta na perda de foco de carreira. “É um sinal de que esta pessoa não sabe o que quer”, diz Andréa.

A falta de critério na escolha de uma empresa para trabalhar também é evidenciada por este tipo de atitude, afirma a especialista. “As decisões devem ser bem alicerçadas, o executivo precisa conhecer os próprios motivos, saber por que se envolveu ou vai envolver em determinado projeto”, diz Andréa.


Dica: é certo que toda escolha traz um custo de oportunidade. Por isso, o autoconhecimento é fundamental para fazer opções mais acertadas.

É o que defende a coach e escritora canadense Maggie Neilson, autora do livro “How to find your best job ever” (“Como encontrar o melhor trabalho de toda a sua vida”, sem tradução em português, da Brave New World Publishing).

No livro, Maggie afirma que saber quem é você, quais as suas características, interesses, valores e habilidades é chave para saber em que tipo de companhia você melhor se encaixa.


2 Perda de chances de ascensão dentro das empresas

Uma pessoa que se destaca no ambiente corporativo pode levar de um a dois anos para reverter seu sucesso em uma promoção. É o tempo necessário para os gestores perceberem a consolidação do trabalho realizado.

Mas quem passa pouco tempo em uma empresa perde esta chance porque, obviamente, não estará mais lá para colher os louros de sua competência.

“O profissional com o objetivo de crescimento de carreira não precisa estar olhando sempre para fora, ele pode buscar crescimento dentro da empresa. As companhias têm espaço para quem quer fazer a diferença”, destaca Andréa.

Dica: se você está em busca de ascensão profissional mais rápida, priorize projetos de curto e médio prazo que tragam resultados em alguns meses. Quanto antes você bater as metas, mais rápido o reconhecimento virá e, com ele, as chances de você ser promovido.


3 Você terá que dar bons motivos para recrutadores na hora explicar sua intensa movimentação de carreira

Nas entrevistas de emprego, escapar de explicar ao recrutador o que motivou a sua movimentação de carreira é quase  impossível. Afinal esta é uma das 20 perguntas mais frequentes, segundo especialistas. Com os recrutadores percebendo os ciclos nas empresas estão cada vez mais curtos, os critérios adotados para as mudanças de empresas serão avaliados. 

“As corporações vão querer saber por que este profissional fica mudando de emprego”, diz Andréa. A especialista justifica esta preocupação com o fato de as empresas, interessadas em diminuir a taxa de rotatividade de profissionais, estarem em busca de pessoas que se comprometam.

“As empresas querem pessoas que se responsabilizem por seus compromissos. Percebem que há algo de inconsistente na história de profissionais que ficam pulando de um emprego para outro”, diz Andrea.

Dica: se o seu histórico profissional é do tipo que contêm apenas ciclos curtos, prepare-se para ser consistente na explicação dada ao recrutador. Colocar a questão financeira como única motivadora não é indicado, ela deve entrar no pacote de vantagens que impulsionaram a mudança. 

Lembre-se que uma trajetória de ascensão em uma mesma empresa é uma questão valorizada pelo mercado já que é o resultado visível da sua competência.

4 A sua maturidade profissional pode ser posta em xeque

Se o mercado enxerga com bons olhos ciclos curtos no início de carreira, para profissionais mais experientes, intensas mudanças são vistas com bastante ressalva. 

“Na alta e média gerência espera-se que o profissional tenha mais maturidade na hora de tomar as suas decisões”, diz Andréa. A maturidade, nesse caso, passa obrigatoriamente pela adoção de critérios válidos na hora de decidir mudar de emprego, pelo comprometimento com os desafios que surgirem e também pela capacidade de adaptação ao ambiente coporativo.

Dica: Investigue os motivos que o levam a não permanecer muito tempo em cada empresa. Você tem de adaptar aos locais? Você desiste ao menor sinal de dificuldades? “Ficar procurando emprego o tempo todo é um sofrimento, às vezes esse profissional pode descobrir que não tem tendência para o trabalho corporativo e que talvez a melhor coisa seja trabalhar sozinho”, sugere Andrea.

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