Carreira

Mudar aos 35 anos: valorize sua carreira

Dar uma guinada profissional a partir dos 30 anos requer avaliar muito bem os prós e contras da decisão. Você não quer perder as conquistas que teve até aqui

 Como se diz no jargão corporativo, André queimou os ternos.  (Marcelo Spatafora / VOCÊ S/A)

Como se diz no jargão corporativo, André queimou os ternos. (Marcelo Spatafora / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2013 às 22h00.

São Paulo - A partir dos 30 anos de idade, há mais fatores que têm de ser levados em conta antes de dar uma basta ao emprego. A família e o equilíbrio nas finanças são os principais fatores que dificultam a transição.

Além disso, nessa etapa da vida o profissional já construiu um breve histórico de realizações, angariou alguma experiência e está no momento de começar a capitalizar essas conquistas.

Por isso, deixar a carreira nesse momento é uma decisão difícil. É geralmente nessa fase que começam a aparecer as oportunidades para assumir desafios maiores: liderar equipe, unidade de negócios e projetos estratégicos. Para quem está em sintonia com o chefe, se sente reconhecido e satisfeito com a empresa, a sensação é de que tudo vai bem e o céu é o limite.

Por outro lado, é por  volta dos 30 que começam a pintar as primeiras crises relacionadas à carreira. O sentimento é mais latente para os que não estão onde gostariam de estar (cargo, área ou empresa). A moeda de troca também muda.

Se, antes, você aceitava ganhar menos em troca de aprendizado, agora o salário — o reconhecimento financeiro — ganha importância. Há ainda uma preocupação maior com o equilíbrio entre a agenda profissional e a pessoal. Quando esses elementos não estão alinhados aparece a comichão da mudança. Como lidar com a situação? 

A psicóloga Mariá Giuliese, autora do livro O Jogo da Transição – Sua Carreira em Movimento (Ed. Saraiva), afirma que não há nada de errado em querer experimentar outro caminho. “É importante olhar para si mesmo e descobrir o que está acontecendo.” Mariá alerta também que familiares e amigos não são bons conselheiros.

“Eles são pautados pelos estímulos emocionais e morrem de medo de o novo desafio não dar certo.” Para auxiliar o profissional no momento da mudança, Mariá indica um coach, que terá uma visão mais estruturada e bem planejada. “A pessoa que entra no processo de mudança não fica preocupada com o tempo perdido na primeira carreira. Ela tem medo de estar equivocada.” 


Se você não tem acesso a um coach, procure alguém mais experiente, que seja de sua confiança. Você vai saber que a conversa foi produtiva quando as perguntas que ele fizer o tirarem da zona de conforto. Para Fabio Saad, consultor da Robert Half, em São Paulo, um opção é mudar dentro da empresa, experimentar outra área que lhe interesse.

Se não há essa oportunidade, a saída é buscar formação na nova área e partir para o mercado. A recolocação pode demorar alguns meses. Por isso, é preciso estar preparado financeiramente. Segundo Daniel Cunha, diretor regional da consultoria Michael Page, de São Paulo, mudar a partir dos 30 é uma decisão corajosa.

“Um profissional com 35, quando escolhe partir para outra área, vai concorrer com gente experiente na nova área.” O fiel da balança está na real disposição para encarar a transição. Quem enfrentou o desafio não se arrepende. “Sou muito mais feliz hoje”, diz o ex-engenheiro André Rezende Azevedo, de 38 anos, que mudou de carreira depois de 12 anos trabalhando na indústria de bebidas .

Sou mais feliz agora

O engenheiro de alimentos paulistano André Rezende Azevedo, de 38 anos, disse adeus, no ano passado, ao trabalho que tinha como gerente de bebidas, depois de 12 anos no Grupo Schincariol. Como se diz no jargão corporativo, André queimou os ternos. “Gosto da profissão, mas cansei das longas jornadas de trabalho e das ligações no celular nos fins de semana”, diz.

O plano de mudança começou a ser traçado em 2000, quando ele assistia a uma aula de juros compostos no MBA que fez na Fundação Getulio Vargas. “Percebi que era importante me preparar financeiramente e, em 2007, fiz uma carteira de investimentos. Já estava juntando uma parte do meu salário.

Fui promovido naquele ano e, com isso, passei a guardar 40% do que ganhava.” Quando acumulou o suficiente para ficar sem trabalhar por até dois anos, saiu da Schincariol. André resolveu se dedicar à educação física e está cursando o segundo ano na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Se ele pensa em voltar a ser engenheiro? “Adoro esportes e, depois de me formar, quero trabalhar na área de saúde.”

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