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Mercedes-Benz contrata mais de 300 funcionários para fábricas no Brasil

O presidente da empresa afirmou que a recuperação deste ano só será sustentável se as reformas continuarem

Apesar do crescimento, as contratações não suprem as 5 mil vagas de trabalho fechadas entre 2013 e 2017 (Reprodução/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de março de 2018 às 13h51.

São Bernardo do Campo - A Mercedes-Benz anunciou nesta terça-feira, 27, a contratação de mais 330 trabalhadores para as suas fábricas no Brasil , sendo 250 para a de São Bernardo do Campo (SP) e 80 para a de Juiz de Fora (MG). Eles vão começar a trabalhar entre abril e junho. Trata-se do segundo aumento significativo do quadro de funcionários da empresa em 2018, que entre janeiro e março havia contratado 272 para o ABC e 80 para a unidade mineira.

As admissões, no entanto, ainda estão longe de compensar as vagas fechadas durante a crise econômica. Entre 2013 e 2017, a montadora fechou cerca de 5 mil postos de trabalho em suas fábricas no Brasil, a maioria por meio de programas de demissão voluntárias e aposentadorias. Com as contratações anunciadas nesta terça, a Mercedes-Benz passa a ter cerca de 8 mil funcionários em São Bernardo e 860 em Juiz de Fora.

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O aumento da força de trabalho ocorre em um momento de crescimento da venda de caminhões e ônibus, os segmentos mais relevantes para a montadora no mercado brasileiro. Não por acaso, a Mercedes-Benz revisou a sua projeção de vendas. Se no fim do ano passado a empresa falava que a expansão em 2018 seria de 20%, agora acredita em um crescimento de até 30%. No acumulado do ano até fevereiro, as vendas de caminhões cresceram 56% e as de ônibus, 64%.

A empresa, no entanto, entende que o crescimento verificado até então em 2018 é mais cíclico do que estrutural e cobra empenho do governo para seguir adiante com reformas que possam dar mais sustentabilidade à parte fiscal.

"O ano de 2018 vai ser bom, mas o ano de 2019 ainda nos deixa com dúvidas", disse o presidente da Mercedes-Benz no Brasil, Philipp Schiemer. "A recuperação que temos hoje é fruto dos juros baixos, que caíram por causa da inflação, que está sob controle. Isso criou um ambiente de negócios muito melhor. Porém, o crescimento só será sustentável se as reformas tiverem continuidade. E hoje, por causa das eleições, as reformas pararam", explicou.

Diante disso, ele acredita que as eleições deste ano representam um risco. "Esperamos que o próximo governo não feche os olhos para os problemas que existem, que são evidentes. O Brasil está em situação fiscal insustentável, já percebemos isso pelos Estados, e a parte federal é consequência. Se os políticos entendem essa necessidade, teremos futuro muito bom."

Schiemer também demonstrou preocupação com o Rota 2030, programa do governo que vai criar para o setor automotivo por 15 anos, em substituição ao Inovar-Auto, que expirou no ano passado. Ele acredita que o programa poderá ser lançado ainda neste ano. "A indústria necessita disso, porque queremos saber as regras para o próximo ano", disse.

O executivo afirmou ainda que as exportações ganharam relevância para a empresa durante a crise. As vendas para o exterior, que em 2014 representavam 10% do negócio da montadora, chegaram a 40% no ano passado. Segundo ele, essa proporção deve cair um pouco em 2018, em razão da recuperação do mercado interno.

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