Jorge Paulo Lemann: reunião da Fundação Estudar hoje (Fundação Estudar/Divulgação)
Camila Pati
Publicado em 12 de agosto de 2017 às 07h55.
Última atualização em 15 de agosto de 2017 às 11h02.
São Paulo – Jorge Paulo Lemann, um dos fundadores do fundo 3G Capital dono de empresas como a Kraft Heinz, o Burger King e AB InBev, é admirado por seus sócios por ser um visionário. Homem mais rico do Brasil, o empresário costuma dizer que sempre gosta de “inventar alguma maluquice”.
Nesta semana, na reunião anual da Fundação Estudar, instituição criada por ele e pelos sócios Beto Sicupira e Marcel Telles, Lemann falou sobre uma característica da sua personalidade que está intimamente ligada ao seu inegável senso de oportunidade: uma disposição bem acima da média para arriscar.
“Eu acredito que as pessoas tomam pouco risco, deveriam tomar mais”, disse para uma plateia de 150 bolsistas e ex-bolsistas da Fundação Estudar. De acordo com ele, pessoas muito preparadas podem deixar de fazer coisas grandes porque estudam demais e com isso não se arriscam.
E Lemann é categórico: só faz algo grande quem se dispõe enfrentar os riscos de suas iniciativas. Nesse sentido, sonhar grande, como ele costuma pregar é essencial e ele também falou sobre isso aos bolsistas da Fundação Estudar. Confira alguns trechos da palestra do empresário:
“A minha convivência com o risco é maior do que a da média, então eu acredito que as pessoas tomam pouco risco, deveriam tomar mais. Eu tenho essa tendência porque fui criado com muita liberdade, meu pai morreu cedo, minha irmã é mais velha e eu estava solto para me virar por conta própria. Isso me deu aptidão para tentar e arriscar mais coisas. Nunca fui um estudioso que analisasse demais as coisas e tenho notado que pessoas mais preparadas fazem milhões de análises e estudos e, fazendo isso, não se arriscam. É preciso lembrar que você não faz nada grande, se você não se arriscar”.
“Para mim, dinheiro é uma maneira de medir resultado, até certo ponto. Quem me conhece bem sabe que eu não sou gastador. O dinheiro é moeda para fazer mais negócios. É uma maneira prática de ver se você está ou não tendo sucesso. Eu tenho diversos projetos na área filantrópica que tenho muito prazer em fazer, mas sinto falta de não poder medir, como eu posso nos negócios, se está ou não tendo resultados. Dentro dos objetivos empresariais, é apenas uma forma de medição”.
“Se eu fosse começar um negócio hoje, seria no ramo da tecnologia. Sou fascinado por tecnologia, apesar de não me considerar preparado. Da mesma maneira que entrei no mercado financeiro porque vi oportunidade de inovar, hoje em dia vejo as novidades pelo Vale do Silício e ia tentar alguma coisa nessa área. No Brasil temos um atraso tecnológico e uma grande demanda. Acredito que eu buscaria um nicho para crescer, porque o Brasil tem muito espaço para crescer”.
“Se eu tivesse que ter uma meta, agora, seria que tudo isso que nós construímos juntos, Beto Sicupira, Marcel Telles e eu, tivesse longa durabilidade. E isso não é simples, porque é necessário um processo onde as melhores pessoas sejam escolhidas para trabalhar junto e que essas pessoas continuem escolhendo as melhores pessoas. No meio disso, temos as famílias que vão ter um papel nesse processo, conduzir nossos esforços filantrópicos”.
“O sonho grande é uma inspiração para todo mundo. Quem quer montar alguma coisa tem de trabalhar com e para outras pessoas. É compartilhado, para pessoas participarem junto com você. E é importante. As pessoas precisam encontrar isso, alguma coisa de que gostem, que as motive e que o mundo entenda”.