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O que fazer com o dinheiro da restituição do IR

A Receita vai restituir 2,6 bilhões de reais ao contribuinte. Pagar dívidas e investir em pequenos sonhos é a melhor opção para utilizar esse dinheiro

Fernando Santos de Oliveira, produtor gráfico: com a restituição, ele pagou dívidas, investiu no futuro dos filhos e fez compras (Marcelo Spatafora/EXAME.com)

Fernando Santos de Oliveira, produtor gráfico: com a restituição, ele pagou dívidas, investiu no futuro dos filhos e fez compras (Marcelo Spatafora/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2013 às 16h51.

São Paulo - Dívida é algo que não costuma sair da cabeça de quem a tem, ao menos enquanto não se resolve a pendência. Por isso, qualquer graninha extra deve logo ser usada para pagar o débito. E esse pode ser um bom momento para se pensar no assunto. A Receita Federal começou a liberar os lotes da restituição do Imposto de Renda (IR) referente a 2011 e anos anteriores.

A boa notícia é que, de um montante de 2,6 bilhões de reais devolvidos pelo Leão, uma parte pode ser sua. Dá para aproveitar de diversas maneiras essa grana, que será liberada mês a mês até 17 de dezembro. Mas a prioridade número zero é amortizar as dívidas para só depois pensar em investir, alertam os especialistas.

“Para a maior parte dos brasileiros, que não tem reservas, o dinheiro da restituição pode ser usado como um colchão financeiro, se não houver nenhuma dívida a pagar. É o primeiro passo para a realização dos sonhos. A recomendação é não deixar a grana entrar no orçamento e desaparecer”, diz Erasmo Vieira, consultor financeiro da Planilhar Planejamento Financeiro.

Assim o fez Fernando Santos de Oliveira, de 44 anos, produtor gráfico que recebeu 2 400 reais liberados na segunda semana de julho, e priorizou o pagamento de parte de sua dívida, além de efetuar alguns investimentos. Sua opção foi usar 900 reais desse bolo para o pagamento de três parcelas de um empréstimo de 35 000 reais que contratou em 2010 — que, segundo ele, já chega a 65 000 reais com a cobrança de juros.

Fernando conta ainda que separou 1 500 reais do total recebido e aplicou em parcelas iguais em planos de previdência privada de seus três filhos. “Sobraram 150 reais, que usei para fazer uma ‘feirinha’”, diz, ironicamente. O exemplo de Fernando, típico brasileiro endividado, mostra uma das formas de como é possível usar a grana da restituição, porém, segundo os especialistas, não é a melhor delas. 

“Com o dinheiro que recebeu, uma boa opção para Fernando seria pagar mais parcelas do empréstimo. Isso porque o que ganhará de rendimento na previdência é muito menos do que os juros que paga ao banco”, analisa Meire Poza, gestora da Arbor Contábil, consultoria financeira paulistana.


Por isso, a atitude mais recomendada é encarar a dívida como uma guerra. “É como se você estivesse enfrentando um adversário”, afirma Augusto Sabóia, consultor financeiro da Sabóia Advisors. Hoje, o cenário de endividamento no país é crescente. Na esteira de um certo consumo desenfreado dos brasileiros, a inadimplência registrou aumento de 19,1% no primeiro semestre de 2012, em comparação com igual período do ano passado, segundo dados da Serasa Experian. 

Monte seu colchão financeiro

Quem não tem dívidas pode usar a grana de diferentes maneiras. “Se a pessoa não conta com reservas, a sugestão é colocar o valor da restituição em uma aplicação de longo prazo. Imagine quanto é possível ter daqui a dez anos se todos os anos colocar o dinheiro do IR em um plano de previdência?”, diz o consultor Augusto Sabóia. O ideal é transformar esse dinheiro, que vem do salário, em carteira de investimentos que vão render depois. 

Não há fórmula pronta para usar bem a restituição. É importante avaliar se o objetivo é de curto, médio ou longo prazo. “Caso a ideia seja fazer uma viagem no fim do ano, é possível olhar com carinho para a poupança, já que o horizonte de tempo é próximo”, afirma Tiago Pessoa, coordenador do site de orientação financeira InvestMania.

A principal vantagem da poupança é que não há incidência do próprio Imposto de Renda sobre as aplicações, sem contar a facilidade dos resgates e das operações — enquanto em aplicações como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ou o Certificado de Depósito Bancário (CDB), as reduções tributárias só começam a valer a pena a partir do segundo ano.

Agora, se o seu olhar estiver sobre os compromissos de começo de ano, como IPTU, IPVA e compra de material escolar dos filhos, a poupança aparece como abrigo seguro. “É preciso calcular de quanto será o gasto do começo de ano. Mas, antes de decidir, calcule se esses custos serão inferiores ao valor que irá receber do IR, pois o restante do dinheiro pode ir para aplicações de longo prazo, como a compra de ações ou de títulos públicos de Tesouro Direto”, diz Tiago.

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