Exame Logo

Juros baixos não querem dizer dinheiro à disposição

A queda nas taxas de crédito à pessoa física não significa que teremos mais dinheiro à disposição nem a preço mais baixo

Ilustração - A ilusão dos juros baixos (Sando Castelli/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 18h40.

São Paulo - Ao contrário do que muita gente pensa, a recente queda nos juros não significa que teremos mais dinheiro à nossa disposição, provavelmente nem a preço mais baixo. As taxas foram reduzidas, mas ninguém garante que o crédito será concedido. Está nos jornais: a resposta mais frequente a quem foi em busca de refinanciamentos e contratação de novas dívidas foi negativa.

Os bancos privados tiveram de baixar juros para preservar sua imagem diante do alarde da redução imposta pelo governo aos bancos públicos. Mas, como tanto bancos públicos quanto privados precisam lucrar na atividade de alugar dinheiro, endureceram os critérios para aprovação, tornando mais difícil obter empréstimos. Nas operações de crédito , há lucro quando o cliente paga o compromisso assumido, ou então quando o banco cobra um spread maior nos empréstimos com alto risco de inadimplência.

Os bons clientes bancários, habituados a formar poupança e a pagar suas dívidas pontualmente, sempre tiveram condições de financiamento melhores do que a maioria da população. São clientes que não emprestam o nome para amigos e parentes contraírem dívidas, são zelosos com a pontualidade dos compromissos e evitam crédito conveniente e caro, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. Ao recusar produtos financeiros ruins, sinalizam aos bancos que não darão problemas ao assumir compromissos. Para o bom cliente, os juros reduzidos nada mudam sua vida financeira.

Para os bancos, as práticas de crédito devem mudar. Indicadores mostram que a inadimplência está em alta e, com ela, seria preciso adotar taxas de juros mais altas para manter viável a concessão de empréstimos. Na contramão desse raciocínio, a nova política de preços mais baixos no mercado de crédito nos induz a acreditar que, em vez de expansão significativa no crédito, teremos uma posição mais defensiva dos bancos e, consequentemente, uma retração na oferta de crédito.

Para conseguir atender às expectativas de quem investe em suas ações, ou seja, para se manterem lucrativos, os bancos tenderão a encolher sua atividade. Como o consumidor não aprende a lidar com dinheiro por decreto, as instituições que adotarem uma posição mais agressiva terão de administrar o aumento da inadimplência. Ou seja, em breve, serão forçadas a corrigir suas taxas de juros para cima. Os novos juros baixos não passam, portanto, de ilusão.

Veja também

São Paulo - Ao contrário do que muita gente pensa, a recente queda nos juros não significa que teremos mais dinheiro à nossa disposição, provavelmente nem a preço mais baixo. As taxas foram reduzidas, mas ninguém garante que o crédito será concedido. Está nos jornais: a resposta mais frequente a quem foi em busca de refinanciamentos e contratação de novas dívidas foi negativa.

Os bancos privados tiveram de baixar juros para preservar sua imagem diante do alarde da redução imposta pelo governo aos bancos públicos. Mas, como tanto bancos públicos quanto privados precisam lucrar na atividade de alugar dinheiro, endureceram os critérios para aprovação, tornando mais difícil obter empréstimos. Nas operações de crédito , há lucro quando o cliente paga o compromisso assumido, ou então quando o banco cobra um spread maior nos empréstimos com alto risco de inadimplência.

Os bons clientes bancários, habituados a formar poupança e a pagar suas dívidas pontualmente, sempre tiveram condições de financiamento melhores do que a maioria da população. São clientes que não emprestam o nome para amigos e parentes contraírem dívidas, são zelosos com a pontualidade dos compromissos e evitam crédito conveniente e caro, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. Ao recusar produtos financeiros ruins, sinalizam aos bancos que não darão problemas ao assumir compromissos. Para o bom cliente, os juros reduzidos nada mudam sua vida financeira.

Para os bancos, as práticas de crédito devem mudar. Indicadores mostram que a inadimplência está em alta e, com ela, seria preciso adotar taxas de juros mais altas para manter viável a concessão de empréstimos. Na contramão desse raciocínio, a nova política de preços mais baixos no mercado de crédito nos induz a acreditar que, em vez de expansão significativa no crédito, teremos uma posição mais defensiva dos bancos e, consequentemente, uma retração na oferta de crédito.

Para conseguir atender às expectativas de quem investe em suas ações, ou seja, para se manterem lucrativos, os bancos tenderão a encolher sua atividade. Como o consumidor não aprende a lidar com dinheiro por decreto, as instituições que adotarem uma posição mais agressiva terão de administrar o aumento da inadimplência. Ou seja, em breve, serão forçadas a corrigir suas taxas de juros para cima. Os novos juros baixos não passam, portanto, de ilusão.

Acompanhe tudo sobre:credito-pessoalEdição 167EmpréstimosJuros

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Carreira

Mais na Exame