Jogadores do Chelsea: os clubes da Inglaterra acumulam 56% da dívida das equipes grandes da Europa (Laurence Griffiths/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2012 às 18h51.
Londres - Os salários dos jogadores de clubes ingleses aumentaram 1.500% nos últimos 20 anos, de acordo com um estudo revelado nesta segunda-feira pelo grupo britânico "High Pay Centre".
A organização independente, dedicada ao estudo dos salários e a distribuição da riqueza, publicou nesta segunda, uma análise do aumento dos salários dos atletas nos últimos anos e as repercussões no esporte.
O "High Pay Centre" diz que os vencimentos dos jogadores das equipes da primeira divisão do Campeonato Inglês cresceram 1.500% desde 1992, ano em que a competição passou ser uma liga organizada pelos próprios clubes.
Desde então, os jogadores profissionais passaram a cobrar cerca de 1.500 libras por semana (R$ 4.700) no fundação da "Premier League", até 23 mil libras (R$ 72 mil), média cobrada na temporada 2009-2010, aumento muito superior ao dos salários da população inglesa, que cresceram 186% no mesmo período.
"Nas últimas décadas vimos um aumento em massa nos pagamentos dos jogadores. Isto fez com que os níveis de dívidas nos clubes aumentassem", disse o autor das estatísticas, Dave Boyle.
Segundo o estudo, que só conta os salários base e não contabiliza as gratificações por objetivos atingidos pelos atletas, os pagamentos dos jogadores passaram de 48% para 70% do faturamento dos clubes, provocando graves problemas financeiros nas equipes inglesas.
Os clubes da Inglaterra acumulam 56% da dívida das equipes grandes da Europa, e metade das instituições foram insolventes nas duas últimas décadas.
Isto fez também com que os torcedores sofressem com o aumento dos preços dos ingressos, que se multiplicaram em até 10 vezes.
Se em 1989 as entradas mais baratas para ver o Liverpool e o Arsenal custavam 4 e 5 libras (R$ 12 e 15), uma partida em Anfield e no Emirates custa atualmente entre 45 e 51 libras (R$ 142 e 161).
Com este estudo, Nick Isles, diretor do "High Pay Centre", espera que os gastos com salários dos atletas sejam revistos. "Talvez, seja o momento de colocar freio nesta escalada dos salários. Pedimos um debate para vermos se é justo pagar não só os jogadores desta forma, mas diretores de empresas e bancos também", encerrou Isles.