Segundo a PNAD Contínua, apenas 19,7% da população tem ensino superior completo no Brasil (Klaus Vedfelt/Divulgação)
Repórter
Publicado em 22 de março de 2024 às 10h00.
Última atualização em 22 de março de 2024 às 16h18.
Mais de 9 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos não estudavam e nem trabalhavam no Brasil no último ano, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2023 (PNAD).
"A proporção de jovens que não trabalham e também não estudam permanece muito elevada no Brasil, representando 19,8% da população brasileira. A taxa diminuiu em comparação aos últimos anos, mas ainda é um desafio para o país", afirma Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE.
O estudo mostra que mulheres (25,6%) e pessoas pretas e pardas (22,4%) representam a maior porcentagem de pessoas que não trabalhavam e nem estudavam no último ano.
"Como destacado do estudo, mulheres e a população negra são a maioria. É um reflexo das desigualdades sociais e das dificuldades que se apresentam para essa parte da população. Muitos abandonam o ensino formal na busca de oportunidade de emprego, no entanto, enfrentam barreiras para inserção no mercado de trabalho", diz Mariano que reforça a necessidade de se avançar em políticas públicas voltadas para atender a essa parcela da população.
O estudo mostra que mais da metade (54,5%) da população de 25 anos ou mais de idade tinham pelo menos o Ensino Básico obrigatório em 2023.
As taxas de educação estão crescendo desde o ensino básico até o ensino superior, mas o desafio da educação no país ainda continua. No Brasil, apenas 19,7% da população tem ensino superior completo e o analfabetismo ainda é uma realidade no país.
No Brasil, é considerado alfabetizado quem sabe ler e escrever um bilhete simples. Segundo a PNAD, em 2023 havia 9,3 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que eram analfabetas no Brasil.
Considerando o recorte por região, Nordeste ainda segue com a maior porcentagem de brasileiros que não sabem ler e escrever (dados de 2023) entre pessoas com 15 anos ou mais:
Quando o recorte é 60 anos ou mais, é possível ver uma aproximação da taxa de analfabetismo entre as regiões Norte e Nordeste:
“Percebe-se que praticamente o problema está localizado no contingente de pessoas das faixas etárias mais altas. Isso mostra que o Brasil, nos primeiros anos, avançou muito na questão da escolarização", afirma o analista do IBGE.
Uma das metas do governo é ampliar a oferta de educação infantil em creches e atender, no mínimo, 50% das crianças de 0 a 3 anos até o final de vigência do Plano Nacional da Educação (PNE) de 2024. Centro-Oeste e Norte são as regiões mais desafiadoras do país neste contexto, considerando que no último ano a taxa de crianças nesta faixa etária estava abaixo da meta:
Outra meta do governo é universalizar até 2016 a educação infantil e a pré-escola para as crianças entre 4 e 5 anos.
Nesta faixa etária, o Norte é a região que menos tem crianças na escola.
Pela primeira vez, nos últimos 7 anos, a frequência de crianças entre 6 e 14 anos ficou abaixo da meta do PNE para esse indicador, que é de pelo menos 95% até 2024 – sendo que em 2023 foi registrado 94,6%.
“Esse número ainda é uma decorrência da pandemia, principalmente quando consideramos crianças na faixa dos 7 anos, que já eram para estar no fundamental, mas ainda estão na pré-escola”, afirma Mariano.
Outra meta do PNE é chegar em 85% a taxa ajustada líquida da escolarização (razão entre o número total de matrículas de alunos de várias faixas etárias e a população daquela da faixa etária prevista — geralmente de 6 a 14 anos de idade — para uma determinada série) em brasileiros entre 15 e 17 anos até 2024. “Mesmo com a meta, o número de adolescentes que estão fora da escola continua ainda elevado”, afirma Mariano.
Taxa ajustada de frequência escolar líquida:
"Parece que além dos problemas relacionados às desigualdade sociais é necessário discutir como fazer para manter os jovens na escola. Há ainda um grande gargalo no ensino médio", diz Mariano.
Para estudantes entre 18 e 24 anos o maior desafio é o ensino superior. A meta do PNE estabelece que a taxa de frequência escolar líquida no ensino superior alcance 33% este ano. Em 2023, no Brasil, essa meta havia sido atingida somente entre pessoas brancas (36%).
Entre os principais motivos para o brasileiro não ingressar no ensino superior no Brasil estão:
Quando o recorte é por gênero, os homens se destacam com o motivo que precisam trabalhar (58,6%), e as mulheres se destacam com o motivo que precisam cuidar dos afazeres domésticos (36,3%).