Google, Itaú, Bradesco e Nestlé: foco nas pessoas é remédio contra a crise
Mesmo sem receita certa para o futuro, executivos das quatro empresas compartilham práticas que se mostraram eficazes na pandemia
Luísa Granato
Publicado em 1 de julho de 2020 às 17h02.
No futuro do trabalho , seu papel é essencial dentro da empresa? Essa insegurança entre os profissionais com a transformação digital dentro das empresas e seus desafios serviu como guia para a 19ª edição da pesquisa Carreira dos Sonhos, da Cia de Talentos.
Os resultados do levantamento feito em nove países da América Latina, com mais de 123 mil respostas apenas no Brasil, foram divulgados hoje durante a live Big Business pela head de Pesquisa da Cia, Danilca Galdini, e a sócia-diretora Carla Esteves.
Segundo Galdini, hoje é difícil desenhar o futuro, mas eles têm certeza de que o caminho será pelo digital. “E isso é mais do que tecnologia, mais do que adotar ferramentas ou ter venda pelo e-commerce. É ser uma empresa digitalizada. E o que impulsiona isso é a estratégia, não a tecnologia. Precisamos de novas formas de pensar e agir, depois escolhermos a tecnologia”, explica ela.
O foco da pesquisa levou a três grandes frentes: lifelong learning, cultura digital e liderança digital. Confira alguns dos ensinamentos tirados do relatório:
Os profissionais ainda não enxergam suas empresas como digitais
Na pesquisa, 28% da média gerência acredita que a cultura e forma de pensar da empresa seja digital. E 34% deles disseram que os concorrentes estão melhor que o atual empregador na área.
“Isso mostra que a empresa deve tratar com seriedade a marca empregadora e ter uma construção de uma cultura bem sedimentada, que também ajuda a empresa a passar por momentos de crise”, conta Galdini.
As empresas ainda não estão preparadas para a inovação
O caminho para a inovação é dar autonomia para os colaboradores tomarem decisões com agilidade e sem medo de assumir risco. No entanto, somente metade da alta liderança vê que sua empresa estimula a todos a repensarem normas e assumirem riscos, uma percepção que é ainda menor para os outros grupos da pesquisa.
Para 43% dos jovens e 38% dos gerentes, as decisões da empresa são tomadas por aqueles mais próximos dos problemas do dia a dia das empresas. Isso significa que ainda há um visão de falta de autonomia para solucionar problemas dos negócios, pois a maioria se vê afastada das decisões.
O preparo para os desafios do futuro traz incerteza
Entre os grupos, cerca de metade dos profissionais vê que as empresas oferecem preparo para lidar com os desafios atuais e futuros que envolvem o trabalho. Sobre as lideranças, apenas 49% da alta liderança e 39% da média gestão acreditam que estão sendo preparados para lidar com esses desafios.
“E temos que tomar cuidado com os gestores, pois eles serão os responsáveis por disseminar a cultura dentro da empresa”, explica a head de pesquisa.
Empresas dos sonhos
Durante a conversa, as duas apresentaram o resultado do ranking das Empresas dos Sonhos, que faz parte da pesquisa. Para os três grupos em foco, existe uma empresa que ocupa a primeira posição: o Google.
Itaú, Natura, Nestlé e Vale também aparecem nos três rankings. Confira aqui o top 10 completo de cada categoria .
Para comentar o que cada empresa faz de especial, foram convidados executivos de RH de quatro empresas de destaque para uma conversa ao vivo. Participaram Ana Carolina Azevedo, head de RH América Latina do Google, Sérgio Fajerman, diretor executivo de RH do Itaú, Glaucimar Peticov, diretora executiva de RH do Bradesco, e Enrique Rueda, vice-Presidente RH e Compliance da Nestlé.
Cada um contou um pouco de como, a seu modo, eles conquistaram os talentos do Brasil e os inspiram a buscar uma oportunidade dentro da empresa.
Para a head do Google, o segredo está no foco total nas pessoas: “Nossa cultura é pautada em valores que são direcionados pelo respeito: pela oportunidade, pelos usuários e uns com os outros”.
Ela acredita que o momento será de reescrita da história das empresas e conta que o Google tem feito um esforço maior par transportar o trabalha que já haviam feito no escritório para o espaço virtual. “Nenhuma empresa tem a receita de como vai ser o novo capítulo na vida de todo mundo”.
Sérgio Fajerman, diretor executivo de RH do Itaú, conta que toda a transformação que o banco passou nos últimos anos ajudou a enfrentar o momento que vivemos, com a crise e a pandemia.
“Em uma semana, foram mais de 50 mil pessoas para casa e continuaram trabalhar muito bem. Com o norte tecnológico e aberto para a inovação, o banco entrou de cabeça nesse novo mundo. Isso é reflexo total da nossa cultura. Agora estamos aprendendo com o novo mundo, vamos tentar tirar proveito de todos os aprendizados que tivemos com clientes, colaboradores e empresas. O Itaú será ainda mais preocupado com as pessoas, com a empatia, na nova forma de trabalho”, fala ele.
Peticov, diretora executiva de RH do Bradesco, compartilha também a mudança que foi para o Bradesco sair do ambiente físico e deixar toda a equipe protegida. “94% da equipe do administrativo foi para casa do dia para a noite. Como lidar com essa situação? Vivemos momentos de terror, meio paralisados, o que se transformou em medo e então o desafio ficou mais claro”, conta ela.
A existência prévia de programas como a universidade corporativa e o Viva Bem, que cuida da saúde e bem-estar dos colaboradores, mostraram a eficácia do histórico da empresa de focar no amparo e desenvolvimento dos funcionários. O que já estava posto se tornou um recurso essencial para atravessar a crise.
“O atendimento ao funcionário e sua família teve seu ápice agora. Nesse momento de pandemia, as pessoas precisam ser ouvidas, e precisam ouvir algum retorno da organização”, conta ela.
Enrique Rueda, vice-Presidente RH e Compliance da Nestlé, fala que duas coisas são fundamentais na carreira: estar no lugar certo e ter a atitude certa.
Como exemplo, ela conta a história de uma trainee que começou em fevereiro na empresa, antes da pandemia, com um programa para desenvolvimento em 24 meses. No entanto, novas demandas críticas surgiram por causa da covid-19. Do administrativo, ela foi para a rua, ajudando a orientar e checar as precauções de segurança para os caminhoneiros da Nestlé.
“Foi um crescimento enorme para ela, que está agora no time de e-commerce, ajudando com todo o sistema de comércio digital. Como companhia, damos oportunidades e, mais importante, temos colaboradores que querem crescer. Com a atitude certa, eles têm muito a ganhar”, diz ele.
Um outro diferencial da Nestlé foi remanejar funcionários que estavam em atividades que foram paralisadas por causa do vírus. Segundo o VP, 600 funcionários passaram para novas funções, onde estão aprendendo e crescendo.
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