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Ginga de brasileiro não é suficiente para carreira global

Para especialista, cultura brasileira ajuda executivos a lidar com mercado internacional, mas eles ainda não têm preparo intelectual para encarar o desafio

Executivos de curso de MBA superaram média global em teste, mas não representam realidade nacional (.)

Talita Abrantes

Publicado em 25 de junho de 2010 às 17h05.

São Paulo -- Quando o assunto é capacidade de relacionamento intrapessoal no mundo dos negócios internacionais, os executivos brasileiros com MBA estão acima da média global. É o que revela estudo feito com 6 mil executivos em 60 países.

A pesquisa foi encabeçada pela Thunderbird Global School of Management, em parceria no Brasil com a Fundação Instituto de Administração (FIA), com o objetivo de investigar a capacidade dos executivos para lidar com o mercado internacional. É a primeira vez que brasileiros participam do estudo.

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Para avaliar o nível de preparo para enfrentar o mundo de negócios globais, a instituição desenvolveu um teste com 90 questões.

O Global Mindset Inventory, como a metodologia é chamada, explora aspectos intelectuais, psicológicos e de relacionamento intrapessoal.

Os mais de 200 brasileiros participantes da pesquisa tiveram desempenho superior à média global nos três quesitos. Mas foi na capacidade para relacionamento intrapessoal que os executivos do Brasil  mais se destacaram.

"Temos uma cultura simpática e bem entrosada. Nós sabemos entender o outro", afirma Alfredo Behrens, líder da pesquisa no Brasil e professor da FIA. "E isso é essencial para quem quer fazer negócios internacionais".

Mas isso não é tudo, alerta o pesquisador. "Nossos executivos estão bem preparados do ponto de vista do berço, da cultura", diz. "Mas não basta ter ginga. É preciso saber a língua".

Ou seja, entender a cultura dos mercados estrangeiros e ter formação intelectual e psicológica para firmar as melhores negociações.

Neste ponto, de acordo com Behrens, os profissionais brasileiros não têm preparo suficiente. "Os resultados da pesquisa não representam a realidade brasileira", afirma. Segundo ele, os participantes do estudo têm um perfil diferenciado com  relação à média nacional. Todos já haviam cursado um MBA com foco no mercado internacional, por exemplo.

Ele explica que, por conta das dimensões do mercado brasileiro, as empresas nacionais se especializaram para atender a essa demanda interna. "Agora o rei está nu. Temos grandes empresas e poucos executivos globais", diz.

A escassez de executivos com esse perfil, prevê o pesquisador, pode se tornar um obstáculo para o crescimento econômico do país nos próximos anos. Dentre as medidas propostas por ele para resolver o problema está a criação de cursos de especialização voltados para o mercado global.

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