Geração Alpha já pode entrar no mercado de trabalho este ano – o que esperar desses profissionais?
Com eles, o mercado de trabalho terá de lidar com 5 gerações ao mesmo tempo; veja quais serão os desafios e as oportunidades mais promissoras de emprego
Repórter
Publicado em 1 de julho de 2024 às 12h31.
Última atualização em 1 de julho de 2024 às 22h11.
A geração Alpha já pode entrar neste ano no mercado de trabalho. Nascidos a partir de 2010, jovens com 14 anos já estão aptos, segundo a legislação trabalhista brasileira, a terem empregos como aprendizes, durante 6 horas por dia, de forma que não atrapalhe seus estudos.
Katia Machado, sócia-proprietária da Nautiluz, é uma das empresárias que já estão abrindo oportunidades para profissionais da geração Alpha. “Contratei recentemente dois aprendizes de 14 anos para realizarem atividades de apoio administrativo e eles estão se saindo muito bem, aprendem rápido e se mostram superinteressados em crescimento dentro da empresa”, diz.
Com a chegada dessa nova geração no mercado, Fernando Brancaccio, sócio-diretor da FairJob, empresa especializada em mensuração e análise de índices de bem-estar de funcionários, lembra que o mercado de trabalho poderá contemplar a partir de 2024 cinco diferentes gerações, cada uma com uma mentalidade diferente:
Baby boomers (1946-1964):
- Lealdade à empresa, resistência a mudanças.
- Comando e controle.
Geração X (1965-1978):
- Grande adaptabilidade, desconfiança da autoridade.
- Comunicação mais informal.
Millennials (1979-1990):
- Conectados, senso de propósito.
- Busca por flexibilidade, feedback, e desenvolvimento pessoal.
- Nativos digitais, multitarefa.
- Busca por autonomia e flexibilidade.
Geração Alpha (nascidos a partir de 2010) – o que esperar?
“A geração Z já trouxe transformações significativas, mas a geração Alfa promete ser ainda mais impactante”, afirma Brancaccio.“A nova geração será marcada por comunicação e aprendizados rápidos, consciência social muito forte e intolerância a discriminações”.
As expectativas do mercado com a geração Alpha
Um estudo do World Economic Forum sobre as habilidades futuras necessárias para a força de trabalho, destaca a importância de habilidades digitais, pensamento crítico e inteligência emocional no mercado de trabalho.
“A geração Alpha é vista como uma geração que poderá combinar essas três habilidades de forma eficaz, trazendo uma abordagem integrada para resolver problemas complexos no ambiente de trabalho”, afirma Joaquim Santini, pesquisador internacional quepor faculdades como Harvard, Unicamp e Insead (The Business School for the World – Europe) e trabalha desde 1993 com análise do comportamento humano no mercado de trabalho.
Outra pesquisa da McCrindle Research, empresa de pesquisa social, publicou um relatório detalhado sobre a geração Alpha destacando que essa geração está sendo moldada por tecnologias avançadas, uma educação altamente digitalizada e uma maior consciência social, afirma Santini.
“Os líderes da geração Alpha são projetados para serem altamente colaborativos, adaptáveis e tecnologicamente proficientes. O relatório mostra que as empresas que investirem em tecnologia e cultura organizacional inclusiva estarão mais bem preparadas para atrair e reter talentos dessa geração.”
Conhecer e dominar as novas tecnologias não é um desafio apenas das empresas, mas também dos profissionais mais experientes. Segundo pesquisa da PwC sobre o impacto das tecnologias emergentes na força de trabalho futura, a familiaridade da geração Alpha com a inteligência artificial, automação e big data lhes dará uma vantagem competitiva no mercado de trabalho.
O que a geração Z e a geração Alpha têm de diferente?
Embora ambas as gerações tenham crescido com a tecnologia e tenham uma forte presença online, segundo Santini existem algumas diferenças notáveis entre elas:
- A geração Z é a primeira geração a crescer com smartphones e redes sociais desde o berço. Eles são conhecidos por serem tecnologicamente ágeis e adaptáveis, garantindo que a tecnologia esteja integrada em suas vidas. Um estudo da Pew Research Center descobriu que 95% dos adolescentes da geração Z possuem ou têm acesso a um smartphone.
- A geração Alpha, por outro lado, não conheceu um mundo sem smartphones e Internet das Coisas (IoT). Eles são ainda mais conectados e dependentes da tecnologia do que a geração Z, e são mais propensos a adotar tecnologias emergentes como inteligência artificial e realidade aumentada.
As expectativas de trabalho da geração Z e da geração Alpha podem evoluir à medida que envelhecem e ganham mais experiência no local de trabalho. Atualmente, a geração Z tende a buscar empregos que ofereçam flexibilidade e autonomia, permitindo que eles trabalhem em seu próprio ritmo e estilo. Um estudo da Deloitte confirma essa tese ao descobrir que 75% da Geração Z prefere ter a opção de trabalhar remotamente, afirma Santini.
“A geração Alpha, sendo mais jovem, ainda não entrou na força de trabalho em grande número, mas algumas previsões sugerem que eles podem buscar empregos que ofereçam propósito e significado, além de remuneração e benefícios competitivos”, diz o pesquisador internacional.
Quais profissões ou setores prometem ser mais promissores?
Oportunidades de trabalho mais promissoras dependem de vários fatores, como política internacional, economia local e oportunidade de estudos de um país, mas segundo Santini, com as características do mercado e da geração Alpha, já é possível sugerir possíveis profissões que poderão ter mais destaque no mercado, com base em pesquisas da World Economic Forum, Stanford University, McCrindle Research e Harvard Business School:
- Tecnologia e Inovação
- Desenvolvimento de Software: A familiaridade da geração Alpha com a tecnologia faz do desenvolvimento de software uma carreira natural.
- Inteligência Artificial e Machine Learning: Com a crescente importância da IA, profissões relacionadas a essa área serão altamente demandadas.
- Sustentabilidade e Meio Ambiente
- Engenharia Ambiental: À medida que a sustentabilidade se torna uma prioridade, a demanda por engenheiros ambientais aumentará.
- Energia Renovável: Profissões ligadas a energias limpas, como solar e eólica, serão populares.
- Saúde e Biotecnologia
- Telemedicina: Com a digitalização da saúde, a telemedicina continuará a crescer.
- Pesquisa em Biotecnologia: Inovações em biotecnologia, como CRISPR e terapias genéticas, terão grande impacto.
- Educação e Aprendizagem Contínua
- Desenvolvimento de Conteúdo Digital: A educação digitalizada criará demanda por desenvolvedores de conteúdo interativo.
- Consultoria em Educação: Especialistas em métodos de ensino inovadores serão essenciais.
- Empreendedorismo e Startups
- Inovação Social: Startups focadas em resolver problemas sociais serão atraentes.
- Tecnologia Verde: Empresas que desenvolvem soluções ecológicas terão um apelo especial.
- Marketing Digital e Mídias Sociais
- Gestão de Mídias Sociais: A habilidade de navegar e influenciar através das redes sociais será crucial.
- Marketing de Conteúdo: Criar conteúdo relevante e engajador será uma habilidade valiosa.
Independentemente da área e da geração, Brancaccio, sócio-diretor da FairJob, afirma que os líderes que buscam atrair e reter profissionais da geração Alpha precisarão reforçar valores que foram iniciados com a geração Z:
“ Os líderes precisarão apostar cada vez mais em uma comunicação efetiva, ou seja, será necessário levar em conta questões sobre diversidade e inclusão, e precisarão estar atualizados com as novas tecnologias a serviço do humano, assim como será prioridade na agenda o apoio à saúde e bem-estar no ambiente de trabalho”.
O nome que a nova geração recebeu pode dizer muito sobre ela. “Alpha”, ou “alfa”, que no alfabeto grego simboliza a primeira letra, tem como significado o “princípio”, “o começo” – e ao que tudo indica, é a geração que desde o início está muito conectada com a diversidade humana e já inserida como nenhuma outra com os avanços da tecnologia.