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Futuro próximo

Saiba quais são as profissões que vão ganhar projeção no mercado de trabalho nos próximos anos. Algumas delas já começam a se tornar realidade nas empresas hoje

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - A tecnologia, o meio ambiente, a internet e as mudanças demográficas são os direcionadores das novas carreiras que irão surgir nos próximos 20 anos, segundo três estudos recentes — dois deles brasileiros. Concluído em abril deste ano, o levantamento The Shape of Jobs to Come, algo como “Os tipos de trabalho que estão por vir”, da consultoria britânica FastFuture, ouviu 486 profissionais (consultores, educadores, executivos) com idade entre 21 e 70 anos, de 58 países.

Nele, foi pedido aos respondentes que apontassem as três opções de carreira que se tornarão mais populares em duas décadas. Os profissionais ligados à gestão da saúde vieram em primeiro lugar, por causa da crescente preocupação com o bem-estar na velhice. Em seguida estão os operadores de redes sociais e os médicos especialistas em nanotecnologia, áreas que ganham ainda mais projeção com os avanços da tecnologia e da ciência.

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Os pesquisadores brasileiros também têm procurado conhecer quais as profissões mais promissoras no futuro. No ano passado, a equipe do Programa de Estudos do Futuro (ProFuturo), da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo, entrevistou 112 executivos e empresários, que apontaram o profissional de ecorrelações, de comércio eletrônico e de inovação como aqueles com maior empregabilidade nos próximos dez anos.

A pesquisa foi coordenada pelo professor James Wright, da FIA. Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o professor Carlos Antônio Leite Brandão, ex-diretor do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat), fez um levantamento em 2008 em que entrevistou pesquisadores de várias áreas, para saber qual é o perfil do profissional do futuro. O resultado é um panorama com 82 profissões. Os três estudos mostram que será cada vez mais comum a fusão de diferentes áreas do conhecimento para formar uma nova profissão, como você verá a seguir. Confira as 13 carreiras de maior empregabilidade no futuro.

Gerente de ecorrelações

Também conhecido como gerente de negócios verdes, aparece praticamente em todas as previsões e estudos sobre carreiras do futuro. Ele será responsável por cuidar da relação da empresa com o meio ambiente e o ecossistema. Esse profissional estará em contato com todas as áreas da companhia, da produção até a equipe de vendas. “As empresas já têm um profissional que faz isso, mas atualmente ele olha somente para dentro de casa. Em breve, será preciso pensar globalmente”, diz o professor Cláudio Pádua, reitor da Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, em Nazaré Paulista, em São Paulo. Os  engenheiros ambientais são os mais aptos para o posto, cujas competências essenciais são o bom entendimento do negócio e dos desafios sociais.

Desenvolvedor de games

Ele está deixando os guetos virtuais da internet para se tornar um profissional valorizado em uma indústria multimilionária. Com o crescimento do mercado de jogos eletrônicos tanto para videogames quanto para celulares, os desenvolvedores de games terão emprego garantido daqui pra frente.  Hoje as empresas brasileiras já procuram esses profissionais. A Tectoy Digital e a Kidguru, no mercado nacional, buscam gente especializada em design, criação e direção de games, áreas que até bem pouco tempo inexistiam. Um exemplo da projeção que as carreiras ligadas a esse universo vêm ganhando é a trajetória do paulistano Fausto de Martini, de 34 anos.


Há oito anos, ele colocou seu currículo na internet com alguns de seus trabalhos. Fausto buscava uma oportunidade em uma companhia que trabalhasse com animação em 3D. Os poucos profissionais que atuavam na área estavam confinados dentro de miniestúdios, fazendo trabalhos esporádicos para o mercado de publicidade. Essa não era a paixão de Fausto. Ele sonhava em criar cenários e personagens para novos jogos. Dias depois de ter colocado o trabalho na web, Fausto recebeu um e-mail da Blizzard, gigante americana do setor, solicitando uma entrevista. Ele viajou para os Estados Unidos, depois de um bate-papo por telefone, e quatro meses depois estava trabalhando na Califórnia. Hoje, é diretor de arte de uma das maiores desenvolvedoras de games do mundo.

Bioinformacionista

Profissional com formação em genética e tecnologia, o bioinformacionista será o novo profissional da área da saúde. Ele também se tornará o responsável por mapear o genoma das pessoas, por meio de um software, e ajudar na prevenção de doenças genéticas e na reprodução humana. De acordo com a previsão do professor James Wright, do ProFuturo, núcleo de estudos da FIA, esse profissional será comum em hospitais e em clínicas de diagnóstico. Ele ainda será útil para a indústria farmacêutica, porque os medicamentos serão feitos sob medida, de acordo com a composição genética de cada paciente.

Designer estratégico

Profissional com formação em administração e design, ele conseguirá organizar processos com rapidez e trazer resultados para o negócio. “Ele terá a capacidade de antever problemas e assim criar planos de ação para resolvê-los”, diz Maria Carmem Tavares Christóvam, consultora educacional e diretora da Panamericana Escola de Arte e Design, de São Paulo. A previsão da professora está em linha com a teoria defendida pelo escritor americano Daniel Pink, autor do livro A Revolução do Lado Direito do Cérebro (Editora Campus/Elsevier). “Muitas disciplinas ensinadas nas escolas de design, tais como proporção, perspectiva e invenção, são difíceis de automatizar. No futuro existirá um programa conjunto de MBA e MFA (master of fine arts), porque essas habilidades vão ter um enorme valor no mundo dos negócios”, diz a consultora.

Gerente de inovação

O gerente de inovação será o responsável por administrar o fluxo de ideias em uma empresa, bem como a produção ou implantação de novos processos. Trata-se de um administrador que entende o negócio, o consumidor e consegue falar com todos os níveis da organização. “É uma profissão que será consagrada porque as empresas vão depender das inovações para sobreviver. O desafio dele é fazer a empresa ser mais rápida e certeira”, diz o professor James Wright, da FIA. “Inovação não é apenas ter uma ideia criativa. É conseguir implantá-la e fazer com que seja um sucesso”, diz Lincoln Seragini, dono da Seragini, agência de brand e design.

Gerente de memória institucional

Será o biblioteconomista do futuro. O responsável por pesquisar, consolidar e armazenar de forma organizada a memória institucional da empresa. Ou seja, todo e qualquer tipo de conteúdo produzido, como fotos, imagens e textos. Já existe a necessidade por esse tipo de serviço. Em 2003, a Arizona, escritório de soluções de comunicação, desenvolvia para a Natura a sua versão de DAM, programa de gerenciamento de ativos digitais.


“A Natura gera muito conteúdo, por isso, surgiu a necessidade de armazenarmos a matéria-prima para a comunicação da empresa com imagens, textos e produtos. Mais do que isso, tivemos que organizar e padronizar esse material. Se você simplesmente armazena a bagunça, a história documental da empresa será uma bagunça”, diz um dos sócios da Arizona, Guilherme Bruno. Na empresa, surgiu o gestor de operações de marketing, que coordena todo o processo: padroniza e determina quem terá acesso às informações ou não. “Ele tem que ser bom em planejar, ter habilidade financeira e conhecer marketing muito bem.”

Gerente de e-commerce

As vendas virtuais movimentam mais de 10 bilhões de reais por ano e crescem a uma taxa anual de 30%. As empresas que operam online estão formando em casa profissionais que entendem de comércio eletrônico — são autodidatas que estão aprendendo na prática. “Esse mercado está em fase de desenvolvimento. Profissionais com vocação para essa função têm muitas oportunidades”, diz Juan Quinteros, vice-presidente comercial do BuscaPé, site de comparação de preços, cujo escritório fica em São Paulo. A função do profissional é criar um relacionamento com o cliente online e fidelizá-lo. Para isso, precisa conhecer bem o consumidor. “Na internet, ele é mais arisco, pois tem centenas de possibilidades em um clique. Tem que saber prendê-lo”, diz James Wright.

Projetista de baterias elétricas

A preocupação com o meio ambiente e com o fim dos combustíveis fósseis faz com que novos investimentos sejam direcionados para o estudo de energias alternativas. Um dos objetos de pesquisa é o carro elétrico. “Em 2020, o Brasil terá uma frota substancial de carros elétricos”, diz o professor James Wright. À medida que essas tecnologias forem dominadas, vai surgir a necessidade de profissionais que possam produzi-las. O projetista de baterias elétricas terá de aprender como administrar as novas tecnologias. “Deve ser basicamente um engenheiro químico, mas com formação específica para a área.”

Corretor de títulos de carbono

Cláudio Pádua, reitor da Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, prevê que num futuro próximo proprietários de terra com área preservada que se comprometerem a não desmatá-la por 40 anos certificarão sua propriedade como “armazenadora de carbono” e receberão crédito por isso. A partir daí, serão emitidos títulos de carbono de acordo com a capacidade da propriedade de armazenar CO2. Tais papéis serão negociados na bolsa e as companhias poderão comprá-los com o objetivo de neutralizar sua emissão. É aí que entra o corretor de títulos de carbono.

Gerente de resdes sociais

A construtora Tecnisa, de São Paulo, foi a primeira a criar o cargo de gerente de redes sociais, em 2007. O publicitário Roberto Aloureiro assumiu a função e hoje administra 11 redes, como Twitter, Facebook e Formspring, ferramenta de perguntas e respostas utilizada para atender estudantes universitários. De 2007 para 2010, a busca pelo site da Tecnisa aumentou 280%. “Esse profissional será cada vez mais importante porque as redes sociais vão ser tão essenciais quanto um SAC”, diz o executivo.

Especialista em medicina e robótica

Com o avanço de novas tecnologias como a robótica e a nanotecnologia, os pesquisadores acreditam que os médicos serão cada vez mais especializados e tecnológicos. Esse já é o caso do urologista Carlo Camargo Passerotti, pós-doutorado em cirurgia robótica pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos. “Em 2005, quando fui para lá, não se falava em robôs no Brasil. Mas eles acabaram chegando por aqui três anos depois”, diz Carlo. Existem apenas três hospitais no país que utilizam robôs em procedimentos cirúrgicos. Nos Estados Unidos, são 1 100. O robô Da Vinci S HD, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, é o único que fornece ao cirurgião controle intuitivo, movimentos em escala e manipulação de tecidos delicados, e pode ser utilizado em procedimentos de neurologia e cardiologia.


Especialista em desastres ambientais

Lincoln Muniz, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), acredita que a área se tornará umaespecialização no futuro. “Acho que essa área vai demandar que as ciências trabalhem interligadas, cooperando”, diz. Para o professor Carlos Brandão, da UFMG, essa especialidade produziria projetos de prevenção, com planos de contingência e simulações de desastres para planejamento antecipado de soluções.

É o que já faz o Centro do Sistema Terrestre do Inpe, criado em 2008. “Trabalho com matemáticos, engenheiros civis, arquitetos, físicos, geólogose muitas outras áreas. É um centro multidisciplinar de pesquisa, com a função de dar subsídios ao tomador de decisão para a prevenção dos desastres”, explica o meteorologista Lincoln Muniz.

Especialista em ensino a distância

O ensino a distância, também conhecido como e-learning, surgiu no país há uma década, mas ainda não atingiu todo seu potencial. “A educação virtual será mais evidente em dez anos”, defende o professor Carlos Brandão em seu livro As Profissões do Futuro, editado pela UFMG, em 2008. O docente será um profissional multimídia. “Caberá a ele administrar comunidades virtuais formadas pelos alunos, por fontes de referências, museus virtuais e sites”, afirma a tese. “Devido ao mercado cada vez mais competitivo, o ensino a distância tende a crescer”, diz Willian Machar, executivo de RH do Portal Educação.

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