Ilustração - Bom senso digital (Andrea Ebert/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2013 às 06h00.
São Paulo - Diante do atual panorama corporativo vigente em algumas empresas, rio sozinha quando penso que achávamos ter evoluído desde a Revolução Industrial. Em alguns aspectos a evolução se deu, sem dúvida, mas, no que diz respeito à jornada de trabalho, o que vejo é uma grande involução, que só piora a cada ano que passa.
Tenho amigos que trabalham todos os dias da semana — sábados e domingos, inclusive. Essas pessoas trabalham muito mais horas do que foi acordado em contrato. E, para completar esse quadro devastador, alguns me confessam que, em períodos de férias ou em dias de feriado prolongado, chegam a sentir culpa por não estarem trabalhando no ritmo ensandecido que as empresas exigem.
Todas as vezes que ouço esse tipo de relato ou testemunho agradeço aos céus por não fazer parte desse moedor de alma e destruidor de vida pessoal.
Para completar o triste quadro, percebo que profissionais andam perdendo os parâmetros e deixando de agir com bom senso ao imaginar que a vida de todos — fornecedores, clientes e empregados de outras empresas com perfis mais saudáveis — seja exatamente igual à deles.
Na sexta-feira que antecedeu o Carnaval deste ano, por volta das 8 da noite, recebi um telefonema de uma dessas pessoas, que me solicitava coisas que poderiam perfeitamente esperar pelo horário comercial. Por que aborrecer alguém por telefone quando um e-mail dá conta do recado e, ainda por cima, registra a solicitação?
Por que incomodar alguém após o horário comercial quando tudo o que se tem pela frente no país são quatro dias de feriado?
A regra de educação diz que podemos contatar alguém de nossas relações profissionais no horário comercial, que segue sendo entre 8 da manhã e 6 da tarde. Por que pressa e ansiedade quando a lista de materiais que me pediam era para ser usada somente em 30 dias? A pressa é inimiga da perfeição.
Sugiro que empresas e empregados comecem já a rever conceitos e posturas, caso contrário, esse desequilíbrio e essa inobservância das regras de polidez e de limites podem ter efeito contrário e dificultar enormemente as relações com clientes, parceiros e fornecedores. Fica a dica.