Carreira

Estrela no auge da crise, este perfil profissional está em baixa

O perfil “multitarefa” era tido como ideal para o período mais agudo da crise econômica. Agora já não é bem assim

Perfil profissional em baixa (Gearstd/Thinkstock)

Perfil profissional em baixa (Gearstd/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 06h00.

São Paulo — Se você domina um grande leque de temas, mas não conhece profundamente nenhum deles, aí vai um alerta: profissionais com perfil generalista estão começando a perder espaço no mercado de trabalho brasileiro.

Desde o início do ano, a oferta de emprego para especialistas aumentou entre 10% e 30%, segundo um estudo da consultoria de recrutamento HAYS Experts. Os generalistas, proporcionalmente, passaram a ser menos solicitados.

A tendência aparece com força nas áreas de tecnologia e saúde, mas foi percebida em todos os segmentos de atuação da consultoria, tais como finanças, vendas, marketing, engenharia, logística, bancos, óleo e gás e RH.

O que mudou?

Segundo Raphael Falcão, diretor da HAYS Experts, o perfil versátil e “multitarefa” era tido como ideal para o período mais agudo da crise — quando as demissões em massa geravam um acúmulo de diversas funções sobre os ombros de um único profissional.

Agora, com os primeiros sinais de uma retomada econômica, a atenção dos empregadores se volta novamente para quem tem conhecimentos mais profundos e específicos sobre uma determinada área.

“O que temos observado é que as empresas veem a situação econômica do Brasil com mais otimismo, mas ainda assim estão bastante cautelosos”, explica Falcão. “Os investimentos começaram a ser desengavetados, mas ainda de forma muito seletiva e controlada”.

O especialista, sobretudo em áreas mais técnicas, é aquele que pode trazer resultados da forma mais planejada, eficiente e precisa possível — algo que combina com o momento atual de muitas empresas, que querem pôr a mão no bolso, mas ainda mostram forte aversão ao risco.

Isso não quer dizer que os empregadores não estejam mais interessados em profissionais curiosos e interessados no negócio como um todo, traços comportamentais que costumam ser entendidos como o diferencial do generalista.

“O mercado ainda quer pessoas com visão sistêmica e interdisciplinar, isso não mudou; o que as empresas querem é que, além desse olhar para o geral, o profissional também seja especialista em alguma área, em alguma entrega”, afirma Falcão.

A isso se soma o fato de que atividades mais generalistas, à exceção daquelas voltadas à gestão, podem ser mais facilmente terceirizadas ou até automatizadas. Por outro lado, é muito mais difícil substituir quem sabe “tudo” sobre um determinado assunto.

Como se destacar?

“Você se destaca a partir do momento em que se especializa”, afirma Falcão. “Ao contrário do generalista, que tem diversas formações, olha para todos os lados, mas no fim não toma decisões, o especialista está a par de tudo o que acontece em seu segmento e influencia diretamente a estratégia do negócio”.

Nesse contexto, investir na própria formação se torna mais decisivo do que nunca para o sucesso profissional— desde que você escolha uma área de especialização que realmente faz sentido para a sua carreira.

Como o futuro do mercado de trabalho é uma incógnita, o conselho de Falcão é buscar cursos de pós-graduação em uma linha com que você tenha alguma afinidade. “Não precisa amar o assunto, mas é importante gostar,”, explica. "Se você não for genuinamente interessado naquele tema, dificilmente terá motivação para se aprofundar nele".

Acompanhe tudo sobre:ComportamentoDicas de carreiraEmpregosMercado de trabalhoRecrutamento

Mais de Carreira

Home office sem fronteiras: o segredo da Libbs para manter o trabalho remoto sem parar de crescer

Escala 6x1: veja quais setores mais usam esse modelo de trabalho, segundo pesquisa

Como preparar um mapa mental para entrevistas de emprego?

Para quem trabalha nesses 3 setores, o ChatGPT é quase obrigatório, diz pai da OpenAI, Sam Altman